Capítulo 2

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13 anos atrás ...

— Papai vai ter um infarto se te ver usando esse biquíni — disse Maria ao ver o biquíni que Tessa usava, ela estava no quarto havia uns trinta minutos, se olhando no espelho. — Você sabe que ele é minúsculo, certo? — Tessa sabia.

Aquele era o aniversário de Maria de 17 anos, ela havia escolhido uma festa na piscina, os Sorelli estavam lá. Eduardo estava lá. Ela queria impressioná-lo, sabia que não era muito curvilínea, mas achava tudo proporcional. Sendo Tessa a única com pele pálida e cabelos castanho-avermelhados ela queria se destacar, todas as outras garotas eram morenas cheias de curvas, resultado do DNA italiano dos Dravas e Sorellis ali presentes. O biquíni consistia em um modelo cortininha azul, mas ele mais deixava à mostra do que cobria.

Tessa encarou Maria, que usava um maiô de uma única alça amarelo, com uma saída de praia em tons de amarelo, laranja e rosa misturando-se. Ela era bonita e tinha curvas generosas.

— Acha muito exagerado? — A indecisão tomando conta de Tessa.

— Acho que você não precisa se expor tanto para chamar a atenção de alguém — Maria respondeu.

Tessa olhou de novo para o espelho, estava bonita e sexy, mas talvez Maria estivesse certa. O biquíni era muito pequeno, e mesmo ela sendo suavemente curvilínea ficava bastante chamativo.

— Por que não usa o rosa, vai destacar a cor do seu cabelo — Aconselhou indicando o biquíni jogado sobre a cama. Tessa o avaliou, suspirou e acabou optando por trocar.

O biquíni era rosa com estampa em arabesco vermelho, fazendo o jogo de cores, jogando com a capacidade dos olhos em interpretá-lo. Ele era basicamente um cropped com a parte de baixo que cobria quase todo o bumbum. Ela pegou uma saída de praia branca transparente, talvez não estivesse sexy, mas a cor realmente destacava seus cabelos.

Eduardo estava de bermuda junto com seu irmão Victor bebendo coquetéis em uma tenda montada próxima a piscina, ela pensou em se aproximar, mas logo viu Carina chegando e abraçando todos. Eduardo lhe beijou nos lábios rapidamente e ela caminhou até a piscina. Usava um vestido de verão solto, que logo ela tirou jogando para Eduardo no caminho, por incrível que pareça ela usava o mesmo modelo de biquíni que Tessa pretendia usar, só que verde. Carina era tão bonita que todos os homens pararam para admirá-la pular na piscina, graciosa, mergulhou e apareceu do outro lado; Eduardo faltava babar. Aquilo acabou com seu dia.

Depois de Maria muito insistir ela entrou na piscina, nada tão gracioso quanto Carina, ela apenas sentou na borda e deslizou para dentro, ficando em um canto com vários amigos de Maria. Ela estava deslocada no meio daquelas pessoas. Os rapazes Sorelli e Dravas estavam jogando vôlei dentro da água. Ela podia passar horas admirando aqueles corpos masculinos à mostra, mas Eduardo não estava entre eles. Ele estava sentado à sombra, com Carina ao lado; conversando e rindo. Ela só era dois anos mais velha que Tessa, mas Eduardo as tratava diferente, Carina era mulher, ela criança; e ponto final.

Todos pareciam se divertir, menos ela.

— Cuidado Tessa! — Ouviu alguém gritar. Se virou para ver quem era, mas deu de cara com uma bola. Foi tão rápido que não conseguiu se desviar, a bola acertou em cheio seu rosto, ela até se desequilibrou, tão tremenda era a força. Maria tocou seu braço.

— Você está bem? — várias pessoas começaram a se juntar ao seu redor, ela sentiu algo escorrer do seu nariz, tocou com cuidado acima dos lábios e viu sangue, logo as gotas começaram a manchar a parte de cima do seu biquíni, para evitar inclinou-se pra frente, fazendo o sangue cair na piscina. Ao verem seu nariz sangrando as pessoas ao seu lado tentaram parar ela, mas Tessa andou até encontrar a escada, com uma mão impedia o sangramento, e com outra saía da piscina.

Ela escutou várias pessoas a chamando, mas não respondeu. Ouviu um pedido de desculpas, mas não respondeu. Continuou andando até ficar longe de todos. Doía demais. Subiu correndo as escadas, e se trancou no quarto. Ela tentou lavar o nariz na pia, mas a face doía, aos poucos o sangramento parou, mas o nariz começou a ficar inchado e o rosto vermelho.

Alguém começou a bater de leve na porta, ela pensou que só podia ser seu pai ou irmãos. Abriu a porta segurando uma toalha no rosto, mas quem estava lá era Eduardo, Carina, Maria e Cuzco, parecia uma comitiva.

— Você está bem? — Cuzco se adiantou. — Deixa eu ver seu rosto. — Ela sacudiu a cabeça em negativa. — Eu preciso ver, para saber se está quebrado.

Ela não queria mostrar seu nariz vermelho e inchado para Eduardo. Então negou novamente.

— Foi uma tremenda bolada, está doendo muito? — Maria perguntou. Ela queria chorar de dor, mas não ia admitir, não queria parecer uma menina chorona.

— Deixe-me ver seu rosto — Cuzco foi firme. Ela retirou a toalha do nariz e ele fez uma careta. Sabia que devia estar horrível. — Não parece quebrado, mas vou te levar ao hospital para ter certeza, vista uma roupa e desça, te esperarei lá embaixo. — Não houve tempo para dizer que não precisava, Cuzco saiu do quarto deixando os três com ela.

— Precisa de ajuda com algo? — Maria perguntou. Ela negou.

— Tem certeza que não doí? Seu rosto está inchado e vermelho. — Carina descreveu tudo com cara de dor.

— Estou ótima. Podem sair? — A resposta foi grossa, Carina se assustou com seu tom, e Eduardo fechou a cara.

— Estávamos preocupados, mas você deve estar bem já que está sendo grosseira — Eduardo ironizou.

— Foda-se! — Ela murmurou, mas tinha certeza que ele tinha entendido, pois seu rosto se transformou em uma carranca.

— Foi Victor que te acertou, mas foi sem querer — Maria explicou.

— Isso só mostra o quanto ele é bom na mira — Tessa disse sarcástica. Ela sabia que Victor era outro defensor da Carina perfeita, e era muito conveniente ele acertar logo ela no meio de tantas pessoas.

— O quê quer dizer? — Eduardo questionou. — Está acusando meu irmão de ter feito de propósito?

— Não disse isso — Ela se fingiu de inocente.

Tessa não se importou com eles, entrou no banheiro e retirou o biquíni úmido e sujo, tomou um banho rápido e prendeu os cabelos, seu rosto estava dolorido, ela pegou um roupão e saiu do banheiro. Só Eduardo permaneceu no quarto.

— Sei que está chateada e deve estar doendo bastante, mas não tem o direito de acusar Victor de fazer de propósito. Mas de qualquer forma, sinto muito que esteja machucada — Ele afirmou.

— Não era ele que devia se desculpar?

— Ele se desculpou várias vezes lá em baixo, você não deu ouvidos — Ela se lembrava de escutar um pedido de desculpas.

— Vou deixar passar dessa vez — concedeu. E abriu um largo sorriso, ela estava sozinha com Eduardo. — Vai ficar para cuidar de mim?

Ele nem sequer se importou com o flerte dela.

— Seu pai vai cuidar de você!

— Então por que ainda está aqui? Queria me ver trocando de roupa? — brincou. O maxilar dele se retesou.

— Não, obrigado. — Ele desdenhou saindo do quarto.

Ela ficou alguns minutos lá parada, até se lembrar que seu pai a esperava no andar de baixo. Antes de sair ela viu Carina abraçada a cintura de Eduardo, por mais que se roesse de ciúmes tinha que admitir que eles formavam um casal bonito, duas pessoas bonitas, de famílias tradicionais. Pareciam perfeitos juntos. Ela suspirou. Talvez não fosse tão ruim ter uma desculpa para sair daquela festa, ela sabia que se machucaria insistindo naquele amor platônico, mas isso não significava que jogaria sal na ferida. Após alguns minutos ficou satisfeita de não ter quebrado o nariz, já que seu dia foi horrível, pelo menos isso.

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora