1

50 7 2
                                    

Realidade de muitos gordinhos.

Bullying é uma coisa que machuca a gente por dentro e estou cansada disso, mas a comida me conforta toda a vez que chego em casa...

...

— Meu nome?

— Sim meu amor, pode me dizer seu nome pra eu procurar seu cronograma de aulas? — Perguntou a secretaria atenciosa comigo.

— A-Afrodite Bianchi.

— Lindo nome! — Disse ela baixando a cabeça em um monte de fichas e me estendeu. — Aqui meu amor.

— Obrigado! — Falei pegando o papel e indo pro meu armário novo.

— Huuu . . . carne nova no pedaço! — Disse um play boyzinho no meio de uma turma.

— Tá mais pra bacon no pedaço.

Suspirei derrotada mais uma vez, por que eu achei que poderia ser diferente aqui?

— Ai Bacon um, tem um bacon dois pra você! — Gritou um dos idiotas jogando uma bola de futebol americano na cabeça de um rapaz, ele era bem maior que eu, o cabelo loiro bem clarinho, ele não se virou, apenas passou a mão na nuca onde foi atingido e seguiu olhando dentro do armário, me dirigi ao meu que ficava de frente pro armário dele.

— Caramba como é que a gente vai passar agora com essas duas baleias no corredor?! — Disse uma voz enjoada que conjecturei ser a patricinha da escola.

— Inferno! — Murmurei. Deixando minha mochila no armário e pegando só o caderno e o livro que eu precisaria pra aula de agora. Sai sem olhar pra ela. Fui obrigada a sentar no fundo, pois todos corriam na minha frente pra pegar os melhores lugares, o garoto que foi agredido entrou de cabeça baixa, passou pelas fileiras sendo alvo de bolinhas de papel. Ele parece não se importar com aquilo. Por que ele não reage? Mas que pergunta idiota, por que você não reage Afrodite? Ah, é mesmo, eles tem razão sobre mim. A aula começou e anotei tudo, fui apresentada a turma pelo professor o que pra mim é como enfiar farpas de bambu debaixo de minhas unhas, não que alguma tenha entrado debaixo das minhas, mas é a parte mais constrangedora, onde todos ficam fazendo piadinhas internas, te olhando como se você fosse de outro mundo. Quando o professor disse meu nome eu congelei. Todos olhavam em busca de uma Deusa do amor, linda e gostosa e encontraram... Eu. Ouvi risos e piadinhas.

"A Deusa deve de estar amaldiçoando a mãe dela"

"De bonita só o nome"

"Coitada gente... Pobre Deusa."

Kkkkkkk

Fechei os olhos respirando fundo aguentando até a última aula. Você muda de cidade, de escola, de planeta e a plateia segue sempre a mesma, só mudam os nomes. Na saída daquele manicômio vi o garoto que sofre bullying, seu rosto é angelical, as bochechas rosadas cheias de sarda, em volta do nariz, ele levantou o olhar encontrando o meu e senti minhas bochechas queimarem, mas eu não consegui desviar o olhar. Ele tentou me dar um sorriso, mas foi mais um aperto em seu lábio em solidariedade, jogou a mochila no ombro e seguiu seu rumo, alguém me empurrou com o ombro ao passar por minhas costas e eu quase cai, a garota ficou rindo. Respirei fundo esperando por meu tio, que chegou buzinando na camionete. Que vergonha.

— Vamos gatinha, tenho uma surpresa pra você! — Gritou ele pela janela aberta.

Entrei no carro corada.

— O que é tio?

— É surpresa! — Disse ele tocando meu nariz.

Meu tio é muito animado, ele tem só 11 anos de diferença comigo e quando o avião dos meus pais caiu mês passado ele assumiu minha custódia. Eu praticamente passava mais tempo com meus avós do que com meus pais. Meu tio se formou a um ano e está lutando com o próprio negócio. Eu noto que ele anda feliz está última semana, meus avós estão ocupados atrás de pistas sobre o acidente e foram pra florida descobrir o que podiam. Eu vim morar com ele aqui em Boston com uma esperança de uma vida melhor pra mim, eu queria emagrecer e ficar bonita e...

— O que foi gatinha?

— Nada não tio!

— Ah, qual é, não me diz que você sofreu bullying, porque eu vou atrás de quem...

— Não tio, fique calmo, eu estou bem.

— Sabe Dite, eu e sua mãe sempre nos demos bem e ela era mais velha então me defendia quando algum moleque maior vinha me encher o saco.

— É, eu gostaria muito de ter tido um irmão mais velho, mas não tive essa sorte. Onde estamos indo?

— Se vai ver!

Uns 15 min depois chegamos em frente a uma casa alta de dois pisos com um pátio enorme com uma placa de vendido na frente.

— Tcharam! — Disse ele ainda dentro do carro e apontando pra casa.

— Tio, você alugou?

— Comprei, é nossa!

— Sua!

— Não, nossa, não pode me deixar, pelo menos não agora que vou precisar de você.

— Sei e vai precisar de mim quanto tempo?

— Humm... Pra sempre eu acho! — Riu ele saindo do carro. — Vem, vem logo.

Suspirei e sai do carro, não consigo ter o mesmo nível de entusiasmo dele. Entrei na casa e parecia pronta pra morar, com um Hall lindo, uma sala enorme com um sofá daqueles que dá pra deitar, uma tv gigante.

— E tem mais! — Disse ele pegando meu pulso e me arrastando escada a cima, ao chegar no corredor ele cobriu meus olhos.

— Sério tio?

— Sério! — Senti que ele usou o pé pra abrir uma porta e me levou pra dentro de uma peça que deduzi ser meu quarto. — Tcharam.

Um quarto digno de uma princesa, cama com docel, almofadas roxas, rosas e azul, minhas cores favoritas.

— Minhas coisas?! — Apontei pra minha mala que estava a vista perto de uma porta.

— Sim, já nos mudei, eu só não coloquei as coisas no lugar, aquele ali é seu closet e banheiro, e o meu quarto é o lá da frente, assim quando você trouxer um namorado eu não vou ouvir nada.

— Então nunca vai ouvir nada!

— Qual é gatinha, daqui a pouco...

— Tio. Não. Não Força tá, eu sei o que sou.

— O que você é Afrodite?

— Uma gorda, fei...

— Não! Você não é feia, é se a gordura te incomoda tanto assim, eu posso te ajudar a perder peso, mas você precisa se amar mais.

— Pra você deve ser fácil, você é todo sarado e deve pegar muitas garotas... — Ele ficou tão constrangido que eu resolvi parar de falar. — Esquece tio, estou feliz que você tenha conseguido comprar está casa.

Seu sorriso voltou ao rosto e ele me deu um beijo.

— Amo você Dite, não importa quem você seja.

❤ ❤ ❤ ❤ ❤



Amor e subversãoOnde histórias criam vida. Descubra agora