Capítulo 33

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As vezes esquecemos que nada é eterno. Não existe felicidade sem fim, muito menos, haverão só dias bons na vida, infelizmente colecionaremos algumas dores e feridas no caminho. Nos apegamos aos momentos incríveis, como se eles nunca fossem passar. Ela devia ter desconfiado, devia ter achado estranho, estava tudo tão perfeito, obviamente algo ruim iria acontecer.

Ligações na madrugada nunca eram um bom sinal.

Ela olhou para fora do veículo, em busca de algo que a distraísse, mas a velocidade fazia tudo parecer um borrão. Ela nem sequer se lembrava de como se vestiu, tudo passou sem que percebesse. Eduardo corria pegando as malas, Kayla ajudou ela a descer as escadas, a entrar no veículo. Carlotta ficou o tempo todo dizendo palavras das quais ela não se lembrava. Ela devia chorar? Suspirou, estava exausta.

"Quando tudo iria acabar?", "Quando, finalmente, iria respirar?"

Havia um nó em seu estômago, sua garganta parecia bloqueada. Ela não se achava capaz de dizer qualquer palavra. "Por favor, de novo não."

Ela fechou os olhos com força, ambas as mãos se fecharam em punhos sobre os joelhos, como se quisesse socar alguém, de repente uma mão cobriu a sua, morna. Aquele pequeno gesto a desarmou, ela abriu os olhos, Eduardo estava segurando sua mão, delicadamente, sem desviar a atenção da estrada. Seu coração estava derretendo.

Quando se está longe de alguém que ama, a distância parece infinitamente maior. A maior parte do percusso ele segurou a mão dela, mesmo assim as emoções ameaçavam tirar seu controle. Ela viu o hospital ganhando forma diante de si. Ela odiava hospitais, sua experiência lhe ensinou que aquele era um lugar de despedidas. Histórias acabavam ali.

O 'bolo' em sua garganta pareceu maior, ela desceu sem esperar por Eduardo. Suas pernas se moviam roboticamente. Corredores brancos. Cheiro de produtos de limpeza e álcool. No balcão de informações perguntou por ele. Seguiu as instruções.

O corredor estava lotado. Família. Todos os seus irmãos estavam ali, Edna estava perdida em seus pensamentos, encarando a porta do quarto de seu pai. Ela também viu Victor. Todos esperavam por ela. Alguns choraram, ela podia dizer, pelo rastro de lágrimas nas faces, que os entregavam. Ela tomou coragem, atravessou o corredor e entrou no quarto.

Cuzco estava imóvel, ligado a alguns aparelhos. Pelo menos o 'bip' insistente lhe dizia que o coração dele ainda estava batendo. Tudo era tão estéril.

- Pai. - a voz saiu fraca, esganiçada. Tentou de novo, com mais força. - Pai.

Ele se virou, o rosto pálido, mesmo assim sorriu.

- Olá menina. - Ele fez uma pausa. - Eu pedi para não te chamarem, não é tão ruim.

Ela engoliu com força. Era mentira, ele estava mentindo. Era muito ruim. Se aproximou da cama, e segurou sua mão, se sentar na borda da cama permitia que pudesse ficar mais perto dele.

- Você devia ter me chamado antes, eu estou atrasada. - Ela deu leves tapinhas no dorso da mão dele. Não iria chorar.

- Na verdade, você nunca esteve atrasada. Você sempre chegou na melhor hora. - Ele sorriu de novo. "Não faça isso se é tão difícil", ela queria dizer. Mas ele continuou. - Eu ganhei um grande presente com sua chegada. Você foi minha escudeira, e minha companhia em diversos momentos. Eu não queria te deixar sozinha.

"Então não deixe!"

- Minha garota. - Ele chamou por ela. - Escute bem, meu advogado já tem tudo preparado. Lennister, você se lembra dele, ele vai te entregar minha parte da herança. Já deixei tudo pronto. Ele foi instruído a te defender, caso alguém discuta sua parte. - outra pausa. - Edna já sabe de tudo e concordou. Você será a herdeira majoritária, terá acesso a todo fundo Dravas.

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora