Capítulo 8

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Tessa se sentiu ridícula, estava babando descaradamente sobre o corpo dele, e para piorar a situação ele havia percebido.

— Eu ... sim ... hum ... me desculpe. — Se levantou rapidamente, estava constrangida.

— Espera! — Eduardo saiu da piscina, ele não queria afugentar Tessa. Tinha que tentar manter um relacionamento no mínimo amigável com ela, onde ambos pudessem se sentir à vontade. — Tessa! — Mesmo a chamando, ela só parou quando ele tocou o braço dela.

Ela estava visivelmente envergonhada, não conseguia encarar ele, e sempre dava olhares furtivos para os lados, mas Eduardo a manteve parada frente à ele.

— Eu sei que deve ser estranho, eu também acho que é. — Ele começou, precisava desarmar ela. — Somos um casal agora, acho que devíamos nos acostumar com a presença um do outro, se não podermos fazer isso, esse casamento não vai durar.

Tessa suspirou.

— Eu sei, me desculpe. — Ela olhou para ele. — É estranho, e estou acostumada a ficar sozinha, além de não sermos um casal, propriamente dito, normal.

— Podemos tentar ser amigos, já que temos que morar juntos, assim será mais fácil.

Tessa estava apreensiva, ela tinha dificuldade em confiar em alguém a ponto de chamá-lo de amigo, a pessoa mais próxima dela, com exceção de Cuzco, era Maria. E mesmo assim não eram muitos próximas. Tessa se isolou depois da sua paixonite adolescente.

— Certo, vou tentar. — Eduardo lhe deu um sorriso amistoso, e Tessa apenas retribuiu.

Almoçaram juntos, conversaram sobre amenidades; e depois de uma longa tarde, ambos estavam cansados de ficarem em casa, eles ainda não estavam totalmente à vontade. E para tentar reduzir o espaço entre eles, Eduardo a convidou para jantar. Tessa não sabia o que vestir, provavelmente ele a levaria a um bom restaurante, ela precisava estar à altura dele.

Ela optou por um vestido de gola alta, justo e sem mangas, que ia até a altura do joelho, muito composto, a não ser pela longa fenda central trazeira que ia da barra do vestido até o meio das coxas, dando uma bela visão das suas pernas. Maria havia lhe dado de presente de aniversário há alguns anos. O usou apenas uma vez, mas se sentiu chamativa, o vestido era vermelho paixão. E apesar de não ser tão ousado assim, ela se sentia muito exposta com ele. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, e usou pouca maquiagem, não era uma expert, mas podia dizer que estava bonita.

Tentou ao máximo não demorar muito. Desceu as escadas alguns minutos antes do combinado, Eduardo estava pronto, trajando calça social escura e camisa branca, sem gravata. Mas estava tão chique quanto quando usava terno.

— Você foi rápida, pensei que iria ter que esperar. — Comentou. — Está muito bonita.

— Obrigada. — Murmurou acanhada.

— Podemos ir? — Tessa confirmou.

Ela se sentia desajeitada próxima à ele. Um solitário delicado brilhava na sua mão, Eduardo usava uma aliança grossa na mão, aquilo por algum motivo deixava o coração dela mais calmo, essa era a primeira vez que apareceriam em público como um casal, e provavelmente eles podiam se encontrar com algum conhecido de Eduardo ou de seu pai. Então ela tinha que estar preparada.

O restaurante era um local que ela já havia ido com seu pai uma vez, era muito caro, poucas pessoas iam com frequência. A ansiedade começou a se instalar dentro dela.

Tudo estava muito bem, até que minutos antes da sobremesa chegar um outro casal se aproximou da mesa, conhecidos de Eduardo. Henrique Herrera e Portia, sua esposa. Ambos se convidaram para sentar na mesa e compartilharem uma sobremesa, já que não se viram antes, o que Tessa agradeceu aos Céus por não ter acontecido.

— Estão casados há pouco tempo e já estão saindo para jantar fora. — Portia começou a alfinetar Tessa, ela havia sido uma grande amiga de Carina, durante o casamento dela com Eduardo. — Pensei que estariam ocupados um com o outro, se é que me entende.

Tessa procurou apoio em Eduardo, mas ele estava ocupado prestando atenção no que Henrique dizia, e Portia estava falando propositalmente baixo para evitar que eles ouvissem.

— E então? Gostou da noite de núpcias? — Portia continuou. — Carina sempre me dizia que Eduardo era um homem muito apaixonado, mas pensando bem, — Ela riu. — ele não é apaixonado por você. — a mulher era puro veneno.

— O que você ganha com isso? — Tessa perguntou. — Achei que já havia passado da idade de criar intriguinhas.

— Só quero que saiba seu lugar. — Falou em um tom de escárnio. — Você nunca será como Carina.

— E eu não quero ser!

Quando a mulher ia contra-atacar, Henrique a chamou.

— Não é verdade, meu bem? — Totalmente sem graça, Portia disse não ter ouvido e pediu para que ele repetisse. Devia admitir que ela era boa em fingir. Solícito ele repetiu o que havia perguntado anteriormente, e ela respondeu. — Ela tem andado um pouco aérea desde que engravidou. — Henrique se desculpou pela esposa. Tessa não podia imaginar que destino triste uma criança tinha de ter uma mãe falsa e peçonhenta, como aquela mulher.

Portia deu um sorrisinho falso.

— E vocês? Quando planejam ter um herdeiro? — A mulher alfinetou.

— Eduardo já tem uma herdeira. — Tessa respondeu antes dele. — Melina.

— Ah. — Portia fingiu estar sem graça, mas no fundo devia estar alegre. — Vocês não querem mais bebês? Eduardo só tem Melina, e acho que não é bom uma criança ficar sozinha. E você, não tem filhos não é Tessa?

Tessa estava pronta para responder aquela mulher. Mas Eduardo tirou sua chance.

— Como deve se lembrar Portia, nos casamos ontem, então não planejamos aumentar a família, queremos aproveitar o momento, — e segurou a mão de Tessa sobre a mesa, ela não esperava aquela atitude dele, mas não demonstrou.

Portia encarou a reação dele como um afronta, mas se controlou.

— É verdade querida. — Henrique interviu. — São recém-casados, devem aproveitar essa fase.

Depois de escutar Portia, Tessa havia perdido o apetite. Se segurou até o final do jantar, e quase agradeceu Henrique de joelhos quando ele anunciou que estavam indo embora.

Era para ser um jantar legal, entre ela e Eduardo; sem nenhuma sombra do passado os perturbando, apenas um homem e uma mulher comendo juntos, aproveitando a companhia um do outro, e tentando ser sociável.

— Obrigada. — Foi a primeira coisa que ela disse ao chegar em casa. — Não precisava me defender, mas foi muito gentil.

— Você é minha esposa Tessa, — Eduardo justificou sua ação. — Percebi que Portia a incomodava, e não vou deixar alguém te tratar mal na minha frente. Ela se acha no direito, por ter sido amiga de Carina, mas isso não justifica.

— Mesmo assim, obrigada. — Tessa estava aliviada.

— Se alguém, qualquer pessoa te tratar mal, ou falar algo que te machuque, deve me contar imediatamente, somos um casal. Não vou deixar te fazerem mal. — Eduardo parecia sincero.

— Posso lutar minhas batalhas.

— Mas não deve lutar sozinha as nossas batalhas! Lembre-se, somos amigos.

Tessa queria traçar uma linha entre eles, tinha medo de que por algum motivo os sentimentos voltassem, mas ela gostou de saber que era amigos agora.

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora