Eu NÃO Te Amo

Capítulo 24

O que ela faria se ele derrubasse todas as suas defesas de novo? Era tão difícil não se deixar levar. Ela observou o caminhar lento dele, totalmente despreocupado. Aquilo era um jogo? Tessa tentou voltar a respirar normalmente, mas estava apreensiva. Ela caminhou de forma mais lenta sempre atenta ao seu marido, ele subiu as escadas, e ela se viu pensando se talvez houvesse um jeito para aquele casamento dar certo.

- Você está bem? - Victor cochichou por trás dela, surpreendendo-a. - Eu te chamei, mas você parecia mais interessada em olhar as costas do meu irmão. - O tom de deboche fez ela perceber que ainda estava parada no início da escada, e Eduardo já havia desaparecido, provavelmente foi para o seu escritório.

- Seu irmão está estranho. - Ela inclinou um pouco a cabeça, como se aquilo lhe ajudasse a entender a situação.

Victor sorriu, daquele jeito totalmente convencido dele.

- Talvez ele só esteja deixando de ser idiota. - murmurou. - Mas e então, o que aconteceu?

Tessa olhou para Victor de soslaio, e achou melhor guardar para si os acontecimentos do dia, estava sem paciência para explicar para ele tudo que ocorreu, começou a subir as escadas ignorando ele, mas isso não o impediu de continuar perguntando.

- O que aconteceu? - A curiosidade vencendo ele.

Ela deu de ombros, como se não fosse nada.

- Aconteceu alguma coisa, me diga. - Ele pediu enquanto tentava acompanhar ela pelas escadas, mas seu gesso lhe impediu de andar o suficientemente rápido para alcançá-la. - Tessa! Tessa!

Ela apenas sorriu e subiu os degraus de forma mais apressada.

- Ei, você não deveria se compadecer de seu amigo? Homem ferido aqui! - Ele tentou apelar para seu lado sentimental, mas seu truque falhou, já que ela nem sequer lhe respondeu.

Victor ficou feliz. Ele sentia que algo estava mudando. Aos poucos ela conseguiria invadir o coração de Eduardo, de forma suave. Da primeira vez ela fracassou ao tentar forçá-lo a amá-la, sendo agressiva e direta. Seu irmão não funcionava assim, mas ela não sabia daquilo na época, e agora, sem nem tentar, apenas sendo ela mesma, ele começou a olhar para ela. Então, assombrado, Victor percebeu que estava se saindo uma cópia masculina da sua mãe, ele havia se tornado aquilo do que fugia, estava tentando juntar um casal.

Tessa se escondeu na segurança do seu quarto. Mas não pode gozar de tranquilidade por muito tempo, já que Victor adentrou seu quarto pouco tempo depois. Era óbvio que ele não iria desistir facilmente.

- Eu te perdoo - Ele brincou ofegante. Caminhou lentamente até conseguir se sentar na cama dela.

- Você não tem seu próprio quarto? - Tessa fez uma careta.

- Aqui é mais interessante. - Victor sorriu. - Então... o que fizeram? E não me diga nada, vi vocês chegarem juntos, e fui totalmente ignorado na sala, ninguém me notou lá, então alguma coisa está acontecendo. Me diga! - Ele fingiu implorar, arrancando risadas dela.

- A gente se divertiu um pouco, só isso.

- Ah... qual é?

Ela sabia que ele estava curioso.

- Jogamos paintball juntos, e depois fomos almoçar. Só isso. - Ela tentou soar neutra, mas a forma como seus olhos se desviaram para todos os lados a entregou.

- E o "clima" entre vocês?

Ela bancou a desentendida.

- Tessa?

- Victor!

Ele cruzou os braços, cansado das brincadeiras dela.

- Ele me chamou de bonita. - as palavras dela eram apenas murmúrios, quase inaudíveis. - Foi só isso. - Ela deu de ombros como se aquilo não fosse importante, mas ele sabia o poder que aquelas palavras teriam nela.