📚 Capítulo 2 📚

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Achei que depois daquele dia nunca mais veria Felipe, mas me enganei.

Faz duas semanas que nos encontramos ocasionalmente na biblioteca da faculdade, quer dizer, comecei a reparar no horário que ele chega e me encarrego de estar lá.

Acabamos criando uma rotina. Chego primeiro, depois ele, vamos embora juntos e ele me deixa na porta do meu prédio.

Sei que parece coisa de gente maluca, mas não consegui evitar. Parece que estamos nos tornando amigos, o que acho ótimo já que não tenho nenhum por aqui.

Geralmente Felipe chega 18h30 e já são quase 19h e nada dele.

Será que se cansou de mim?

Fico até 20h na biblioteca e me convenço de que hoje não irei vê-lo e nem sei esconder a frustração.

- Relaxa, as vezes ele teve algum imprevisto – pisca o bibliotecário percebendo que fiquei chateada.

- É, deve ser isso mesmo – sorrio desanimada.

Ok, eu não tinha pensado nessa possibilidade. Claro que um cara tão bonito e gente boa como ele tem mais o que fazer do que ficar enfiado na biblioteca da faculdade comigo.

Volto pro meu apartamento ouvindo música durante o caminho. Antes de conhecer Felipe, essa era uma terapia minha: fazer caminhada acompanhada do meu fone de ouvido no último volume, mas ultimamente ele tem sido a terapia perfeita.

- Eu sou patética! – digo em voz alta ao chegar batendo a porta.

- Já chegou? - Luana estranha – achei que viesse mais tarde, como sempre.

- Pois é, cheguei cedo hoje. Vou tomar um banho, comer alguma coisa e descansar.

- Ellen, hoje é sexta. Vamos sair! Uma garota da minha turma vai dar uma festa, pode ir comigo se quiser.

- Obrigada, estou cansada – sorrio fraco e vou para o meu quarto.

Pego meu pijama, vou para o banheiro e tomo um bom banho que me anima um pouco. Em seguida, vou até a cozinha e preparo um delicioso miojo de tomate, o meu favorito, e sento-me no sofá para assistir um filme enquanto vejo Luana pra lá e pra cá se arrumando.

ღღღ

A semana passou com muita rapidez, mas também, cheia de trabalhos e provas. Mal me sobrou tempo de pensar em Felipe e acabei me conformando com a ideia de que não o verei mais.

Continuo frequentando a biblioteca devido a quantidade desumana de livros que preciso resumir, e eis que sou pega de surpresa.

- Oi, sentiu minha falta? - Felipe fala sentando-se de frente pra mim dando seu sorriso perfeito.

Ele parece ainda mais bonito! E acho que cortou o cabelo.

Demoro um pouco pra reagir a sua presença, pois não esperava.

- Nem reparei que estava aqui – brinco – está tudo bem?

- Sim, está. Fui passar a semana com a minha família.

- Ainda bem que foi isso, fiquei um pouco preocupada com o seu sumiço – confesso sem mencionar que eu achava que ele tinha enjoado de mim.

- Desculpe – ele diz sem graça – senti falta da minha parceira de biblioteca – diz num tom divertido.

- Até parece – debocho.

- Não acredita?

- Não é isso, mas acho que você tem coisa melhor pra fazer do que ficar aqui.

- Meu lugar favorito é a biblioteca. Essa calma toda em meio a livros dos mais diversos gêneros que nos dizem tanto, me fascina!

- Te entendo, sinto o mesmo – digo sorrindo ao olhar em volta.

- E você é quieta, respeita esse espaço. Por isso gosto da sua companhia, por isso, acredite em mim, senti sua falta.

- Ok, eu acredito. 

Acho que não consigo esconder como fico feliz em vê-lo novamente.

Nossa rotina está de volta, só porque já havia me acostumado com sua ausência. Quer dizer, a quem eu quero enganar? De alguma forma sempre lhe esperei.

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