Surpresa.

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 Bolo era definitivamente sua comida preferida, Sasha pensou enquanto enfiava mais uma fatia do doce na boca, sem parar ao menos para respirar. Era madrugada e havia acordado com fome, andando cuidadosamente pelos corredores vazios do castelo e se dirigindo a cozinha.  

— Você não para de comer um segundo — A voz de Connie a sobressaltou — Nem mesmo de madrugada.  

 Sasha se virou, migalhas de bolo grudadas no canto de sua boca. O oficial usava o uniforme de soldado, provavelmente estava fazendo sua ronda quando ouviu barulhos e foi averiguar. Agradeceu silenciosamente que houvesse sido ele a encontrá-la ali.  

—  Quer? — Ela disse estendendo um pedaço para o outro — Eu tava morrendo de fome. 

— Você sempre tá com fome — Ele disse enquanto aceitava a oferta da moça — Isso tá maravilhoso! — Exclamou devorando também um pedaço. 

Sasha sorriu convencida.  

— Você fica muito bonita quando sorri — O guarda disse distraído e sentiu suas bochechas corarem ao perceber o que havia dito — Quer dizer... 

— Obrigada — Sasha sorriu e abraçou o homem à sua frente. 

Se arrependeu no instante seguinte. O cheiro de Connie lhe agradava e não pode evitar suspirar audivelmente. O homem se encontrava estático, consciente demais da aproximação da outra. A verdade é que há algum tempo vinha se sentindo feliz demais com a proximidade da moça e não admitiria, mas sua atividade favorita era implicar com a garota a sua frente. 

— Desculpe — Ela disse tímida e rompeu o contato, virando de costas — Vou voltar para meu quarto. Boa noite. 

— Boa noite — O soldado respondeu observando a moça lhe dar as costas — Durma bem. 

* * *

Carla observava o teto acima de sua cabeça com grande pesar. A visita de Eren havia mexido com sua cabeça e não suportava a ideia de que seu filho havia se tornado um monstro. Sabia que Levi, o mais velho, estava agora no castelo e torcia para que este ao menos viesse vê-la uma última vez. Precisava pedir perdão a ele. 

 O barulho das grades sendo abertas a fizeram se sobressaltar. Vários guardas chegaram, empunhando espadas, e Carla quis chorar ao perceber que o dia de sua execução havia chegado. Levi não tinha vindo visita-la, foi o que pensou enquanto encarava o chão de concreto. 

— Alteza — A voz familiar de seu menino a fez erguer a cabeça — Precisamos ir — Era Levi, o feitiço se sobrepondo a sua figura estranhamente familiar.  

— Me deixem a sós com esse homem — A voz de Carla foi imponente e mesmo suja e acorrentada sua autoridade era tanta que os guardas recuaram, deixando-os a sós — Eu pensei que viria me ver antes — Ela disse em um fio de voz, concentrando o olhar nos orbes azuis a sua frente.  

— Estive ocupado — Ele desviou o olhar — Me desculpe.  

 Carla sorriu. Era tão fácil para ele se desculpar e mostrar seus sentimentos. Levi amava Mikasa e gritaria para o mundo todo se fosse necessário, enfrentaria monstros e guerras, tudo pelos seus ideais. Não pode evitar de compara-lo a Eren, que apesar dos motivos errados também tinha essa mesma determinação. No final não passavam de duas crianças. Seus filhos. 

— Levi – Falou devagar, ainda era difícil expor seus sentimentos dessa forma — Eu quero te pedir perdão. Sei que já falamos sobre isso, mas eu sinto que fiz a coisa certa salvando sua vida. Sou uma mulher moldada pelo ódio e pela violência e fico feliz em saber que você não é assim. Você é bom, exatamente como seu pai era.  

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