🎼 capítulo 18.

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( 18. surpresa )

— Chega a ser ridículo... pleno século 21... medicina atrasada... nenhum avanço... — Papai está nervoso enquanto dirige o carro, e consigo pescar palavras soltas pelo retrovisor enquanto ele pragueja contra hospitais e médicos.

Mais uma consulta de rotina. Mais uma bateria de exames, que apenas disseram o que já sabíamos. Minha audição estava danificada demais para uso de aparelhos, e talvez uma cirurgia fosse ajudar, mas me neguei completamente. Eu já tinha me acostumado com aquilo, o completo silêncio. Mudar tudo bruscamente... E a recuperação seria terrível. Não queria passar por todo aquele processo novamente. Escutar, não escutar, escutar outra vez...

— É ridículo vocês ainda terem esperança. — Me pego falando, a vibração grave na minha voz indicando que tinha falado baixo mas, aparentemente, o suficiente para chamar a atenção dos dois. Mamãe olha para mim, os olhos claros arregalados e vejo papai fazer aquela cara...

A boca em uma linha e as sobrancelhas grossas quase se juntando. Aquela era a cara que dizia "eu sei que você está certa, mas não gosto nada disso".

— Sarah, por favor, não diga isso... Somos seus pais, é claro que vamos ter esperança. — Mamãe diz, e do fundo da minha mente tenho um eco do tom condescendente dela.

— Mãe. Sabe que isso é só perda de tempo. Estou cansada de exames e médicos e hospitais. — Olho para minhas mãos, deliberadamente ignorando eles.

O resto da viagem segue sem conversações... por minha culpa, é claro. Papai viria com aquele discurso esperançoso e eu não estava com ânimo algum. Meu celular vibra e abro a tela inicial, vendo uma mensagem de Paul brilhar.

PAUL
Como foi hoje?

SARAH
Péssimo. Mesmas notícias, médicos diferentes.

PAUL
Que porra.
Como você está com isso?

SARAH
Mais conformada do que eles.
Me acostumei já, sabe, a ser surda
Voltar a escutar seria maravilhoso
Mas não é algo fácil de ser alcançado
Não agora, pelo menos.

Envio o último SMS assim que papai estaciona o carro na frente de casa. Antes que eles consigam falar algo, saio e vou correndo para meu quarto, fechando a porta logo em seguida. Tiro minha camiseta e a calça, jogando no cesto de roupas sujas e olho o celular, ansiosa por uma resposta. Fazia quase uma semana que eu e Paul não nos víamos. Ele estava ocupado, com o lance de ser... lobo. E com a mecânica. E assuntos da reserva.

Paul havia me contado muita coisa. Sobre a matilha, o imprinting e toda a magia que cercava Forks e La Push. Mas, certos assuntos, ele apenas se calava e eu entendia que ele ainda não estava pronto para falar. Então eu simplesmente ficava no meu canto, esperando o tempo dele.

PAUL
Merda.
Depois nos falamos.
Problemas.
Vá para a casa da Swan.
A maluca tentou se matar.

Tentou se matar? Arregalo os olhos e largo o celular, procurando algo fácil para vestir. Coloco um vestido e calço sapatilhas, descendo correndo as escadas e saio sem avisar meus pais. Mesmo sabendo que era perigoso eu pegar estrada a noite, não me importo. Que merda Bella tinha na cabeça? Tentar se matar, pelo amor de Deus?

Quando chego na casa do chefe Swan, desço do carro com pressa. Bato duas vezes na porta, sentindo minha garganta arder com o que provavelmente eram gritos desesperados chamando por Bella mas assusto assim que sinto o chão da calçada tremer com o que só poderia ser o motor velho daquele carro jurássico de Bella.

Me viro, ansiosa, e vejo ela discutir com Jacob sobre alguma merda que não importava agora. Ela tinha tentado se matar! Outra vez. Outra droga de vez.

— Como você consegue ser tão... — Me faltam palavras quando ela finalmente olha para mim, afoita, os olhos arregalados e desviando o olhar para a porta com uma frequência que me irrita. — O que você fez, Bella?! Você é tão! Meu Deus!

— Vamos para a reserva. — Jacob me interrompe, e o olho nervosa. A mão dele está num aperto ferrenho no braço de Bella e, pela primeira vez, me pergunto o que estava acontecendo ali. — Não é seguro aqui, Bella. Não é seguro para você e nem para Sarah.

— É o carro de Carlisle, Jake! Eles voltaram!

— Se os Cullen estão aqui, esse é o território deles. Só podemos defender em nossas terras, Bella. Não posso proteger você aqui. — Ele parece estar com dor enquanto fala isso e desvio meu olhar da conversa, procurando o carro que Bella dizia.

O sedan preto estava ali, destoando de tudo e sinto meu corpo arrepiar. De medo. Merda, vampiros! Os Cullen eram vampiros. Tateio meu bolso, pronta para chamar Paul, mas a mão de Bella interrompe meus movimentos.

— Eles não são perigosos, Sarah. Não vão nos machucar.

— São vampiros, Bella. Você é idiota ou o que? — Perco a paciência, olhando-a como se fosse louca. Todo o estresse do dia me matando e sinto as lágrimas chegarem aos meus olhos. — Primeiro, Paul me conta que você tentou se matar. E agora você está indo para o abate, em uma casa com vampiros!

— Primeiro, eu não tentei me matar. É mergulho de penhasco. É legal.

— Ah, claro, se jogar da droga de um penhasco cheio de pontas afiadas de pedras e no fim cair no mar é o ápice da excitação e radicalismo! — Digo sarcástica, limpando as gotas de água do canto dos meus olhos.

Mas, me ignorando, Bella continua seu pensamento.

— E não são vampiros, Sarah. São os Cullen. Eu te falei sobre eles. Não há perigo.

— Edward Cullen te deixou em uma floresta, Bella. Largada à própria sorte. Isso é um perigo para mim. Vamos para a reserva, por favor. — Sussurro, agarrando sua mão.

Mas os olhos de Bella e de Jacob são desviados para alguma coisa atrás de mim e me viro, vendo uma figura baixa e pálida, com olhos dourados e cabelo espetado.

— Nunca conheci ninguém tão propenso a idiotices que ameaçam sua vida, Bella Swan! Eu tive uma visão, vim o mais rápido que pude para cá. Pensei que estava morta! Vi você se jogando de um penhasco e depois mais nada! E por que está envolvida com transmorfos? Eles não são boa companhia, Bella!

𝐄𝐔𝐓𝐎𝐍𝐘, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡Onde histórias criam vida. Descubra agora