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Mariana Belchior


- Você me ouviu, Mari? - A voz de André soou um pouco mais alto que o comum me fazendo desviar o olhar para o meu amigo que me encarava carrancudo.

- Você pode repetir? - Pedi e o vi bufar.

- Eu já repeti umas três vezes Mariana. - Dé resmungou.

Respirei fundo e ajeitei minha postura na cadeira.

Desde a ligação com Philippe horas mais cedo minha cabeça não pensava em outra coisa se não nele.

Eu não estava mais tão brava e ferroz como quando nos falamos, mas ainda sim irritada e chateada com a situação.

E frustrada por me sentir tão insegura em relação a esse nosso relacionamento estranho a distância.

- Você pode receber os fornecedores? - Sai do transe mais uma vez ao escutar o tom de voz de André soar alto novamente.

- Claro, não se preocupe. Amanhã cedo, certo?

- Humrum. -Ele resmungou. - O que tá acontecendo Mari?

- Nada. - Esboço um sorriso. - São uns probleminhas pessoais, não se preocupe.

- É isso, ou saudade daquele pilantra? - André disse e sorriu de forma sugestiva me fazendo gargalhar.

- E eu lá sinto saudades daquele maluco? - Brinco e o vejo estreitar os olhos.

- Eu te vejo tão feliz Mari, Philippe te faz muito bem. - André dissera me fazendo soltar um suspiro.

- Estamos no começo ainda, e as vezes eu me pergunto se isso vai dar certo. - Digo e vejo André deslizar a mão por sua barba.

- Vocês se amam, qualquer pessoa é capaz de perceber isso.

- Você mais que ninguém sabe que amor não é garantia de relacionamento duradouro. - Resmungo.

André se calou por alguns instantes enquanto me olhava com um sorriso sugestivo no canto dos lábios.

- Eu acho que já entendi tudo. - Dé disse instantes depois.

- Ah é? - Ironizo.

- Mariana, o Philippe não é o Marco. - André disse e eu estreitei os olhos.

- Sim, eu sei mas...

- Você tá com medo do Philippe aprontar contigo do mesmo jeito que o Marco fez.

- Não é por ai Dé. - Me adianto em dizer.

- É sim Mari, e eu não te julgo. Acompanhei de perto o teu sofrimento quando rompeu com o Marco, é normal que você sinta-se assim. Mas não deixa que isso venha atrapalhar teu relacionamento com Philippe. - André disse me fazendo soltar um suspiro.

Não é como se eu tivesse medo de ir fundo em uma relação com Philippe, ou por achar que ele é igual a Marco.

Eram as minhas malditas inseguranças que haviam sido despertadas quando Phil havia me relatado o acontecido.

- Amor, vamos! - Ana disse abrindo a porta da sala onde André e eu estávamos.

Minha amiga estava rodeada de bolsas me fazendo ri.

-Acho que essas tuas compras vão garantir o salário das meninas. - Brinco.

- Deixei metade do meu salário aqui, mas eu não me controlo quando chega peças novas. - Ana dissera colocando as sacolas sob a minha mesa.

- Não sei por que vocês gastam tanto com essas coisas. - André disse e Ana deu de ombros.

- Até parece, André!

Agridoce - P. Coutinho ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora