Não Há Muito Tempo

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[ Yuqi ]


Eu tenho de admitir, estou realmente nervosa e apesar de saber o motivo, não me parece ser algo que deveria estar acontecendo. Essa coisa de não lembrar de quase nada é um saco.

Não, eu não estou depressiva, não me isolei do mundo e nem amaldiçoei qualquer pessoa que eu via na rua ou até mesmo Deus por causa disso. Até para minha própria surpresa eu aceitei a nova realidade tranquilamente, precisando me adaptar somente a ser uma pessoa que você nem sequer sabe quem é.

Tudo bem, isso é estranho. Você se olhar no espelho e saber que seu nome é Yuqi apenas porque lhe contaram isso é deveras esquisito. Já perdi as contas de quantas vezes fiquei parada em frente a um espelho observando meu reflexo querendo muito reconhecer a mim mesma.

Isso está parecendo quase que uma missão impossível.

Se não estou me encarando, eu fico sentada na cama do hospital olhando para o nada, forçando minha mente a relembrar de qualquer coisa de meu passado, nem que fosse besteiras, mas que me fizesse remeter a minha vida anterior. Eu me sinto como alguém que acabou de nascer em um corpo já adulto.

No instante em que eu estava perdendo as esperanças de lembrar quem realmente sou, despertei na noite passada após um sonho extremamente confuso e vergonhoso para mim.

Não me recordo de muito, mas eu estava caminhando por um corredor que me parecia familiar. Eu havia parado em frente a uma porta e respirado fundo antes de bater na madeira três vezes. Esperei por alguns instantes até ver uma garota surgir em minha frente, com um lindo sorriso que me deixou fraca e hipnotizada.

Eu lembro dela, foi a primeira pessoa que vi quando despertei do meu coma. A bela mulher ao qual se chama Minnie e que deve ser muito importante para mim, como devo ser para ela, pois eu a feri bastante por não a reconhecer, mesmo que não tenha sido minha intenção. Ela nunca mais ter aparecido para me ver é a prova disso.

A Minnie de meu sonho havia me dado espaço para que eu entrasse em seu quarto e assim eu fiz. Eu caminhei diretamente até a cama e me sentei na beirada percebendo que eu estava nervosa. Ela sentara do meu lado, segurando meu queixo e fazendo-me olhar diretamente para ela. Apesar de não fazer ideia do que me disse, pois eu só conseguia ver seu movimentar de lábios, mas tudo que eu ouvia era chiado, como uma rádio em estática. Nem mesmo leitura labial eu conseguir fazer. Estava nervosa demais para pensar em algo assim. Tudo que eu queria era lhe contar algo muito importante e sentia necessidade de me abrir naquele momento.

Apesar de não ter visto a continuação desse sonho, eu tenho a sensação aqui dentro de mim de que não contei nada a ela. Assim como meu íntimo me diz que isso fora uma lembrança ao qual eu vivenciei, não somente um sonho qualquer.

Ou seja, a primeira lembrança que me vem em mente é de um momento ao qual eu não tive a coragem de dizer para Minnie o que sinto por ela.

O que sinto eu também não tenho certeza. O que mexe comigo é saber que esse sentimento é tão forte que me deixa entristecida e sem vontade de fazer absolutamente nada quando eu sei que ela está me evitando e tudo piora quando eu me imagino sem tê-la mais em minha vida.

Não ter memórias é um saco.

Então eu percebi que era necessário entrar em contato com ela de alguma forma. Assim eu pedi ajuda a Siyeon, uma garota que também estava no quarto quando despertei. Eu já sei do essencial pelo que me contaram. Ela faz parte de um grupo musical diferente do que participo, mas somos muito amigas e estamos vivendo no dormitório delas após o caso em que o nosso lar foi explodido, acarretando o meu estado de coma. Ou melhor, que minhas companheiras de grupo estão vivendo, pois desde então eu sempre estive naquele hospital.

SuaYeon SoulmatesOnde histórias criam vida. Descubra agora