Escudo De Fogo.

A morte dos condenados.

Levi adentrou silenciosamente aquela maldita arena de combate. Tudo estava exatamente igual a última vez que estivera ali e se não fosse pela ausência dos quatro tronos ele poderia dizer que havia voltado no tempo. O sol lançava seus raios sobre aquele povo com violência e estava tão quente que suor escorria de seu pescoço, apesar de um pouco se dever ao seu nervosismo. Ergueu os olhos e pode ver que uma grande estrutura feita de vidro havia sido montada bem diante de seus olhos e os quatro tronos estavam bem posicionados ali dentro, seguros. Sorriu com a certeza de que o rei temia uma nova fuga.

A plateia gritava ensandecida e Levi só percebeu que era por conta de seu adversário quando mirou os olhos no moleque franzino a sua frente. Diferente de Levi o loiro não usava uma armadura e tinha em seu rosto um sorriso convencido. Percebeu também que ele não portava uma espada.

- Senhoras e senhores – A voz do homem magrelo a frente de Levi tomou todo o campo de batalha – Povo de Marley – Mais gritos foram ouvidos – Agora os cavalheiros podem escolher suas armas – Ele disse apontando uma grande mesa onde haviam várias opções para que ambos pudessem escolher.

Levi caminhou de cabeça erguida em direção a mesa e passou os dedos sobre uma espada simples e sem muitos adornos. Escolheu-a, sabendo que nem a mais forte arma o pouparia de seu destino cruel. Alguns serviçais se aproximaram dele e passaram a instalar um dispositivo estranho em sua cintura. Reconheceu dois cilindros de gás e se recordou de já ter visto os soldados do castelo usando aquilo. Era um DMT. O que era ridículo levando em conta que Levi nem mesmo sabia como usar aquilo. Armin não se moveu e continuou apenas observando de longe, o que preocupou Levi que andou em passos lentos de volta para a posição em que estava anteriormente.

- Que vença o melhor – O homem magricela declarou enquanto saia rapidamente do meio da confusão.

E antes que Levi pudesse sequer reagir um estrondo foi ouvido e a pele antes fina de Armin foi coberta por uma monstruosa camada de músculos, transformando-o em um daqueles gigantes que o povo dali parecia adorar. Levi engoliu em seco e fez uma prece silenciosa. Precisava sair dali vivo.

                             * * * 

Mikasa saiu do quarto de Levi ainda sentindo suas bochechas queimarem. Queria gritar, chorar e espernear como uma criança pequena mas sabia que não poderia. Maldita ilha, malditos reis e princesas e maldito Eren, pensou. Havia demorado tanto tempo para finalmente compreender seus sentimentos e agora que o havia feito o homem que amava estava prestes a ser executado por aqueles malditos.

- Princesa? – Mikasa foi surpreendida pelos olhos escuros de Grisha que pareceram varrer seu corpo todo, observando cada detalhe. Mikasa se sentiu constrangida com aquele olhar – Vejo que foi visitar nosso prisioneiro – Ele riu com escárnio.

- Sim – Mikasa levantou a cabeça, não tinha medo dele – E quando ele sair vitorioso desse campo de batalha voltaremos para nossa casa e desejo nunca mais ver nenhum de vocês.

Grisha desatou a rir. Uma risada verdadeira, daquelas que fazem o corpo todo chacoalhar. Os guardas que o acompanhavam permaneciam em silêncio.

- Se ele vencer essa luta – Ele limpou uma lágrima que escorria pelo canto de seus olhos, tamanha era graça do que Mikasa disse – Então você poderá voltar para casa e ele permanecerá bem aqui nesse castelo, conforme combinamos – Grisha sorriu de uma maneira aterrorizante – O que eu garanto a você que não acontecerá.

Mikasa sentiu que poderia desmaiar. Levi havia mentido para ela, mentido como todos os outros fizeram desde que pisou os pés naquele maldito lugar. Cerrou os punhos e respirou fundo. Não aguentava mais tantas mentiras e palavras vazias.