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Brian.

Meu peito ficou pesado quando ele confessou àquilo de um jeito triste.

— O que reflete aqui? — Perguntou-me.

— Bom . . . você me pegou de surpresa com essa pergunta.

— Se não quiser falar tudo bem.

— Não, eu as vezes venho pra conversar com elas, perguntar se estou no caminho certo, principalmente com a Dite depois que minha irmã sumiu no céu e fiquei responsável por ela, nunca me imaginei sendo pai de alguém e nem consigo ser. . .

— Afrodite é sua sobrinha?

— O que achou que fosse?

— Sua namorada!

— Kkkkk não, ela é como se fosse minha irmã caçula.

— É que você anda de mão com ela e a chama de gatinha.

— E ela é, a minha gatinha desde que nasceu, sempre a chamei assim. — Agora parando pra pensar será que é por isso que ele estava arredio com ela?

— Olhe! — Disse ele ao mesmo tempo em que eu vi um cometa riscando o céu.

— Faz um pedido J.

— Já fiz, o que pediu?

— Já pedi tanta coisa que deixei esse pedido só pra você.

— Isso foi. .  . generoso. Obrigado. Por tudo hoje.

— Não precisa me agradecer, você é uma boa pessoa, não compreendo como alguém pode ter feito isso com você.

— Eu me pergunto todos os dias o que eu fiz de errado.

— Você não fez J, foram eles os errados.

— Talvez, mas não é como eu me sinto. 

— Como se sente?

— Culpado.

— Quer me contar ou prefere deixar pra outra hora?

— Quero te contar, mas não agora, está tão bom aqui, não quero estragar este momento.

— Eu as vezes fico pensado como o universo deve ser enorme e que o dia que eu morrer quero pedir permissão pra voar sobre ele e pular em cometas e abraçar estrelas. — Falei o fazendo rir.

— Deve ser demais.

— Né?!

Algumas nuvens começaram a surgir e vislumbramos um clarão e o estrondo veio uns segundos depois.

— Acho que é a nossa deixa! — Comentou. — Uma pena.

— Podemos vir mais vezes aqui.

— Ficarei feliz.

Me levantei o puxando e dei a mão pra ele novamente, sempre me imaginei trazendo um amor aqui, mas um amigo já me serve, talvez eu nunca tenha esse amor. Seria como quebrar mais do que barreiras, seria uma subversão.

— Está tão calado! — Comentou J.

— Estava pensando, desculpa.

— Quer compartilhar?

— Eu . . . outro dia. Hoje quero que você vá com a cabeça leve pra casa.

— Não sabia que a sua também pesava. — Disse ele procurando meus olhos.

— Tem alguns jogos que eu ainda não sei jogar.

— Como no amor?

— Leu minha mente?

Ele riu sacudindo a cabeça em negativa, só me dei conta de que não havíamos soltado a mão dele quando ele abriu a porta do carro e me conduziu ao acento. 

— Eu ainda não sei jogar nenhum jogo. — Confessou ele ao entrar no carro.

— Nunca namorou?

Ele riu com desdém.

— Não e você?

— Também não.

— Que?

— Não.

— Ta brincando né?

— Por que eu estaria?

— Você é lindo. . .

Senti o rosto queimar quando ele disse àquilo.

— Desculpe , é que é meio inacreditável.

— Já dei uns pegas, mas nunca passou de umas horas ali pra aliviar a tenção.

— Tá, pelo menos você não é virgem.

— Não. E você?

— Também não, antes. . . disso tudo acontecer eu fiquei com uma garota, ela era mais velha um ano, e perdi a virgindade com ela numa festa.

— Você . . .  gostou?

— Não era bem o que eu esperava, mas até que foi bom, logo em seguida minha mãe pegou meu irmão e fugiu de casa sem deixar rastros, só um bilhete dizendo que ia começar uma nova vida, longe do meu pai. — Ele sorriu irônico. — Acredita que ela nem lembrou que eu existia, nem no bilhete, nem na vida.

— Isso é horrível.

— Dai meu pai . . . ele começou a beber e eu a comer, ambos nos destruindo, meu pai perdeu o emprego e . . . por alguma razão encontrei você. — Ele sorriu.

— Espero eu seja uma coisa boa na sua vida.

— A melhor Brian. — Ele ligou o carro finalmente depois de me deixar desconcertado com essa, perguntou onde eu morava e eu lhe ensinei o caminho da minha casa. Ao chegar ele me agradeceu de novo pela noite e eu sai do carro de pernas bambas, subia as escadas pra espiar como Dite estava e tinha dormido com um  livro na cara o que achei estranho porque ela nunca se interessou por livros. Tirei-o com cuidado pra não acordá-la.

❤ ❤ ❤ ❤ ❤

Jordan.

Gosto de Brian ele parece um cara livre de preconceitos, uma pessoa pura de coração. Meu dia se tornou intenso, foi ruim? Foi! Mas depois tudo ficou bem e Brian me fez bem. E agora que sei que Afrodite não é sua namorada posso pensar em talvez ser mais flexível quanto a me aproximar dela, mas será que ela não teria nojo de mim? Não pareço ser a praia dela, aliás a de ninguém.

. . .

Meu pai não deu notícias, nem atendia ao telefone. Frustrado fui dormir. Acordei com uma mensagem de Brian.

Chefe: Bom dia, passando pra dizer que hoje começa um novo ciclo.

Eu: Bom dia

Eu: Estou ansioso pra começar.

Chefe: Que bom, tenha uma boa aula.

Eu: Obrigado e você tenha um bom dia de trabalho.

Chefe:😘

Fui pra escola sem ver meu pai, se ele não voltar hoje amanhã começo a procurar por ele nos hospitais, na verdade primeiro nos bares e polícia, ai sim hospital. Já o encontrei nos três lugares. Automaticamente estava procurando por algo doce em minha mochila. Fiquei desesperado quando não encontrei nada. Respira seu idiota, daqui a pouco estarei com Brian.

— O quê será que houve?

Há um carro de policia na frente da clinica, Brian estava com o policial e um papel na mão, quando desci do carro ele acenou com a cabeça pra mim e o policial me encarou, meu coração acelerou, fui até os dois.

— J este é o policial Robins ele veio atrás de você.

— É o meu pai?

— Infelizmente sim, Seu pai sofreu um acidente de carro e . . .

— Em qual hospital ele está?

— Ele não está em um hospital. — O policial pareceu triste e eu me liguei. — Seu pai não resistiu, ele estava sem cinto e a colisão fez ele atravessar o. . .

Deixei de ouvir o policial. Eu estava só. Completamente sozinho.

Amor e subversãoOnde histórias criam vida. Descubra agora