- Respira fundo, vai dar tudo certo! – Luana fala ao perceber que estou nervosa com a apresentação – você ensaiou com o seu namorado e vai se sair bem.
- Ele não é meu namorado. É meu amigo.
- Que seja, ele te ajudou então não se preocupe.
Olho para o celular e vejo que tem uma notificação de mensagem do professor no grupo da turma dizendo que a apresentação não será mais na sala de aula e sim no anfiteatro da universidade.
Só falto ter uma crise de pânico quando termino de ler.
Eu estava preparada pra fazer essa apresentação na sala, com pouco espaço. O anfiteatro tem o triplo do tamanho dela!
Estou ferrada!
- Eu não vou, eu não consigo!
- Ah, você vai! Não te emprestei minha maquiagem cara pra você não ir. É só um espaço maior, mas as pessoas serão as mesmas, só sua turma, relaxa.
Isso ela tem razão. Não posso me assustar só porque o lugar da apresentação mudou.
ღ ღ ღ
Assim que chego, vejo que quase todos os lugares estão lotados.
Merda!
Dou um passo para trás, pensando seriamente em ir embora, mas corro para o banheiro.
Já ia jogando uma água no rosto, mas nem isso eu posso, senão estrago a maquiagem da Luana. E também não posso ir embora, seria um desperdício de blush, base, batom e delineador, não é mesmo?!
Faço um exercício de respiração me olhando no espelho, e logo em seguida crio coragem para encarar isso de uma vez.
Volto para o anfiteatro que está ainda mais lotado e fico me perguntando se essa galera toda não tem mais o que fazer.
Sento em uma poltrona na primeira fila para não ter que ficar olhando para aquele bando de gente.
Não demora muito e meu professor chega com outras pessoas que arrumam o projetor e os fios do microfone, e em seguida explica como vai funcionar as apresentações.
Vai ser por ordem de chamada!
Nessas horas eu queria que minha mãe tivesse colocado meu nome de Zenaide ou algo do tipo. Têm apenas quatro pessoas antes de mim.
Nem consigo prestar atenção no que os outros falam, estou tão nervosa que só vejo minhas mãos tremendo enquanto seguro meu material.
O professor me chama ao palco e demoro alguns segundos para levantar e quando desgrudo da poltrona sinto alguém encostar em meu ombro.
É o Felipe! Parece que meu corpo todo se acalma só em vê-lo aqui.
- Olha só pra mim durante a apresentação, ok? - ele diz quase sussurrando.
Sorrio pra ele com surpresa e caminho até o palco.
Entrego o pendrive para o professor que pluga no notebook e abre a pasta de apresentação do monólogo.
- Quando estiver pronta é só começar - diz.
Tento me acalmar, mas ver todas aquelas pessoas me deixa tensa.
Felipe gesticula com as mãos para que eu apenas olhe para ele, e assim faço.
Começo a falar com um pouco de nervosismo, gaguejo um pouco, mas logo pego no tranco e consigo dizer tudo que preciso.
Quando termino, ouço os aplausos das pessoas. Felipe está sorrindo, parece se orgulhar de mim e o professor me parabeniza.
Eu arrasei!
Saio do palco atônita com tudo, sem acreditar que tinha conseguido.
Felipe vem ao meu encontro e me abraça forte.
- Sabia que ia conseguir!
- Obrigada, eu não ia conseguir se você não tivesse aparecido. Aliás, como sabia que eu estava aqui?
- Fui até as salas de pedagogia e me disseram que estavam aqui. Achou mesmo que eu ia perder sua apresentação depois de tanto ensaio?
- Valeu mesmo por vir, foi importante.
- Não me agradeça, gostei de te ver lá em cima arrebentando – brinca – aliás, você está linda. Mais linda – corrige sem graça.
- Obrigada – coro completamente.
- Preciso ir agora, tenho aula.
- Claro, e de novo, obrigado por vir! – o abraço.
Felipe vai embora e eu volto para ver o resto das apresentações.
Fico surpresa ao final quando todos estão indo embora e algumas pessoas me param pra elogiar meu monólogo.
Agradeço a todos e saio me sentindo muito orgulhosa de mim. Afinal, não foi só a apresentação, mas sim o conteúdo que chamou a atenção.
Já passava das 16h quando cheguei em casa.
Dei graças a deus quando vi que Luana fez o almoço antes de sair: arroz e frango. Comi e em seguida deitei um pouco no sofá pra descansar.
ღ ღ ღ
Vou para a biblioteca no horário de sempre e é impossível não conter o sorriso ao ver Felipe sentado no nosso lugar estratégico todo concentrado nos seus livros e coisas chatas de legislação.
Sento-me em sua frente, ele me cumprimenta, e assim passamos mais algumas horas juntos.
Hoje estou livre, não tenho nada pra fazer. Mas pego um livro e finjo estudar, quando na verdade a única coisa que faço que ficar admirando o belo rapaz à minha frente.
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Encontros na biblioteca
RomantizmInspirado em pessoas reais, essa história vai te fazer suspirar com Ellen, uma estudante de pedagogia tímida, introvertida, mas muito cativante; e Felipe, estudante de direito, simpático, cheio de amigos e um tanto reservado. Os dois se conhecem po...