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Philippe Coutinho

Eu dirigia pelas ruas de Munique ansioso para chegar em casa.

As horas dentro daquele CT pareciam não passar. Na verdade o tempo parecia ter parado desde o momento em que Mariana me mandou uma mensagem de texto avisando-me que estava indo para o aeroporto.

Eu não poderia está mais feliz. E era surreal tudo o que eu vivia nesses últimos meses com Mariana.

Por tanto tempo omitindo sentimentos que agora pareciam gritar por cada átomo do meu corpo. Eu adorava aquela mulher mais do que qualquer outra coisa.

Diversas vezes eu me pegava relembrando tudo o que já passamos juntos.
Nossas molecagens na infância que sempre termina em uma briga.
Nosso beijo na adolescência.
Nas nossas conversas tarde da noite onde nossos assuntos iam de coisas banais até assuntos como a política desastrosas pelo mundo.

Era ótimo ouvir Mariana falar sobre um assunto que ela tinha propriedade, eu amava contrariar tudo o que ela dizia para ouvi-lá se alterar.

Ela era extraordinária e maluca na mesma proporção, e eu sou apaixonado por isso.

Eu reconhecia o quanto estava bobo por aquela mulher, o que não vinha a ser surpresa para ninguém.

Tinha um sorriso estampado nos lábios enquanto relembrava toda nossa história.
Se Nana estivesse vendo minha expressão de felicidade nesse momento ela com toda certeza me chamaria de idiota.

Quando finalmente cheguei em casa escutei um barulho vindo da cozinha e apressei meus passos até o cômodo.

Encontrei minha mãe cortando legumes. Esmeraldina quando me viu abriu um sorriso largo.

- Ela tá dormindo. Chegou cansada, coitada. - Minha mãe dissera sem que eu precisasse perguntar.

- Faz tempo que ela chegou? - Pergunto e ela assentiu.

- Phil, eu tava conversando com o teu pai e acho que vamos retornar ao Brasil. Você e a Mari precisam dessa privacidade antes das suas férias chegarem. - Minha mãe disse me fazendo franzi o cenho.

- Vocês não precisam ir.

- Mas queremos, tem como você providenciar as passagens?

Concordei. Afinal, eu queria ficar sozinho com Mariana por esses dias.

- Eu vou lá, quero ver ela. - Digo.

- O jantar fica pronto logo. - Ela avisou e eu assenti.

Apressei meus passos até o quarto de hóspedes, a porta entreaberta me dava a visão da silhueta de Nana.

Adentrei sem fazer barulhos, largando os meus chinelos e me aproximando para deitar ao seu lado.

A pouca iluminação do quarto sobreavam o rosto de Mariana, sua expressão serena, sua boca entreaberta e sua respiração tranquila. Parecia outra Mariana, totalmente diferente da mulher elétrica e resmungona que era quando estava acordada.

Um resmungo saiu da sua boca quando passei a mão em seu rosto, tirando os fios de cabelo sob a sua fase.
A vi respeitar fundo e torci para que ela acordasse, mas como eu já sabia, Mariana tinha o sono mais duradouro que qualquer outra pessoa.

Fiquei em silêncio ao seu lado, observando-a dormir por longos minutos. A impressão que eu tinha era que Nana só iria acordar no ano seguinte.

A vi suspirar tempo depois, e seu corpo se mexer sob a cama. Seus olhos se abriram devagar e como de costume, Nana fez o que fazia de melhor: Reclamar.

Agridoce - P. Coutinho ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora