Coroação.

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Grisha fitava o pátio do castelo com um gosto amargo nos lábios. Tinha assuntos referentes ao reino para tratar com seu filho e a demora e insolência do mais novo sempre tornava tudo mais difícil.

— Vossa alteza — Eren fez uma reverência e ficou em frente ao próprio pai — O que precisa?

— Temos que conversar — O mais velho disse cansado — Vou ser breve. Fui até o oráculo ontem e temo que nosso poder esteja sendo ameaçado.

— O que ele lhe disse?

— Que se você tomar o poder da Deusa nosso reino sucumbirá — O mais velho disse temeroso — Não será capaz de conter sua fúria. Todos nós nos encontraremos com a morte.

Eren revirou os olhos.

— Não sabe que aquela cobra é uma farsa? — O príncipe se referia ao oráculo — É logico que ela fará tudo para me impedir de me tornar poderoso. Ela está ao lado do povo.

Grisha suspirou.

— Cancele seus planos — O rei ordenou — Você irá se casar com Mikasa, mas não a matara.

Um sentimento de ódio passou pelos olhos verdes do príncipe, o que não passou despercebido para o rei. Eren trincou os dentes.

— Não posso — Ele foi firme — Durante toda minha vida estivemos atrás desse poder, meu rei — Ele continuou — Desistir de tudo agora seria loucura. Estamos a um passo de conseguir.

— Desista — Grisha ordenou e se aproximou do filho, seus olhos se enfrentando furiosos — É uma ordem.

— Não — Eren declarou.

— Eu sou o rei — Grisha acertou o rosto de Eren com um tapa — Eu mando. Você obedece —Declarou.

O príncipe levantou a cabeça vagarosamente. Não era mais uma criança que recebia ordens e não deixaria a loucura de seu pai estragar seus planos. Ele queria aquele poder. E faria de tudo para consegui-lo.

— Como quiser, pai — Ele disse enquanto virava as costas — Enquanto você for o rei eu não tenho poder algum.

* * *

Mikasa estava sentada em sua cama e encarava as páginas do livro, tentando se concentrar.  Tinha os pensamentos no estranho de cabelos negros que haviam encontrado na cidade e desfrutava da companhia de Snow. Sasha estava em um canto do quarto, arrumando uma pequena mesa com seu desjejum.

— Você o conhece? — A princesa perguntou a amiga, curiosa.

— Quem, alteza?

— Aquele homem — A princesa suspirou — Aquele que encontramos na cidade e que tocou minhas mãos.

Sasha pensou por alguns instantes. A figura ruiva do homem não lhe agradava muito. Parecia ser um mercenário ou algo do tipo.

— Nunca o vi — Foi sincera.

Mikasa suspirou.

— Acho que era o homem mais lindo que já vi em toda minha vida — A princesa disse sonhadora — Quando tocou minhas mãos senti como se rastros de fogo tocassem minha pele — Ela continuou, sonhadora — E aqueles olhos azuis...

— Acho que a senhora está enganada — A dama de companhia disse, incerta — Me lembro muito bem que ele tinha olhos pretos.

— Que estranho — Mikasa pensou por alguns segundos — Acho que estou ficando louca.

Sasha sorriu e pegou as mãos da amiga. Agora já se sentia um pouco mais à vontade com os fatos recentes. Mikasa aproveitou a proximidade para fazer a pergunta.

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