Capítulo 13

14.8K 923 90
                                    


— Tessa ainda não apareceu? — Victor perguntou.

Estavam os dois no quarto de Melina, Tessa havia desaparecido há horas, e ninguém sabia onde ela podia estar, apesar do próprio Cuzco achar que ela estava bem, ele já demonstrava sinais de preocupação.

— O telefone está desligado. Já deixei algumas mensagens, mas ela não retornou. — Eduardo resmungou frustrado.

— Queria que ela te retornasse depois que gritou com ela?

— Eu sei que estava errado, ok? — Eduardo observava a pose relaxada do irmão mais novo. — Eu estava preocupado com Melina, e com medo. — passou a mão pelos cabelos demonstrando todo o seu estresse e fadiga.

— Ela pulou na frente do carro para salvar Melina, fez mais do que qualquer outra pessoa faria. Posso não me dar bem com ela, mas tenho que admitir que é preciso muita coragem para se arriscar por alguém.

— Eu sei.

Eduardo suspirou. Ele não conseguia imaginar como uma garota tão pequena e de aspecto frágil podia ser tão corajosa. Ela ia contra todas as regras, primeiro se mostrou uma sedutora determinada, apesar de suas tentativas serem ridículas, e depois uma mulher competente. Era hábil com uma arma, e excelente professora.

Ele sempre imaginou que ela se casaria com alguém ainda jovem, e o esqueceria por completo. Pensou que seu amor juvenil por ele acabaria com os anos, e se tornaria apenas uma vaga lembrança. Mas parece que ele errou. Até Cuzco teve que se envolver, buscando uma forma de curar o coração ferido da filha.

— Você está muito silencioso. Se sente culpado? — Victor interrompeu seus pensamentos.

— Cuzco acha que Tessa ainda me ama.

— E?

Eduardo deixou o corpo relaxar sobre a cadeira, Melina estava dormindo. Seus dedos, delicadamente, tocavam a mão dela.

— Como é possível? Anos se passaram, ela devia ter me “superado”.

— Não é tão fácil quanto pensa. — Victor murmurou. Eduardo notou que sua expressão se tornou mais sombria e distante. — As vezes você pensa que superou, que esqueceu, que enfim pode seguir em frente, e aí àquela pessoa retorna a sua mente, e você se pega preocupado, pensando se ela está bem, se é feliz...

Os ombros cederam, como se carregasse um peso sobre-humano. Victor caminhou até a janela, de costas para Eduardo, era vergonhoso para ele amar a esposa de seu próprio irmão.

— Não é possível escolher se apaixonar por alguém, e também não é possível desligar os sentimentos, como um botão liga/desliga.

— Você fala como se soubesse como ela se sente. Amou alguém que não te amava?

Victor pareceu desconcertado, e fingiu uma tosse.

— Não é difícil imaginar. Basta prestar atenção. — Decidiu mudar o rumo daquela conversa. — É só imaginar que ela se sentia sobre você, da mesma forma que se sente sobre Carina. Ela morreu, e você não pode tê-la.

— É diferente, Carina e eu tivemos uma história, e ela não está mais aqui.

— É, tem razão. É diferente! — Victor encarou o irmão. — Você ao menos teve seu amor retribuído, e ela escolheu você, criar momentos com você. Mas Tessa, ela nunca viveu isso, amou em segredo e teve que suportar ver sua felicidade com alguém que não era ela, isso machuca.

Eduardo parecia querer protestar, mas Victor continuou:

— Eu entendo que você não é obrigado a retribuir o sentimento, mas deve ao menos respeitá-lo. Já que agora são um casal, devia tratar ela como sua esposa. Talvez você se apaixone por ela, não é impossível.

Ele suspirou pesadamente, enquanto apertava carinhosamente os dedos de Melina.

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora