Eu NÃO Te Amo

Capítulo 31

"Que tipo de mulher adulta se sentia como uma adolescente com o próprio marido?" - Tessa não tinha a resposta para aquela pergunta.

Ela nunca sabia se estava tomando a decisão certa quando se tratava de seus próprios sentimentos, era mais fácil apenas ignorá-los. Ela não era tão forte como fingia ser. Evitar romance então, era muito mais fácil do que as pessoas achavam ser. Podia ter dado uns beijos na vida, mas nunca deixou ninguém ver o mais profundo de si. Ela se trancou lá.

A única pessoa que lhe despertou algo foi Eduardo, e ele nunca prestou atenção nela. De repente, se tornar o foco dele, a deixava desestabilizada. E ainda teria uma viagem de volta até a casa da avó dele. "Por que ele tinha que gostar dele?" - Seu cérebro e coração não estavam certos de como entender aquela situação. "Isso era medo?"

- Tes, meu arco parece estranho. - uma aluna visivelmente confusa com o equipamento, se aproximou dela. Grata pela interrupção, precisava trabalhar, ou ficaria pensando em que rumo sua vida tomou.

Tratou se de ocupar com os jovens alunos. Corrigindo, ensinando, observando. Tão focada, não percebeu, o dia passando. Seu celular vibrou no bolso. Havia poucos minutos que a última turma do dia tinha ido embora. Observou o nome na tela. Seu parceiro do crime.

"- Como foi na casa da vovó? - Victor parecia relaxado pelo celular."

- Foi ... tranquilo. - talvez houvesse uma palavra melhor de descrever a situação, entretanto, ela não quis prolongar o assunto. - E você? Como vão as coisas?

"- Acho que estão armando uma armadilha - ele cochichou. - Mamãe e Donatella foram fazer compras juntas, e visitaram um ateliê para noivas."

Por mais que Victor demonstrasse uma certa aversão a casamento, essa aversão não parecia se estender à Donatella. Tessa balançou a cabeça em descrença. Talvez nem ele mesmo soubesse desse "detalhe".

- E você? Quer se casar com ela?

Ela escutou algo que parecia ser o som dele engasgando.

"- Não sei ao certo. - admitiu. - Ela é... diferente, do que eu imaginava."

- E isso é algo bom ou ruim? - Ela insistiu. - Tem algo que não sei?

"- Acho que é bom, ela me surpreende. - a voz dele se tornou mais baixa, como quem conta um segredo. - Ela me visitou no hospital; e conversamos, as vezes por celular, e ontem jantamos juntos. Não conte pra ninguém, mas gosto da companhia dela, e principalmente, ela me provoca, e me questiona, não é como aquelas garotas que aceitam tudo o que digo ou penso."

- Basicamente, ela é como um desafio do qual você não sabe se pode vencer. - ela teve certeza que acertou quando escutou a risada dele. - E por que vocês apenas não namoram? Sua família iria adorar.

"- Não é tão fácil assim, o pai dela é arcaico, para não dizer outro adjetivo. - Ele suspirou. - E não sou fácil assim. Quero ver qual é o jogo dela."

- Victor! - o tom de reprimenda não passou desapercebido por ele. - Você vai acabar se queimando, se continuar mexendo com fogo.

"- Nos beijamos ontem, e ela foi embora."

Tessa ficou perdida com a direção daquela conversa.

- E porque só sei dessas coisas agora? - Ela questionou um pouco ciumenta. - Você sabe mais do que devia sobre minha vida, e agora acho que não sei quase nada de você.

"- É complicado, e confuso. - Ele voltou a suspirar. - Conosco não existe essa coisa de namorar, mamãe vai adiantar o casamento, o pai dela também vai fazer de tudo para nós casar, e não vamos poder nos conhecer como eu gostaria. - um silêncio se seguiu. Tessa até imaginou que a ligação havia se perdido, mas ele voltou a falar. - Acho que posso gostar dela, Tessa. Mas as circunstâncias não são as melhores."