- Por mais que eu tenha amado sua calorosa recepção, existe algum motivo suspeito por trás dessa atitude? - Eduardo a encarou. Os lábios dela ainda estavam inchados, e olhar para eles só atiçava sua vontade de voltar a beijá-la.
Ela respondeu com um sorriso duvidoso, cheio de significados ocultos.
- Você quer mesmo saber? - Ela provocou.
Ele a encarou, a sobrancelha levemente arquiada como quem cobra uma explicação.
- Eu só queria beijar você.
Simples assim. Ela devia bater palmas para si mesma, depois de muito tempo, ela tomou as rédeas da situação, e fez algo sem se preocupar com o depois. Orgulho, ela estava orgulhosa de si. Principalmente, por ser capaz de deixá-lo tão desestabilizado quanto ela.
Ele voltou a beijá-la, dessa vez com mais calma, como se fosse uma provocação, incitando-a a tomar o controle, instigando.
- Acho que devemos ir pra casa, Tessa. - Ele murmurou contra seus lábios. Seus rostos tão próximos que sentiam a respiração um do outro. Ela nem notou ele destrancado a porta até se vir sendo direcionada a sentar no banco do passageiro. Eduardo se debruçou sobre ela, e a única preocupação dela, era se ele poderia ouvir seu coração acelerado. Puxou o cinto de segurança e o prendeu, deixando ela firmemente presa ao banco. Aquilo também era um jogo, um jogo bem perigoso. Ela esperou alguma coisa dele, qualquer coisa, uma palavra, outro beijo, mas nada veio. Então ele sorriu, e se dirigiu para seu assento.
A garganta ficou seca, e não conseguia o encarar do outro lado.
A mente humana era incrível. Tessa não conseguia evitar os mais variados pensamentos, e por mais que tentasse iniciar alguma conversa, tudo se resumia àquela tensão entre eles, era quase palpável. A volta pareceu demorar o dobro do tempo, e por fim, a mansão entrou em seu campo de visão, entretanto Eduardo não parecia seguir em direção a mesma.
- Vamos para o lago. - a voz grave ecoou em seus ouvidos.
Tessa seguiu focada no caminho à sua frente, os ânimos a flor da pele. Uma paisagem surreal surgiu diante dela, o lago era um espelho refletindo o céu, as árvores e flores lhe davam um ar fantasioso, a cabana de madeira dava um toque especial àquele lugar.
Ele estacionou o carro próximo a porta de entrada. "Ela devia dizer alguma coisa?", não tinha certeza do que pensar, o nervosismo estava tomando conta dela. Rapidamente ele contornou o carro, abriu a porta e removeu o cinto, mas ela não tinha certeza se podia respirar, sentia todo ar preso em seus pulmões.
Eduardo ajudou-a a sair do carro, a mão dele agarrou a mão dela. E então foi guiada para dentro da casa. Qualquer dúvida sumiu no momento que ele a prendeu contra a porta de entrada, que mal foi fechada, e ela se viu sendo aprisionada entre os braços dele, sem rota de fuga. Os lábios masculinos tomaram posse dos seus, sedentos. Ela queria mais, estar mais próxima dele, porém a diferença de altura o fazia se curvar para beijá-la. Tessa se ergueu nas pontas dos pés, mas seus corpos ainda não conseguiam se tocar por completo. Ele a ergueu do chão, e ela enrolou as pernas em torno de sua cintura.
Ela se afastou um pouco sem ar. Um dos braços dele a sustentava, enquanto o outro serpenteava suas costas.
- As janelas ... - Ela sussurrou. As janelas podiam ser chamadas de enormes paredes de vidro, qualquer pessoa fora da casa podia vê-los lá dentro.
- É um vidro especial - Ele explicou. - Ninguém lá fora conseguiria nos ver aqui dentro, além disso, ninguém se aproxima daqui sem ser convidado.
Ela umedeceu os lábios, o peito subia e descia numa tentativa de se acalmar.
Eduardo a apertou entre os braços. Ela suspirou. Ele precisava de uma confirmação dela, um sinal de que podiam continuar. Ela o abraçou, escondendo seu rosto em seu pescoço. Ele caminhou com ela no colo até uma poltrona, e se sentou com cuidado. Uma mão subiu por seu corpo até alcançar a nuca, a outra desceu demoradamente enquanto ele encarava seus olhos, parando na altura do quadril. Ela mordeu os lábios apreensiva. As duas mãos dela pousaram sobre os ombros dele.
Ele a trouxe para perto, brincando com sua boca, provocando-a. A mão outrora na nuca, subiu para o elástico que prendia seus cabelos em um rabo de cavalo, soltando-os. Um emaranhado de fios acobreados desceram rebeldes pelos ombros, enquanto os dedos dele brincavam entre os fios, aprofundando o beijo. Ela sentiu a mão dele apertar seu quadril, e aquilo a despertou da névoa do desejo. Ela espalmou as mãos em seu peito, interrompendo o beijo.
- Calma... calma ... - ela pediu.
Ambos estavam ofegantes. Seu corpo queria aquilo, queria estar com ele, mas seu coração queria mais, ela queria que ele lhe confessa-se amor primeiro. Devia ser mais do que desejo.
- Vamos devagar. - ela procurou os olhos dele.
"O que ele iria dizer?", "Como iria reagir?"
- Tudo no seu tempo, Tessa. - respondeu com voz grave.
Eles ficaram um tempo ali, parados se olhando. Ela ainda estava sobre ele, sentada em seu colo, depois de um tempo ela percebeu que deveria se levantar. Eduardo se remexeu na poltrona, enquanto ela tentava ajeitar a blusa e os cabelos. "Aonde o elástico foi parar?"
Eduardo jogou a cabeça para trás, ele era uma boa visão. Ela avaliou o corpo dele, recostado no estofado, com olhos fechados. Ele mexia com ela.
- Sua boca pede calma, mas seus olhos me olham como se estivessem me despindo. - Ele afirmou com os olhos ainda fechados. Um sorriso vitorioso brotou nos lábios dele, então ele se levantou. - Preciso de um banho. - murmurou tocando o queixo dela, observando a boca vermelha, depois seguiu por uma direção que ela supôs ser a do banheiro.
Ela ficou ali parada, como uma estátua. Uma confusão mental. Uma parte de si queria continuar, e outra permanecia firme em esperar.
Ela tratou de voltar ao mundo real, e se pôs a procurar o elástico, que havia sumido.
Um tempo depois, ambos voltaram para a casa da avó. Eduardo tranquilamente lhe segurou a mão em todo o caminho, como um casal de namorados andando de mãos dadas.
O jantar transcorreu normalmente, com Carlotta interessada em conhecer mais sobre Tessa, e ouvir sobre outros membros da família. Após o jantar, Eduardo e Carlotta se retiraram para uma conversa particular, enquanto Tessa se viu em companhia de Kayla.
- E então, - Kayla tinha um sorriso zombeteiro. - Vi o carro de vocês pegando o atalho para o lago.
Tessa engasgou. Por fim, bebericou um pouco de água.
- Gostou da cabana? Ou nem notou o lugar? - Kayla estava se divertindo com o constrangimento dela.
- É um lugar bonito. - respondeu tentando soar calma.
Kayla gargalhou.
- Vocês ficaram lá por um bom tempo, tempo suficiente para 'momentos memoráveis', se é que me entende.
Tessa focou no copo a sua frente.
- Por favor, me diga que aproveitaram. - Kayla insistiu.
- Você é curiosa!
Kayla se segurou.
Eduardo apareceu poucos minutos depois.
- Vovó se retirou para seu quarto, pediu que as avisasse. - Ele disse assim que se aproximou das duas. - Devíamos fazer o mesmo.
Kayla olhou para eles com uma expressão divertida.
- Podia só ter dito que quer ficar sozinho com sua esposa, - Kayla debochou e se ergueu prontamente, preparando-se para deixá-los sozinhos. - Eu teria entendido. Boa noite priminhos!
Eduardo resmungou algo que ela pareceu entender, mas não levar a sério. Ele entrelaçou seus dedos nos dela, e seguiram rumo ao quarto de hóspedes. Daquela vez, ela não tentaria se desvencilhar dele à noite, aproveitaria cada minuto em seus braços.
Deitados na cama, não houve nenhum contato mais sensual, ele a abraçou com carinho, como um protetor. Antes de dormir, apenas beijou-lhe a testa e se aninhou ao corpo dela.
Aquele foi o dia mais estranho emocionalmente que ela teve, mas também foi um do melhores. Aos poucos suas inseguranças, finalmente, iriam embora.
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Eu NÃO Te Amo
RomanceTessa Ridley se apaixonou por Eduardo Sorelli treze anos atrás, mas não foi correspondida. Viu seu primeiro amor amar, casar e ser feliz com outra mulher, destruindo totalmente suas esperanças de um dia ser amada por ele. Agora o homem que ela amou...