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Preparava a cama para dormir depois de um dia cheio. Passou a mão no tecido de cor monótono, arrumando o amassado. Por um momento se lembrou da dança que teve com San e deu um sorriso bobo ao ar. Nunca tinha sido chamada para dançar.

Uma vez, quando era pequena, estava passando o intervalo sozinha na sala de aula do fundamental. Aproveitou para imitar uma dança que viu na televisão, de um filme. Fechou os olhos e cantarolando, imitou a dança rodando pela sala, entre as carteiras.

Lembra dos olhos se abrirem bruscamente quando ouviu as risadas caçoando de si. Os outros alunos entraram enquanto estava distraída, tirando sarro. Disseram uma vez que jamais ela arrumaria um par ou um marido, pois era tão esquisita que jamais alguém iria querer casar-se com ela. Se sentiu tão envergonhada que mal comeu aquele dia.

Sentou-se na cama, pegando da mochila no chão, o livro. Colocou-o aberto em sua frente, tentando compreender o que teria acontecido na casa abandonada. Por que exatamente aquela casa? E como foi que o livro tinha ajudando-a?

Eram muitas perguntas.

Bufou, com os olhos cansados de sono. Se lembrava do que a menina da loja tinha dito, a Ellén. Sobre pingar uma gota de sangue e possivelmente o livro falaria com si. E realmente era verdade, o livro tinha sussurrado palavras de feitiço a ela. Não sabia que poderia usar magia mesmo sendo humana. Definitivamente nunca pensaria nisso.

E definitivamente exploraria isso alguma hora.

Fechou o livro. Tentaria o negócio do sangue em outro momento que estivesse sozinha, não com um demônio vindo a vigiar dormindo. Guardou-o na mesa de canto e arrumou-se na cama, cobrindo parte do corpo. Enquanto esperava para ver quem seria seu vigia naquela noite, começou a se lembrar de algumas coisas, tentando colocar a mente em ordem.

Tinha algo que a incomodava um pouco. O observador; A vigiava em momentos inusitados, normalmente em discussões importantes, como na escola ou na biblioteca.

Era bem curioso do porquê precisavam vigiá-la. Porém, devido ao ataque recente do anjo, concluiu que mais pessoas estavam atrás do livro do que imaginou. Entretanto, o porquê dessa busca constante por ele coçava a ponta da sua orelha.

Quando questionou os demônios na biblioteca do que toda essa história do livro tinha a ver com ela, ficaram em um silêncio ensurdecedor. Passou os dedos impacientes na carne do lábio, fritando o cérebro com as questões em aberto.

Quem era O Observador?

Qual sua relação com o livro?

E outro, que apareceu em uma mente naquele momento: O porquê da maldição? E antes que tentasse criar alguma teoria, os passos cruzaram a porta de vez. Mingi apareceu, dando crer que seria seu vigia naquela noite.

Ele tinha um sorriso no rosto e na mão direita carregava um livro.

— Olá! Eu que irei te vigiar essa noite — disse animado.

— Muito bem, fico feliz que seja você e não o rabugento do Yeosang — confessou, fazendo Mingi dar uma risada gostosa. — O que vai ler?

— Aquele cara é o próprio Sr. Scrooge! — Deu uma risada sincera com a comparação. — Estou lendo um livro de terror que peguei nas suas coisas. Chama Dracula.

— Oh! — exclamou animada. — Esse é muito bom, você vai gostar!

Mingi andou até a cadeira da escrivaninha, onde se sentou e cruzou as pernas. Apesar do sono, ela monitorava os movimentos do rapaz, seguindo-o com os olhos.

The Book Of DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora