Brian.
Assim que J. me mandou olhar o celular percebi que ele não havia tocado toda a manhã, quando o olhei.
— Droga, está desligado! — Custou para ligar novamente. — Pode fazer seus afazeres, vou verificar se tem algo importante.
— Tem sim, acho que não nos vamos ver por um tempo! — Comentou ele de cabeça baixa.
— Por quê?
— Bom parece que o negócio do vírus que estavam anunciando é verdade.
— Que vírus. . . ah, finalmente ligou. . . credo! — Inúmeras mensagens e ligações não atendidas dos meus pais. — Já falo com você J.
Ele foi ao quarto dele enquanto comecei a ver as mensagens dos meus sócios e parece que o mundo está entrando num apocalipse zumbi. Liguei para meus pais que por sorte eles já estavam isolados.
*. . . Cuidasse filho e principalmente cuide da nossa Afrodite, com a obesidade dela o perigo de a perdermos é muito maior.
— Isso é sério mesmo?!
*Não estaríamos tão desesperados se isso não fosse verdade filho, não deixe Afrodite pegar essa merda.
— Ok pai, fique tranquilo, vou fazer o que tiver ao meu alcance.
*Obrigado filho.
Respondi alguns colegas e entrei no google pra ver as ultimas noticias sobre o tal vírus e vi vídeos que gostaria de desver, pessoas morrendo sem oxigênio. Corpos sendo empilhados e queimados ou jogados em uma vala. Cobri minha boca chorando.
— Parece um pesadelo!
Jordan sentou ao meu lado e olhou o telefone.
— Não sabia que estava tão grave assim.
— Arrume suas coisas, vamos pra minha casa!
— Não posso simplesmente ir pra sua casa e deixar. . .
— Jordan, sim, você pode fazer isso, você precisa fazer isso, eu não vou te deixar aqui.
— Eu não vou ser mais um. . .
— Olha, se você não for comigo vai morrer! — Falei ficando nervoso. — Eu não posso simplesmente te deixar aqui!
— Eu. . . Está chorando? — Jordan me olhou sério e me levantei.
— Desculpe, foi um sisco.
— Brian. . .
— Por favor! — Implorei olhando em direção a janela, tentando me recuperar.
— Tem certeza?
— Absoluta, é só até tudo isso passar, depois te ajudo a limpar e arrumar sua casa, ela é sua ou alugada?
— É minha.
— Então depois te ajudo, quando tudo passar, agora precisa fazer suas malas e vamos pra casa, você e Afrodite precisam estar seguros!
— Por que diz isso?
— Porque vocês dois estão no grupo de risco.
— Nossa! — J. passou as mãos pela cabeça.
— Vá comigo, por favor?!
— Eu. . . Deus eu não sei o que fazer!
— Preciso que fique conosco.
J. apertou a boca, pensando, sacodia a cabeça.
— Quanto tempo acha que isso vai durar?
— Não faço ideia, mas pode durar alguns meses.
— Brian. . .
— Jordan?!
— Ok. Está bem!
Enchi o pulmão de ar aliviado.
— Por favor faça sua mala, leve o que precisa.
— Não tenho muita coisa. — Ele foi até a cozinha e pegou um envelope pardo. — Eu preciso pegar alguns documentos, ainda não sei o que é isto, mas meu pai deixou na mesa.
— Posso dar uma olhada enquanto você faz sua mala?
— Claro!
Ele me entregou e foi pro quarto dele. Sentei e comecei a ler. O pai dele fez um seguro de vida, Jordan receberia seiscentos mil dólares, então ele ficaria bem. Contei a J que começou a chorar, foi pra ajudar Jordan que ele cometeu praticamente um suicídio pois ele não estava alcoolizado no dia, foi feito exames da perícia aquele dia e ele não tinha nenhum tipo de droga no corpo. Levei Jordan pra casa. Afrodite me abraçou assim que me viu.
— Acha que vai chegar aqui? — Perguntou-me com medo.
— Parece que já chegou, vamos dar um jeito tá bem, ninguém sai de casa a partir de amanhã, eu vou deixar vocês e vou ir até a clínica, preciso resolver o que vamos fazer. Por favor faz uma lista das coisas que vocês vão precisar e me manda, na volta vou passar no mercado e vamos ficar quietos por um tempo.
— Eu vou com você! — Disse Brian.
— Eu prefiro que você fique aqui com Afrodite. Gatinha, Jordan vai morar conosco por esse tempo de isolamento então se poder ajude-o a se instalar.
— Pode deixar comigo!
— Obrigado! — Lhe dei um beijo e fui direto ao meu trabalho.
Estavam todos me esperando, clientes tinham desmarcado um monte de procedimentos. Estava tudo uma confusão, eu nunca me imaginei numa situação como esta, mas optamos todos por fechar por uma semanas e depois veríamos o que fazer. Passei no mercado que estava um caus. Comprei luvas e mascaras na farmácia ao lado e depois entrei no mercado, parecia que o mundo ia acabar, eu enchia um carrinho passava na fila e voltava, comprei mais produtos não perecíveis, e tudo da lista de Afrodite, Ouvi as pessoas falando e quase entrei em pânico dentro do mercado. Uma senhora falou que deveríamos comprar sementes e plantar coisas para comer pois a comida acabaria em breve se isso continuasse por mais tempo do que imaginavámos.
— Acha mesmo que sementes são a solução? — Perguntei sem me dar conta.
— Filho, vocês têm a tecnologia nas mãos, podem aprender o que quiseres, principalmente como fazer uma horta sustentável, talvez os humanos precisem se lembrar das origens ou até mesmo dar valor a quem planta, dar valor ao tempo que cada planta leva para amadurecer o fruto que você vai comer.
— A senhora tem razão! — Lhe sorri. — Obrigado pela dica.
— No final do corredor da ponta tem uma sessão cheia de sementes e coisas de jardim.
— Vou lhe dar ouvidos.
— Pode deixar seu carrinho ai eu cuido pra você!
— Obrigada mesmo, de coração.
— Ah, não se esqueça das flores!
— Flores comestíveis?
— Flores coloridas alimentam a alma. — Sorriu ela e lhe sorri de volta, peguei uma cestinha e a enchi de pacotes de sementes e um kit de ferramentas pra trabalhar na terra, talvez seja um bom passa tempo. Voltei ao meu carrinho na fila e a senhora realmente estava cuidando pra mim, mostrei a ela o que comprei e ela me explicou que não tinha necessidade de plantar todas aquelas sementes de uma só vez, me ensinou quantas de cada podia plantar e me deu dicas sobre as cascas dos legumes que eu comia. Aquela conversa foi a melhor coisa do meu dia de hoje.
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Amor e subversão
RomancePra muitos o amor é subversão, é raro a pessoa que não tenha que quebrar regras para poder amar livremente. Amar a si ou a qualquer outro, aliás amar a si é um dos maiores desafios, é preciso coragem... não... a palavra é ''subversão'' Regras fora...