🎼 capítulo 13.

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( 13. verdade )

▍PAUL LAHOTE ▍

Preste atenção. Coloco uma mão de cada lado do meu rosto, as palmas estendidas uma para a outra e faço movimentos circulares, fazendo um gesto que Emily usava muito para me ensinar ASL. Os olhos azuis de Sarah se prendem em mim e ela para de andar, ficando no meio da clareira que a trouxe.

Era um lugar no meio da floresta, uma árvore grande estava ali e fazia um colchão de folhas verdes no chão. Quieto o suficiente para mim, e por isso se tornou meu lugar favorito da reserva. Um paraíso, onde eu não me estressava com ninguém e podia ignorar o mundo ao meu redor.

Não vinha aqui desde que conheci Sarah, por que, de uma hora para outra e sem eu perceber, ela se tornou meu paraíso. A droga de um paraíso que eu ia perder logo logo. Respiro fundo, odiando toda aquela merda que me cercava pela primeira vez. Odiando ser lobo. Odiando vampiros e qualquer outra porra que exista nesse mundo sobrenatural.

Eu só queria que tudo fosse apenas eu e Sarah. Dois humanos simples, fazendo coisas de humanos simples.

— Não vai falar? — A voz doce de Sarah é baixa, e ela parece calma demais para tudo o que aconteceu. Sua cabeça tomba para o lado, em um gesto tão doce que faz todo o meu interior se remexer e minha mão abrir e fechar, querendo ajeitar os fios loiros que caíram em frente ao seu rosto.

— Vou. — Falo, antes que o impulso me tome. — Só estou organizando as ideias.

Ela assente, compreensiva.

Sarah sempre era assim. Um ponto de paz, no meio do meu inferno. Calma. Silenciosa e observadora.

Não posso perder ela, droga.

— História longa?

— Longa demais. — Mordo o lábio, imitando seu gesto indeciso e respiro fundo logo depois, juntando toda a coragem que tinha. — Sabe, nós Quileutes temos uma lenda absoluta, que diz que descendemos dos lobos e que, na hora que mais precisamos, unimos nossos espíritos à eles, nos transformando em transmorfos. Capazes de mudar nossa forma para a do animal.

Gesticulo muito, tentando deixar a história mais curta e compreensível. A versão longa e cheia de floreios de Billy Black sempre me irritou um pouco, e agora eu precisava ser rápido e fácil de compreender. Sarah precisava entender tudo da maneira mais simples agora no começo. Amanhã a levaria na fogueira, e ela poderia entender as lendas mais a fundo. Isso se ela aceitasse ficar comigo, apesar de tudo.

Ignoro meus pensamentos pessimistas, continuando a história para tudo aquilo acabar o mais rápido que podia. Como um band-aid tirado rápido pra não doer, quis terminar tudo da mesma forma, para que ela pudesse dar o pé na minha bunda e seguir o resto da vida como um cachorro moribundo e sofredor. Isso se eu tivesse uma vida longa, depois dela me rejeitar.

— Quer dizer. Sempre achamos que fossem lendas... até que Sam se transformou, e depois eu me transformei. Jared, Embry e então Jacob. Do nada, viramos uma matilha com um único objetivo.

— Vampiros? — Sua voz é um pouco mais alta quando corta meu discurso. A olho sem entender, querendo saber como ela sabia sobre os sanguessugas. — Jared disse algo sobre Bella andar com vampiros, e pareceu realmente bravo. — Ela diz, dando de ombros, com as sobrancelhas arqueadas e confusa. — Vocês são tipo inimigos mortais, igual a literatura conta? Lobisomens versus vampiros?

Rio baixo, vendo que estava realmente interessada na história e acreditando em cada palavra que eu dizia. Também, não tinha como não acreditar, depois de me ver me atracando com o Black na forma de lobo.

— Transmorfos. E sim. Nosso objetivo é matar os malditos vampiros, e impedir que eles ponham as presas em alguém no nosso território.

— La Push?

— Forks também. Mas nos concentramos mais em La Push, porque antes tinha um clã de vampiros em Forks. Vampiros que não se alimentam de humanos, pelo menos é o que eles diziam.

E novamente ela assente. A compreensão passando por seus olhos claros feito um rio que corre, fácil de ver. Mudo o peso do meu corpo para a outra perna, estalando meus dedos das mãos.

— Bella andava com eles? Ela... tinha algum nível de proximidade com eles?

A risada sarcástica sai dos meus lábios sem que eu possa segurar. Nível de proximidade. A garota deitava e rolava no defunto preferido dela, como a idiota que era.

— Swan tinha um estranho e nojento namoro com um deles. Para a tristeza do Black, é claro. Mas os vampiros deram no pé. Largaram o pequeno lanchinho deles aqui e se mandaram.

Sarah me olha com repreensão e me sinto um moleque que desobedeceu os pais.

— Não fale assim dela. Bella sofre muito, e agora sei que é pela partida deles.

Dou de ombros.

— Se ela sofre ou não, pouco me importa. A matilha está satisfeita por ver Forks livre daquelas sanguessugas.

Inesperadamente, seu dedo indicador vem para o meu peito, me cutucando. A unha curta e pintada de azul faz atrito na minha pele, enviando um choque elétrico por todo o meu corpo. A olho, surpreso e impressionado, como se fosse um mero mortal sendo tocado por uma divindade.

Bella sofre muito. — Repete, as sobrancelhas se juntando em uma expressão contrariada. Mas, do nada seu rosto fica pensativo. Levanto minha mão, não conseguindo me negar o simples gesto de levar minha mão até a dela do meu peito, sentindo sua pele gelada contra a minha fervendo. — Por que fugiu quando me viu pela primeira vez?

Como sempre, Sarah era esperta. Fez a pergunta certa, para receber a resposta certa. Respiro fundo. Mesmo contra minha vontade, a esperança começa a crescer dentro de mim. Se ela não tinha ido embora com a história dos lobos e dos vampiros, talvez, uma chance pequena, ela poderia ficar e ser minha companheira.

Monstros são diferentes de um amor para toda vida que veio sem pedir, idiota.

Balanço a cabeça, ignorando aquele pensamento. Que se dane. Era agora ou nunca. Só tinham duas opções: ou ela ficava comigo, ou metia o pé e me jogava na vala.

— Como não somos humanos normais, os Deuses se certificaram que continuaríamos nossa raça. Que encontraríamos alguém para amar e respeitar, e essa pessoa nos amaria e respeitaria de volta, sem julgamentos ou medos. — Friso a última palavra, mesmo sabendo que ela não ouviria meu tom de voz mais tenso. — Nós chamamos de imprinting. Uma ligação tão forte, que sabemos no primeiro instante que cruzamos os olhos com a pessoa que nos foi destinada.

— Isso quer dizer que...

Seguro sua mão, impedindo que ela se afaste. Seus olhos azuis me olham confusos, um turbilhão de pensamentos passando por eles e me nego a parar. Já tinha começado. Ela já tinha entendido.

Como um idiota que amarra a própria corda no pescoço para se enforcar, eu digo o que ela precisava ouvir. E o que se tornaria real tudo aquilo.

Voce é o meu imprinting, Sarah.

E me empurrando direto para o inferno ela apenas puxa sua mão, os olhos arregalados enquanto passa correndo por mim e sai da clareira, me deixando sozinho e destruído. 

*×*

[ n o t a s ]

se eu tô tipo o Paul e destruída?
é claro que sim.

até o próximo minha gente

𝐄𝐔𝐓𝐎𝐍𝐘, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡Onde histórias criam vida. Descubra agora