Encontros na biblioteca

📚 Capítulo 16 📚

- Não entendo o Felipe, Ellen. Ele te ajuda em tudo, te traz pra casa, beija sua testa, tira sorvete do seu nariz, mas não toma uma atitude pra te beijar na boca! É irritante.

- Não sei o que ele quer de mim. As vezes parece que está afim, mas as vezes parece que só quer a minha amizade.

- Devia encostar ele na parede e perguntar logo de uma vez.

- Aham, é a minha cara fazer isso – digo com ironia.

Aproveito meu horário livre e deito um pouco na cama pra descansar antes de ir para a biblioteca.

Até consigo tirar um cochilo, pena que não posso ficar mais tempo. Quer dizer, até posso, mas prefiro ir ver o Felipe.

Levanto, tomo um banho e me arrumo rapidamente antes de encontrá-lo na frente do prédio.

Recebo uma mensagem sua dizendo que já chegou e me apresso.

Antes de sair, dou uma olhada pela varanda da sala e o vejo lá embaixo. Tão lindo!

- Já vou – aviso pra Luana.

- Vai encontrar o senhor panqueca?

- Senhor panqueca?

- Porque ele enrola demais!

- Coitado, Luana – dou risada e saio fechando a porta.

Desço as escadas e cumprimento Felipe na portaria.

Enquanto andamos até biblioteca, ele me conta sobre seu colega de apartamento irresponsável que quase inundou todos os cômodos depois de deixar a torneira da cozinha aberta a noite toda.

Odeio fazer exercícios, mas facilmente caminharia o dia todo com Felipe só para ouvi-lo contar sobre sua vida.

Ao chegarmos, somos surpreendidos ao ver Kaya, a tal prima do Felipe.

- O que faz aqui? - Felipe pergunta.

- Oi gente – ela acena um tanto sem graça para nós – eu não vim te encher o saco, não se preocupe.

- E veio fazer o quê?

- Esse aqui é ótimo, tenho certeza que vai gostar – diz Léo ao beijar o rosto da garota enquanto lhe entrega um livro.

- O que está acontecendo aqui? - Felipe fica perplexo e eu preciso segurar o riso.

Então é ela que o Léo está conhecendo!

- Oi Felipe, podemos conversar? - Léo lhe cumprimenta com receio.

Os dois se afastam, e eu fico sozinha com Kaya, sem ter a menor ideia do que dizer, mas ela faz as honras.

- Você estava saindo com o Léo antes, né? Não se importa?

- Não, somos só amigos – sorrio.

- Você gosta é do meu primo – ela ri e eu fico sem graça – não precisa ficar com vergonha, ele também está caidinho por você – ela pisca.

- Eu não sei...

- Tenha paciência, ele passou por muita coisa – diz pegando sua bolsa e saindo – tchau, Ellen.

Vejo ela se despedindo dos meninos e só consigo pensar: o que ela quis dizer? O que será que houve com Felipe? Será que tem a ver com o que Lucas falou pra ele no outro dia?

Logo os dois voltam, Léo vai para trás do balcão e eu vou com Felipe para o nosso cantinho de sempre.

Abro o livro e faço algumas anotações tentando esquecer o que Kaya disse, mas não consigo.

Olho para Felipe tanto decifrá-lo, mas acho que não soube disfarçar bem.

- Por que está me olhando? - ele pergunta sorrindo.

- Nada, só quis te olhar mesmo.

- Estou tão bonito assim hoje?

- Você está sempre bonito!

Eu adoro quando meu lado ousado dá as caras, mas depois me sinto estranha.

Antes que as coisas fiquem mais esquisitas e eu perca o controle, lembro que preciso fazer uma ligação para a coordenadora da escola onde vou estagiar.

- Já volto, preciso fazer uma ligação – digo levantando-me e saindo da biblioteca por um momento.

Graças a Felipe, consegui o estágio remunerado e começo na próxima semana.

Pena que é durante a tarde e não sei como vou fazer pra continuar a frequentar a biblioteca com ele.

- Me sinto até mal, você me ajudou e agora não vou mais poder vir pra cá.

- Quanta ingratidão – ele responde brincando – se não ficar muito corrido, podemos nos encontrar aqui quando você sair. O que acha?

- Por mim tudo bem, mas vamos perder nosso lugar, sabe como isso aqui lota a noite.

- Eu venho mais cedo e te espero – ele pisca.

- É impressão minha ou você já pensou em tudo?

- Claro que já. Só dependia de você concordar.

- Bom, por mim estamos combinados!

Voltamos para os estudos e fico admirando Felipe, pensando em como ele é carinhoso e cuidadoso comigo.

Por que será que é tão difícil ele chegar em mim? O que será que houve?