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— Ei, o que estão jogando? Eu quero também! — As vozes altas fora da casa denunciaram que algo estava acontecendo. O que fez Wooyoung largar a garota para trás e correr para dentro da casa.

Os garotos tinham achado um baralho de uno velho, onde se reuniram na mesa da sala de jantar e tentavam entender como funcionava. Estavam discutindo as regras que liam no manual e escolhiam quem iria jogar naquela rodada.

— Ah, vocês voltaram! — Hongjoong caminhou para perto dela, dando um pequeno abraço em seguida. — Será que podemos usar seu baralho?

— Fiquem à vontade — disse, se separando do abraço logo em seguida. — Era de uma das minhas tias.

— Sério? Quantas tias você tem?

— Minha mãe teve onze irmãs. — Hongjoong tossiu, surpreso com a descoberta familiar.

— Não tem uma foto com todas juntas? — perguntou e desviou o olhar para a estante onde ficavam a maioria das fotografias, não encontrando uma de todas.

— Tente tirar foto de doze irmãs e me diga quantas horas e sem briga você conseguiria tirar pelo menos uma foto boa. Imagina tirar uma foto com todos os rapazes.

— Ah — foi tudo o que disse.

Sorriu quando viu ele arregalar os olhos, provavelmente imaginando como seria.

Deixou a sala e subiu para o quarto, iria se trocar e se juntar aos meninos no andar de baixo. Quando entrou no quarto, a primeira coisa que fez foi abrir a janela que estava fechada.

Iluminou o quarto e foi trocar de roupa.

Retornou do banheiro, suspirando fundo. Quando finalmente foi sair do quarto, achou ter ouvido uma voz. Estranhou, ergueu as sobrancelhas e olhou ao redor do quarto. Não tinha ninguém ali, somente ela.

Deu um pulo quando o livro, que estava na mesa de canto saltou para o chão, aproximando-se dela. A respiração farfalhou e deu passos lentos, abaixando-se para pegá-lo.

Estava a chamando.

Dedilhou o dedo sobre a capa, levando-o para sua cama, onde se sentou na beirada, ainda olhando-o curiosa. O abriu, e como sempre, nada havia nas páginas velhas. Entretanto, algo piscou em seu pensamento, se relembrando das palavras de Ellén e do acontecimento na mansão antiga.

Foi até seu armário, abrindo a última porta de cima, onde ficava as coisas velhas na qual deixávamos mofar por anos. E de lá, retirou uma pequena caixa de costura. Colocou-a na cama, abrindo, onde entre as linhas de cores diferenciadas pegou uma agulha de costura.

Retornou para onde estava sentada antes, e posicionando o dedo acima das páginas, levou a agulha até a ponta do indicador e furou. Sentiu uma pontada de dor e largando a agulha de volta na caixa, olhou o sangue cair em cima das páginas.

Esperou, até que finalmente uma frase formou-se na página em que o sangue pingou.

Aquele que observa encontra-se ao seu lado, cuidado com aquele na qual confia e chama de aliado.

Não pode ser, referia-se à O Observador que tem vigiado ela na maioria das vezes. Realmente então tinha um traidor entre os rapazes. Chocou-se, precisava imediatamente falar sobre os ocorridos com alguém.

Os pensamentos foram quebrados quando ouviu passos aproximarem-se do quarto.

— Ei, precisamos de você lá embaixo — Mingi solicitou.

Acenou. Fechou e guardou o livro no lugar que estava antes. Também colocou de volta no lugar a caixa de costura e segurou um pouco o furo que tinha feito no indicador, esperando que o sangue parasse de sair.

Deixou o quarto, tendo com si uma informação valiosa. Agora, só precisava saber para quem contar.

Desceu as escadas se reunindo com o restante dos rapazes, que discutiam algo sobre as regras — ainda, ainda estavam discutindo sobre as regras, nem começar a jogar, começaram.

Mingi e Wooyoung discutiam sobre quem dos dois deveria jogar aquela rodada, usando argumentos que entenderam das regras, refutando um ao outro. Riu, quando Mingi enforcou Wooyoung, irritado com a situação. Hongjoong teve que intervir, colocando dos dois de castigo e nenhum deles poderia jogar aquela rodada.

Entretanto, uma interrupção aos planos surgiu. Em formato de nevoa, no centro da sala pegando fogo, um pergaminho negro enrolado a uma fita vermelha surgiu.

Os meninos se entreolharam preocupados. San usou uma das cadeiras para se apoiar e pegar o pergaminho. Desenrolou, era uma mensagem diretamente de Hades.

San começou a ler em voz alta:

Convoco-os a uma reunião de emergência, dada as circunstâncias atuais. Dois corpos humanos foram encontrados próximos ao beco dos comerciantes. Tudo indica que metade sangues foram os responsáveis. E, indica que não cumpriram com o nosso combinado. Mais uma coisa, tragam a garota com vocês e limpem o local do ataque o mais rápido que conseguirem.

Os rapazes não pareciam muito feliz com a notícia. San sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer, mas não imaginou que seria tão rápido assim.

— Tudo bem, fiquem calmos. — Colocou a mão na cintura e pendurou a cabeça para trás, pensando. Olhou de relance para a garota, que estava acanhada e com medo. — Yeosang, eu quero que limpe o local e retire os corpos. Jongho, Yunho e Seonghwa, eu quero que vasculhem cada área da cidade e acabem com esses malditos. O restante vai comigo.

Um estalo se fez na cabeça da garota.

Se lembrou quando Yeosang disse que precisava descobrir o que tinha acontecido para que o monstro tivesse conseguido entrar na casa. Obviamente ele ainda estava investigando.

Contaria a ele sobre os acontecimentos anteriores. Claro que não poderia contar para qualquer um e hesitou, mas o livro falava sobre alguém que ela já confiava.

E bem, não confiava no Yeosang de maneira alguma.

Se aproximou lentamente do rapaz, que estava de cabeça baixa no canto da sala, com a mão na nuca, pensativo.

Parou ao lado dele, e soltou um tosse, chamando a atenção do demônio.

— Tenho que te contar umas coisas. Elas podem te ajudar.

Ele acenou com a cabeça para continuar. Parecia transtornado.

— Lembra que falou que desconfiava que alguém tinha deixado o anjo e o metade sangue entrar? — Yeosang concordou, levando os dedos a boca, onde começou a roer as unhas. — Você pode estar certo. Sempre que estão separados, alguém me segue e me vigia.

— O que? — Estava mais surpreso do que esperava. Yeosang era um cara bem esperto, então tinha algumas teorias na cabeça, mas isso definitivamente não era o que ele imaginava.

— Na escola, na biblioteca. Sempre que estavam separados — concluiu. — Pode não ser diferente agora.

— Isso me dá a chance descobrir quem é nessa missão. Isso elimina alguns deles. — Sorriu de lado, estava agitado com seus próprios pensamentos.

Se preparou para sair, mas parou e se virou para trás, olhando a garota.

— Valeu.

Ela sorriu para ele, vendo o primeiro grupo sair pela porta.

Iria ver Hades aquela noite.

The Book Of DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora