12

7 3 0
                                    

Afrodite

Estou com muita dó de Jordan. Lily parecia tão distante quanto eu.

— Ih, as sapatas brigaram?

— Não enche! — Resmunguei. Lily não disse nada.

Pegamos nossas coisas no armário e seguimos na sala pra sala de aula.

— Precisamos ajudá-lo! — Comentou Lily.

— Meu tio já está providenciando isso. — Comentei. — E acho que vou ajudar a ajuda dele também!

— Ajuda para que?

— Pra mudar, preciso . . .

— Como assim?

— Eu vou emagrecer e mostrar pra muita gente que eu consigo.

— Tem certeza Dite?

— Vai ser difícil, mas acho que chegou a hora.

— Eu estarei do seu lado pro que precisar, só não conte comigo para contrabandear chocolates. — Sorriu ela.

— Ah qual é Lily, achei que fosse minha amiga. — Brinquei a cutucando.

— E por ser sua amiga a hora que você entrar nessa história eu vou ajudá-la.

— Bom dia pessoal! — Disse o professor de história sentando a mesa e cruzando os braços. — Sei o quanto vocês são cruéis em relação ao colega de vocês, Jordan mas vou pedir que tenham um mínimo de consideração quando ele voltar as aulas pois ele perdeu seu pai, e eu ainda acredito que no fundo ainda aja um pingo de compaixão dentro do coração de vocês, por tanto tentem deixá-lo em paz está bem?!

Alguns assentiram outros cochicharam e sorriram. Como podem existir pessoas tão cruéis? A aula continuou e eu virei o alvo da vez. Fingi o tempo todo que não era comigo, colocando em minha cabeça que eu não deveria me importar com isso, pois em breve eles conheceriam a nova Afrodite. Meu telefone toca.

— Que estranho, são meus avós! — Atendi. — Oi. . .?

*Ai graças a Deus, onde está seu tio? Por que ele não atende?

— Calma vó, estou na escola e o tio deve de estar em alguma reunião, aconteceu algo, os encontraram?

*Não, infelizmente não meu bem, mas vá pra casa, pegue suas coisas e vá agora pra casa!

— Mas por quê?

*Há um vírus, um vírus se espalhando no mundo neste momento, e vocês precisam se isolar, agora!

— Vó, deve ser fake . . .

*Não é meu bem, esse vírus é muito perigoso, principalmente pra você, ele ataca as vias respiratórias, começa como um resfriado. . .

— Então é igual a H1N1 . . .

*Afrodite, ouça sua avó! — Disse vovô assumindo o telefone. — Estamos neste momento confinados em um quarto de hotel porque o vírus já está ganhando proporções catastróficas.

— Só faltava agora a gente virar zumbi?! — Eu ri nervosa.

*É pior do que isso, você pode passar dias com falta de ar, agonizando até morrer, então minha neta, avise quem você poder e vá pra casa, se isolem, peça pro seu tio me ligar assim que chegar em casa por favor, já perdemos uma filha, não queremos perder mais ninguém!

— Está bem vovô, já vou pra casa!

— O que aconteceu? Você parece nervosa.

— Meus avós querem que eu vá pra casa, eles estão isolados por causa de um vírus.

— Ah eu vi isso na tv, minha mãe tá preocupada, ela tem medo de perder o emprego dela, aí vai ser muito difícil lá em casa.

— Eu nem tava sabendo de nada e acho que meu tio também não, nós não temos abito de assistir noticiário.

— Olha amiga, eu só rezo para que não chegue aqui . . .

— E acha que é melhor mandar eles pra casa? — Perguntou um homem a um grupo de professores no corredor.

— Acho mais do que necessário diretor, o vírus já chegou ao nosso país e parece que já tem 30 pessoas com suspeitas.

— É tão ruim assim?

— Estão dizendo que vai morrer muita gente, principalmente idosos e pessoas com comorbidades.

— Uau, bom, acho que devemos dispensá-los, mas com informações pra que saiam daqui com o conhecimento de que se não respeitarem o afastamento social poderão perder muitos entes queridos.

— Está bem!

Não me dei conta de que eu segurava o braço de Lily tão forte, a olhei e ela me puxou para irmos pegar nossas coisas.

— Agora estou com medo! — Murmurou Lily.

— Não vamos morrer!

— Se minha mãe perder o emprego, morreremos de fome e não do vírus.

— Isso vai passar rápido, é só até eles descobrirem uma vacina, não deve demorar muito.

— Que Deus te ouça!  

. . .

Brian.

Não vou mentir, comecei a ajudar Jordan por causa da Dite, mas tenho a impressão que cada vez mais tenho mais vontade de colocar ele num potinho e protegê-lo e não é só por causa dela, ele me faz querer cuidar dele. Tirei o dia para ajudá-lo hoje. O levei pra sua casa, mas a verdade é que eu queria que ele fosse morar conosco.

— Eu. . . vou. . . vou ficar bem Brian, você tem que ir trabalhar.

— Tirei o dia de folga, vou ajudar você!

Jordan respirou fundo e segurou minhas mãos, mas não olhou me meus olhos.

— Eu não tenho como te agradecer por tudo o que você está fazendo por mim sem nem ao menos me conhecer direito, e céus eu não sei o que seria de mim sem você.

— Eu é que não tenho palavras pra te dizer depois de ouvir isso, mas J. estou fazendo tudo de coração.

— Eu sei. E por isso acho que não é justo com você. . .

— J. . .

Meu telefone tocou e atendi ao ver o número da Lily.

— Oi Lily — Brian está com você? — Está sim, aconteceu alguma coisa? — Estamos sendo liberadas, a escola nos liberou, os pais de Brian ligaram pra Dite e não estão conseguindo falar com ele, mas a coisa está feia Dan, todos nós vamos ter que fazer isolamento social. — Isso-Isso não é brincadeira? — Infelizmente não meu amigo, as coisas vão ficar bem ruins a partir de agora. Preciso desligar vou pegar uma carona no taxi da Dite. — Esta bem.

Desliguei o telefone e olhei pro Brian.

— E melhor você olhar seu telefone.  

. . .

Amor e subversãoOnde histórias criam vida. Descubra agora