{2007}

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2007

Mariana ouviu a campainha da sua casa soar lhe tirando do transe. A garota levantou do sofá contragosto e caminhou até a porta.

Philippe era quem estava do outro lado.

- O que é? - Mariana perguntou impaciente.

- Vim devolver o celular do seu pai, ele esqueceu lá em casa. - Ele disse.

- Hum. - Nana disse pegou o aparelho e deu as costas para Philippe.

Philippe fechou a porta atrás de si e caminhou até o sofá onda Mari acabara de se jogar.

- Que cara feia é essa, ô menina? - Philippe perguntou fazendo Mari bufar.

- Não é nada. Você vai ficar por aqui? Não lembro de ter te convidado para entrar.

- Não preciso de convite, sou da família. - Se gabou.

- Senta ai e não me enche o saco. - Resmungou.

- Ih, eu diria que você está na TPM, mas você sempre é esquentinha assim. - Ele riu e pegou os controles do playstation postos em cima da mesinha de centro.

- Idiota.

- Vamos jogar. - Philippe entregou um dos controles para Mari que recusou.

- Não tô afim.

- Qual foi em, pivete? - Philippe perguntou e largou os controles na mesa.

- Nada Philippe, não posso ficar de mal humor?

- É que eu te conheço Mariana, sei que está acontecendo algo. - Ele disse.

- Você me acha feia? - Mari perguntou e Philippe no instante seguinte soltou uma gargalhada.

- Eu não acredito que você está me perguntando isso.

- Ah, vai te foder. - Mariana disse e fez menção de levantar do sofá, mas Philippe segurou o braço da garota fazendo Nana continuar no lugar.

- Por que você me perguntou isso? Sabe que a resposta é sim. - Philippe brincou e empurrou a garota que levantou do sofá e em passos duros caminhou em direção ao seu quarto.

- Nana, você não está chateada, está? - Philippe disse caminhando atrás da garota.

- Ô moleque, você já pode ir embora. - Mariana disse quando chegou ao seu quarto.

- Ah, Mariana. Para de frescura. - Philippe disse caminhando para dentro do quarto da colega.

- Philippe sai daqui. Ou você quer que eu peça para o meu pai te tirar? - Nana perguntou de braços cruzados parada ao lado da porta.

- Seu pai nem tá em casa. - Ele riu e se jogou na cama da menina. - Agora me diz, o que tá passando nessa cabeça de vento para você vim me perguntar um besteira dessas.

- Não é besteira. - Ela resmungou. - Acho que você tem razão quando diz que nenhum garoto nunca vai gostar de mim.

Philippe lhe dizia isso quando os dois estavam discutindo por besteira, mas sempre falava para provocar a garota, nunca para magoá Nana, e ele pensava que a garota sabia disso.

Ele encarou a figura da menina em pé na sua frente, de braços cruzados e fitando.

Philippe que antes estava deitado, passou a se sentar enquanto fitava a garota.

- Nana, você sabe que eu não digo isso para valer, né? - Perguntou.

- Tanto faz. Mas é a verdade. - Ela disse.

- Por quê você tá falando isso? - Philippe perguntou fazendo Mariana suspirar e se sentar ao seu lado.

- Nenhum garoto nunca se aproximou de mim. - Nana disse e Philippe arqueou a sobrancelha esquerda.

- Você nunca ligou para isso, essas coisas de paquera, de namoro...

- Mas agora eu ligo. - Ela disse.

- Por quê? - Philippe estava intrigado com a mudança repentina de Mariana.

- Ah, sei lá. Todas as minhas amigas são tão bonitas e já beijaram, são todas tão confiantes e eu...Argh nem sei porque tô te falando essas coisas. Você vai ri e ficar enchendo meu saco com isso. - Mariana disse e jogou seu tronco para trás, deitando sob a cama.

- Ó, eu não entendo por quê você pensa assim. Tudo bem que você é uma implicante, barraqueira, chata e maloqueira, mas eu prefiro ser teu amigo do que amigo dessas outras garotas. - Ele disse e riu, na esperança de fazer a menina sorri.

- Viu? Eu só sirvo para isso. Para ser "amiga". E você já ficou com a Joice, ela me contou.

- Foi só um beijo Nana, e foi em um verdade ou desafio. - Ele disse. - E ó, você é muito mais maneira que essas meninas.

- Maneira só para jogar bola com você, né? - Resmungou e voltou a se sentar.

- Você é bonita, Nana. E eu tenho certeza que um dia você vai conhecer uma pessoa que te ame. - Ele disse e Mariana esboçou um sorriso. - Bem, ele vai te amar muito mesmo, para aguentar essa sua marra.

- Idiota. - Ela riu e deu um tapa no braço de Philippe.

Um silêncio se fez presente no quarto de Mariana.

Um desejo surgiu na garota e ela apertava forte seus dedos em suas coxas para não se deixar vencer pelo impulso.

Philippe não estava muito diferente de Nana, ele notou o desconforto da menina e sabia o que ela estava desejando, ele queria o mesmo.

- Acho melhor eu ir embora, depois a gente se encontra no campinho. - O garoto disse, mas permaneceu no mesmo lugar na esperança que Mariana fizesse algo.

- Tudo bem. - Mariana disse.

- Tchau. - Ele disse e ela apenas assentiu com a cabeça sem olhar para o garoto.

Philippe levantou da cama, e caminhou para fora do quarto da menina.

Quando estava próxima a porta ouviu passos apressados ecoar e a voz de Nana o fez virar para lhe olhar.

- Espera. - Ela disse.

- O que foi? - Perguntou.

Mariana caminhou em direção a Philippe, e chegou bem perto do mesmo, Mariana era alguns centímetros mais baixos que o menino ergueu a cabeça para lhe olhar nos olhos.

Philippe não teve tempo nem para pensar, logo sentiu as mãos de Mariana em volta de sua nuca, e seus lábios no instante sentiram os lábios de Nana.

Phill levou as mãos até a nuca da menina, e Nana por um breve instante afastou seus lábios do de Philippe, olhou sem graça para o menino, que apenas esboçou um sorriso no canto dos lábios e mordiscou o lábio o inferior de Mariana.

Philippe iniciou um novo beijo, e Mariana já se sentia mais segura, abriu a boca dando passagem para a língua de Philippe, que no mesmo instante aprofundou o beijo.

Era o primeiro beijo de Mariana, e Philippe estava feliz por ela o ter escolhido.

Ambos escutaram um barulho vindo do outro lado da porta e Nana se afastou do garoto rapidamente.

- É o meu pai. - Mariana cochichou para Philippe.

No momento seguinte Raul apareceu e os olhou desconfiado.

- Tá tudo bem? - Perguntou analisando suas expressões.

- Humrum. Philippe veio devolver o celular que o senhor esqueceu na casa dele. - Mari se adiantou.

- Ah, obrigado Phill. - Raul disse. - Vou tomar um banho, vai ficar para jantar conosco Philippe?

- Não. Já estou indo. - Philippe respondeu.

- Tchau Philippe. - Mariana disse e passou a segurar porta dando passagem para o garoto se retirar de sua casa.

- Tchau. - Ele disse e caminhou em passos lentos até a saída.

Philippe observou Raul se retirar da sala e aproveitou para roubar um selinho de Mariana antes de ir embora.

Agridoce - P. Coutinho ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora