DOCE

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Em um de seus livros Chico Buarque, poeta e cantor brasileiro escrevera: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos.
E apesar de saber de tudo isso porque algumas dores duram tanto?

Para Philippe, aquela citação passou a fazer sentindo desde o momento em que ele pôs os pés para fora do quarto de Mariana a um ano e um mês atrás.

Treze meses desde a despedida.

Durante aquele tempo ambos tiveram notícias um do outro, Mariana havia se afastado dos negócios do pub o que aconteceu depois de uma longa conversa com André. Ela tinha planos para expandir sua boutique ali mesmo no Rio de Janeiro e quem sabe também em São Paulo.

Philippe havia ganhando a Champions League junto com o Bayern de Munique. Havia voltando para o Barcelona e se recuperava de uma lesão.

A Champions havia sido um dos momentos marcantes da vida do jogador. Era um título que ele sempre sonhou em conquistar e agora teria-o marcado em sua história.

Foi maravilhoso abraçar seus pais, irmãos e sobrinhas após aqueles 90 minutos. Mas sentiu falta dela.
Sempre acreditou que quando aquele momento chegasse Mariana estivesse lá, como em todos as outras vezes que o jogador fora campeão.

Em casa ao lado de Raul, Nana assistia a vitória do Bayern de Munique sobre o PSG. A mulher tinha seus olhos cheios de lágrimas enquanto via o momento que o capitão Lewandowski ergue a taça juntamente com os demias.

Philippe havia conseguido realizar um sonho e Mariana não poderia está mais feliz.

Foi naquele dia a última vez que eles se falaram, quando Nana tomou a coragem necessária para lhe mandar um áudio.

Phil nem pode acreditar quando viu a mensagem de Mariana chegar, ainda estava no vestiário e não esperou um segundo para escutar.

"Phil, eu tô muito muito orgulhosa e feliz por você! Você não tem noção de como eu torci por isso e como o meu coração tá alegre em te ver realizar esse sonho. Se sinta abraçado por mim, aproveita esse momento."

Coutinho ouviu aquele áudio mais vezes do que gostaria pelos meses restantes.

Sentia falta de Nana, queria poder ligar para ela, ir ao Rio de Janeiro tentar ao menos trazer de volta que eles eram antes do relacionamento. Mas sabia que não era uma ideia sensata, Mariana precisava daquele tempo e era sua obrigação respeitar, sem invadir seu espaço.

E assim os meses foram se estendendo, Philippe não voltou ao Brasil, ambos sabiam um do outro apenas por terceiros.

Mariana também sentia falta do jogador, sabia que se sentiria assim, mas precisou priorizar a sua saúde mental que estava fragilizada. Precisou daquele tempo para desintoxicar sua mente, trabalhar a sua insegurança e o autoconhecimento. Mudar outras áreas de sua vida, se reecontrar consigo mesma.

Seu amor por Philippe permanecia ali, em momento algum ela teve dúvida do sentimento vivo. Sempre procurava saber notícias dele através de Raul, não tinha coragem para o procurar, ele também tinha direito ao seu espaço e até de ter algum tipo de ressentimento da mulher.

Não sabia se Philippe havia se envolvido com outras pessoas, não gostaria de saber, não seria egoísta ao ponto de se chatear por Philippe seguir com a sua vida.

- Mari, tem uma pessoa querendo falar com você. - A voz de Josi soou no pequeno escritório de Mariana fazendo a mulher levantar a cabeça e tirar sua atenção da tela do notebook.

- Pede pra vim até aqui, tô ocupada. - Nana respondeu e voltou sua atenção a planilha a sua frente.

Ultimamente essa tinha sido a vida de Mariana, posta em frente aquele computador enquanto planejava cada detalhe da expansão de sua boutique. Pretendia ainda no primeiro trimestre do ano conseguir.

Agridoce - P. Coutinho ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora