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Os dedos sangravam enquanto Yeosang os roía cada vez mais freneticamente. Como não conseguia se lembrar de quase nada daquele dia depois que saiu do beco dos comerciantes. Estava no telhado, sentado com as pernas cruzadas, pensando no que deveria fazer por agora. Talvez refazer seus passos depois de sair do beco.

Tinha alguma coisa, alguma coisa ele deixou passar.

Quando se viu, estava na travessa que encontrou os corpos do casal, naquele mesmo dia. Olhava as paredes de concreto, procurando algum cheiro, algum resquício de alguma coisa que pudesse o ajudar.

Nada.

Sobrevoou a área toda, olhando acima do beco, vendo que os comerciantes trabalhavam e o beco estava enchendo aquela noite. Era dificil ver algo naquele beco escuro, mas fazia uma força. Onde? Onde ele tinha ido depois dali? Onde?!

Estava tentando se lembrar, os dedos nem se curaram e os levou a boca mais uma vez. Parou no topo de um prédio e suspirou, tentando manter a ansiedade longe dele. A coisa mais logica que poderia fazer por agora seria vigiar os rapazes na tentativa de talvez conseguir descobrir quem era o traidor.

Entretanto, quando se lembrava daquele resquício de memória, sabia que Hades queria exatamente isso. Que ao mesmo tempo que não lembrasse de tudo, era para ele saber que se continuasse procurando, Hades viria atrás dele.

Não importava, que morresse se fosse, mas descobriria quem era o maldito traidor.

Talvez focar no Yang não seria uma má ideia. Hades não iria calá-lo de forma nenhuma.

Os rapazes estavam divididos entre duplas, para facilitar a patrulha pela cidade, a fim de achar o invocador dos metades sangues que estão matando grande parte dos humanos. As equipes sempre foram as mesma, entretanto, Yunho não aguentava mais. Enquanto San dividia as duplas — sendo a sua a mesma de sempre; Wooyoung —, ele estava no canto da sala de jantar, suspirando fundo. A garota já estava dormindo profundo e Yeosang tinha voltado logo depois, com uma cara nada boa. Ele não entendia, por que tinha que ser colocado com alguém que ele mais odiava? Passou a mão no rosto, sentindo algo ferver no estomago. Odiava cada pedaço daquilo, cada comemoração do Wooyoung, cada vez que ele dava risada com Mingi, cada um deles. Quando San terminou de explicar, as duplas começaram a se dissipar pelas diversas direções da cidade, mas Yunho, ele ficou parado.

— Você não vem, Yunho? — perguntou Wooyoung, se aproximando do rapaz após se despedir do Mingi.

— Pode ir sozinho, não estou muito a fim de ir hoje. — Desviou o olhar, coçando o nariz. Tudo o que sentia era puro odio.

— Que isso? Vai ser divertido, depois da patrulha eu e Mingi vamos roubar bombinhas e estourar para assustar humanos.

— Eu passo.

— Ah, qual é? Você é muito na sua, vamos te animar, eu prometo! — Wooyoung tinha um sorriso radiante no rosto. Sempre tentava de tudo para fazer Yunho se alegrar, mas não entendia o motivo de ele sempre o ignorar. Tentou pegar na mão do colega.

— Não encoste em mim! — Estapeou a mão de Wooyoung, que se encolheu. — Você não entende? Eu repudio sua companhia, eu não quero você perto de mim!

— O que é isso, Yunho? Quem você acha que é para falar assim com ele? — advertiu San.

— Não me importo, eu estou exausto de todos vocês... — desabafou, com os olhos vermelhos, olhava os que ainda estavam ali. Observavam-no com olhos confusos, sem compreender seu surto repentino.

Wooyoung continuava encolhido, assustado, vendo a expressão do então companheiro de equipe, pensando onde foi que errou. Yunho saiu correndo para fora logo depois e os olhos, os olhos dele. Talvez pudesse compreender a raiva.

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