𝐄𝐔𝐓𝐎𝐍𝐘, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡

🎼 capítulo 03.

( 03. aconteceu )

▍ PAUL LAHOTE ▍

Dizem que os dias ruins vêm para que os melhores sejam melhor aproveitados, mas por que diabos meus dias ruins eram todos os malditos dias? Murmuro para mim mesmo, reclamando do preço das coisas no mercado enquanto coloco os mais baratos na cesta. Tinha trinta pratas no meu bolso e uma fome infernal para matar, mas era difícil ficar completamente saciado quando se é pobre e ganha um salário vagabundo na mecânica da reserva.

— Eles acham que eu sou rico, porra? — Resmungo, continuando a andar e vendo a pequena lista em minhas mãos. Eram coisas que eu precisaria para fazer um almoço simples.

Estava cansado de ter que ir comer na casa de Sam. Emily era gente boa, mas não poderia nos sustentar para sempre. O alfa se preocupava com nossa alimentação, mas eu sabia que ele estava tentando guardar dinheiro para fazer um casamento digno para sua companheira, o que não poderia acontecer se quatro lobos famintos fossem almoçar e jantar na casa dele.

Sinto algo colidir com meu peito e me afasto, surpreso e nervoso com quem quer que seja. A garota era pequena e tinha longos cabelos loiros caindo em seus ombros, mas parecia tão desajeitada que me deu pena.

— Sinto muito. — Ela sussurrou tão baixo que quase não ouvi, envergonhada e com o olhar baixo, levantando as mãos em desculpas. Era só o que me faltava.

— Você não olha por onde anda?! Quase me fez derrubar minhas compras!

Seus olhos se levantam e ela fixa o olhar em minha boca, ávida por algo que não pude compreender. Parece decepcionada com algo quando deixa seus ombros caírem.

— Desculpe. Pode repetir? — Ela pediu, outra vez falando tão baixo que se eu não tivesse uma audição boa teria perdido o que falou. Suas mãos sobem para sua garganta enquanto ela fala, como se esse simples ato fosse difícil demais.

Que merda, não sabia falar direito, loirinha?

Respiro fundo, tentando manter a calma e, quando enfim sinto que posso deixar para lá, ela levanta seus olhos e eu sinto todo o ar sair dos meus pulmões.

Os olhos dela são lindos, foi a primeira coisa que pensei. Azuis e tão brilhantes, que pareciam duas safiras. Por um momento, não consigo me mexer. Merda. Presto atenção em cada detalhe de seu rosto delicado, gravando aquela imagem da perfeição em minha mente e sentindo meu coração querer pular para fora do peito. Imprinting.

Porra, porra, porra! Não, isso não podia acontecer comigo. Comecei a hiperventilar, aquela simples palavra rodando por minha cabeça como se fosse a droga de um furacão, levando tudo que eu tinha, tudo o que eu acreditava, e deixando apenas ela. A pele pálida e tão lisa que parecia porcelana, os lábios rosados e a expressão confusa que tinha no rosto.

Algo parece chamar sua atenção e, quebrando o contato de nossos olhos, ela olha para o relógio no pulso com as sobrancelhas franzidas.

É a oportunidade que tenho para fugir. Saio da frente dela, correndo para longe mesmo que eu fosse parecer a droga de um covarde para a garota. Largo a cesta de compras em uma prateleira vazia e saio do mercado, subindo na moto e dando partida para ir o mais longe possível da garota.

Quando entro na floresta, tomo o rumo para a casa de Sam e largo a moto de qualquer jeito, empurrando o apoio e entrando desesperado na casa do meu alfa. Ele e Emily estavam sentados a mesa, almoçando e tudo o que posso fazer é explodir.

— Aconteceu, Sam! — Consigo falar entre a respiração descompassada, tanto pela corrida quanto pelo nervosismo que exalava por cada poro do meu corpo.

Ele me olha confuso, deixando o garfo no prato e se levanta, me olhando atento.

— Aconteceu o que, Paul?

— Imprinting. — A palavra sai da minha boca como se fosse um tiro, atingindo ele em cheio.

Emily se levanta, animada, enquanto um sorriso crescia em sua boca e na de seu noivo. Merda, como eles podiam estar contente com isso?

— Isso é ótimo, Paul! Como é o nome dela? — Sam pergunta, vindo até mim e dando dois tapinhas companheiros no meu ombro.

O caralho que isso é ótimo! Começo a tremer, ansioso por algo que não sei o que é, meu corpo agindo estranho pela primeira vez desde que me transformei.

— Ela é de Forks? Como ela é? — Emily pergunta, se juntando ao noivo nas felicitações e isso só me deixa mais nervoso.

— Eu não sei quem porra ela é! — Rosno, me afastando deles. — Loira, baixinha, pálida e com cara de anjo. Porra, ela parece ter uns dezesseis anos! Isso não é ótimo! Você sabe que eu não quero um imprinting, Sam!

— É claro que isso é ótimo! — Ele retruca, cruzando os braços. — Você encontrou sua alma gêmea, Paul. Isso é ótimo.

— Eu não quero a porra da minha alma gêmea, Sam! Não vê que eu mal consigo lidar comigo mesmo? — Tremo, perdendo o controle da linha do meu pensamento. Ela vinha na minha mente, sua voz doce e envergonhada, parecendo ter medo de tudo. Merda, merda, merda. Ela parecia tão inocente.

Ele aperta os lábios, pedindo para Emily nos deixar sozinhos por um momento. Sua noiva assente, indo para a cozinha e, assim que estamos sós, Sam me puxa para fora da casa.

— Paul, eu já tive essa conversa com você. — Ele começa e a única coisa que quero é mandar ele se foder, bufo, negando com a cabeça e me afastando dele.

— Já teve, e eu disse que é baboseira. Você sabe, Sam, eu não quero um imprinting porque eu sou uma bagunça. Ela vai me odiar, e eu entendo isso, mas não poderei deixar ela partir se ela entrar na minha vida agora.

— Paul...

— Foda-se, quer saber? Não vou procurar pela garota. Que se foda. Não sei nem o nome dela, é óbvio que ela não é daqui. Nunca mais vou ver ela e vou viver bem com isso.

Não dou chances de Sam me responder e corro para a floresta, me transformando e fugindo para entre as árvores.

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n o t a s !

Paul é gente como a gente, contando os trocados na hora de fazer compra e se irritando com o preço das coisas! sksk
agora vocês entendem o por que dele fugir, o tadinho tá fodido da cabeça minha gente.

demorei para atualizar pois estava fazendo uma maratona de comemoração em Evanescent, mas agora tudo volta ao normal. um capítulo por semana!

então, até semana que vem!
beijinhos.