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Mariana Belchior


O filme que passava na tevê acabara de chegar ao fim.
Olhei a hora no celular de Philippe e vi que ainda não eram nem 6 horas da manhã.

Philippe dormia com a cabeça apoiada em uma almofada sob as minhas coxas e eu analisei sua expressão por alguns instantes.

Phil dormia profundamente com a boca entre aberta e a respiração pesada o que já me deixou irritada inúmeras vezas quando tínhamos que dividir a mesmo espaço na hora de dormir e eu não conseguia se quer cochilar devido ao barulho da respiração de Philippe.

Levei minha mão direita ao seu cabelo curto, lembro perfeitamente da minha reação exagerada quando Philippe me mandou uma foto após cortar seus cachos, eu os adorava e quase não acreditei quando vi depois de muitos anos um Philippe sem seus cabelos enrolados.

Deslizei minha mão para o seu pescoço, tocando em sua tatuagem, sorri baixinho ao lembrar de Cristiano contando que jura ter visto o irmão chorar silenciosamente enquanto o tatuador fazia o seu trabalho e eu acredito em Cris, já que no dia em que Philippe pediu para que eu furasse suas orelhas ele choramingou durante todo o tempo.

A desculpa que ele deu foi que eu fui extremamente agressiva. Até parece.

Um outro filme começou a passar, mas eu não estava interessada nem um pouco em assistir, mesmo que Sandra Bloch fosse a protagonista.

Mas levantar do sofá também não era uma opção já que eu estava com dó de levantar e acordar Philippe então continuei sentada, quietinha aassistindo Sandra Bloch e Ryan Reynolds em uma comédia romântica.

O filme já se passaram da metade e Philippe continuava a dormir com um bebê, e eu não entendia como já que eu estava constantemente mexendo as pernas na tentativa de acordar-lo "sem querer querendo".

- Já estão acordados? - A voz de Esmelradina soou e eu logo a vi se aproximar.

- Eu sim, já esse traste...- Brinco.

- O que aconteceu, cairam da cama? - Tia Dina perguntou descontraída.

- Eu acordei por volta das 4h00 da manhã para tomar um analgésico e o já Philippe tava lá fora. Acabamos vindo assistir, mas o bonito aqui logo dormiu.

- Ele tava lá fora, as 4h00 da manhã? O que ele estava fazendo? - Dina perguntou de forma intrigada e eu dei de ombros.

- Não sei, pensando talvez.

- Hum. - Ela resumungou. - Você tá com fome? Vou preparar o café da manhã.

- Eu te ajudo - Digo.

Levanto com cuidado para não acordar Philippe e desligo a tevê, e acompanho Esmeraldina até a cozinha logo em seguida.

Esmeraldina pediu para que eu preparasse o suco enquanto ela se encarregaria de fazer um bolo.

- Eu desconfio que você é o motivo da insônia do Philippinho, sabia? - Esmeraldina disse de supetão me fazendo gargalhar.

Ela me olhou com uma ar de riso e balançou a cabeça negativamente enquanto misturava os ovos juntos a margarina na batedeira.

- Eu acho engraçado essa obsessão de vocês comigo e Philippe. Pelo amor de Deus, não tem nem lógica. - Sorri nervosa.

- Não tem lógica você fingindo que não percebe nada acontecendo. Até uma criança vê o quanto o Philippe gosta de você.

Agridoce - P. Coutinho ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora