📚 Capítulo 6 📚

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Passei o semestre inteiro esperando por esse momento: férias!

Quer dizer, depois de conhecer Felipe ficou mais agradável frequentar o campus e passar horas na biblioteca estudando, mas se ele fosse da minha turma seria melhor, mas isso é querer demais.

Saio da última aula satisfeita, pois terminei o semestre com notas altas, sem precisar ficar mendigando pontos com trabalhos extras para os professores.

- Enfim, férias! - digo ao me jogar no sofá assim que entro no apartamento.

- Ai que invejinha - Luana responde em meio a uma pilha de livros em cima da mesa - eu tenho uma resenha pra fazer se quiser passar sem pendurar matéria.

- Boa sorte, se precisar de ajuda é só falar.

- Obrigada, mas é seu momento de glória, Ellen. Não foi você que passou noites e noites saindo por aí ao invés de fazer os trabalhos e estudar.

- Isso é verdade - dou risada - mas você vai conseguir passar.

Deixo Luana concentrada nos estudos e saio para caminhar enquanto ouço música.

Passo na frente da biblioteca e fico me perguntando como vão ser as coisas com Felipe já que não precisaremos vir pra cá por pelo menos um mês.

- Não vai entrar? - ouço sua voz que me pega de surpresa.

- Só estava passando aqui na frente, nem trouxe material.

- É uma biblioteca, Ellen - ele ri - é só pegar um livro e ler.

- Você tem razão! - rio da minha lerdeza.

Entramos e sentamos no mesmo lugar de sempre.

Felipe pega alguns livros de legislação e direito e faz anotações em seu caderno enquanto resolvo ler um romance.

- "O Cortiço", sério?

- Um clássico que eu pessoalmente adoro!

- Eu também. João Romão lembra muito meu pai - ele ri cabisbaixo.

- Jura? - pergunto surpresa.

Comparar o pai com um personagem tão ganancioso soa exagerado.

- Queria dizer que não, mas é. Meu pai prioriza tudo que faça engrandecer, entende? Mesmo que tenha que passar por cima de outras pessoas.

- Isso é triste.

- Muito, mas o romance em si é incrível. Só achei injusto o fim da Bertoleza.

- Verdade, ela merecia mais.

Fiquei um tanto perplexa em ver que Felipe também gosta de literatura nacional. Eu poderia jurar que o interesse dele em literatura era baseado em obras estrangeiras.

Queria perguntar e saber mais sobre sua família, mas como ele dispersou falar do pai, não quis ser intrometida.

ღღღ

Bendita seja a pessoa que abriu uma cafeteria em frente a biblioteca.

É a combinação perfeita!

- O que vai fazer nas férias? - Felipe pergunta quando fazemos uma pausa para um cafezinho.

- Vou para a minha cidade, ficar um pouco com a minha família, colocar algumas séries em dia, ler e dormir, dormir muito! - dou risada - e você?

- Também vou pra minha cidade, talvez arrumar um trabalho temporário pra levantar um extra.

- Parece um bom plano - sorrio ao bebericar minha xícara de cappuccino.

Depois de comer um pão na chapa, dois pedaços de bolo e uma xícara generosa de café, voltamos para a biblioteca.

Minha vontade na verdade era ir pra casa e começar a arrumar minhas coisas, pois odeio deixar para a última hora, e depois dormir o máximo que eu conseguir porque sei que quando for pra minha cidade minha mãe vai me fazer acordar às seis da manhã, mas passarei um mês sem ver Felipe, então preciso aproveitar cada minuto.

Vê-lo tão concentrado nos estudos me faz perceber o quanto vou sentir falta dele, da biblioteca, do nosso silêncio nesse lugar...

Será que dá pra cancelar as férias?!

ღღღ

A semana passou rápido e hoje é o último dia de boa parte das pessoas no campus. Inclusive meu e de Felipe.

Nos encontramos na biblioteca todos os dias, como sempre, mas também fizemos alguns passeios tanto pelo campus quanto fora. Foram dias agradáveis que só me fizeram ficar ainda mais apegada a ele.

- Como vou sobreviver um mês sem você, Ellen? - ele diz num tom de brincadeira que faz meu coração saltar.

- Tenho certeza que ficará bem - sorrio.

- Sempre nos encontramos aqui na biblioteca, já fomos a uma festa juntos, já passeamos por aí, até já dormi no seu apartamento, e ainda não tenho o seu número.

É verdade, não tinha reparado. Todo esse tempo e nunca trocamos números. Talvez não dei a devida importância a isso porque gosto de como tudo flui naturalmente entre nós.

- Te passo se você não ficar o dia inteiro me ligando e mandando mensagens dizendo que está morrendo de saudades - brinco.

- Pode deixar, vou esconder bem minha saudade.

Droga de homem que me faz ficar sem graça.

Felipe me passa seu celular e eu digito meu número.

Não vou mentir que a possibilidade de trocar mensagens com ele durante as férias me agrada muito!

- Preciso ir agora, senão chego lá só a noite e minha mãe não gosta - ele diz já se levantando.

- Ok - respondo com um sorriso fraco - boa viagem!

- Valeu - ele sorri.

Felipe sai andando, mas para no meio do caminho e volta.

- Esqueceu alguma coisa? - pergunto olhando para a mesa pra ver se vejo algo dele.

- Esqueci - ele sorri e aproxima, deixando um beijo na minha testa - se cuida, Ellen - diz e vai embora.

Fico estática por um momento.

Olho para o bibliotecário que só pela piscadela noto que ele ficou animado pelo que acabou de acontecer.

Por fora estou contida, mas por dentro estou saltitante!

E iludida, muito iludida.

Encontros na bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora