Feiticeira.

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Mikasa passeava contemplativa pelo jardim quando a figura de um gato surgiu na sua frente. Tinha o pelo branco e orelhas peludas e ronronou automaticamente quando os dedos da princesa tocaram seu pelo macio.

— Vossa alteza — Sasha tocou os ombros da princesa —A senhora não pode tocar em qualquer animal de rua. Pode ser perigoso.

— Esse animal não é meu? — Mikasa perguntou, confusa.

— Não mesmo, senhora — Ela respondeu prontamente — Nunca em toda a minha vida vi este gato por essas redondezas.

Mikasa avaliou o animal. Parecia ainda ser um filhote e era tão bonito que precisou se esforçar para tirar os dedos do seu pelo. Estava um pouco sujo e parecia ser de rua.

— Quero ele — Declarou e voltou a caminhar — Peça que os criados o alimentem e deem um banho, vai ficar nos meus aposentos.

— Como a senhora desejar — Sasha deu as costas para a princesa com um aperto no coração — Volto em um instante.

Mikasa observou as árvores cheias de frutas e a vastidão daquele jardim florido. Inspirou com força o aroma doce e sorriu. Estava em casa.

* * *

— Quer beber alguma coisa? — A voz grave de Erwin sobressaltou Levi que tinha os olhos fixos no chão.

— Um chá, se possível — Respondeu desanimado.

Erwin foi até a cozinha e trouxe duas canecas fumegantes. Posicionou-as em uma pequena mesinha de centro e fitou o homem a sua frente com interesse. Carla não havia o contado o motivo da sua preocupação com o garoto, mas vendo seus traços fortes e conhecendo sua coragem não tinha dúvida alguma que aquele era o herdeiro Ackerman. O verdadeiro rei daquele lugar.

— Qual o seu nome? — Perguntou ao garoto apático sentado à sua frente.

— Me chamo Levi — Pigarreou - Levi Rivaille — Os olhos azuis dele percorreram o homem a sua frente e devolveu a pergunta — Erwin, certo?

— Isso mesmo — Tomou um gole de seu chá — Como estão os ferimentos?

— Melhores — Respondeu entediado.

— Sabe, garoto — Erwin tinha um olhar profundo — Não foi fácil trazê-lo até aqui e fico pensando qual o motivo da rainha querer tanto que você viva.

Levi pensou por alguns instantes. Ainda não havia digerido completamente as informações e mesmo que não conseguisse pensar em sequer um motivo para Carla ter salvo sua vida ainda não sabia se confiava nela.

— É um assunto complicado — Rebateu.

— Entendo — O loiro meneou a cabeça — Carla me fez prometer que o manteria em segurança e é exatamente o que farei — Disse observando a escuridão lá fora.

— Obrigado por me deixar ficar aqui — Agradeceu.

— Você precisa descansar — Erwin disse já se levantando — Amanhã precisamos encontrar uma pessoa.

* * *

O dia amanheceu quente e Levi se levantou um pouco assustado. Não dormira a noite toda e sentia seu corpo pesado como chumbo. Lavou o rosto em uma pia improvisada e não pode conter o espanto ao ver os hematomas arroxeados em sua pele antes imaculada. Tinha uma sombra de barba e seus olhos tinham olheiras profundas. Estava horrível. Decidiu tomar um banho, estava suado e seus cabelos grudavam em sua testa.

— Bom dia — Erwin entrou na casa sorridente enquanto Levi terminava de vestir uma camisa limpa.

O homem trajava uma roupa como a dos soldados do castelo e tinha os cabelos loiros perfeitamente alinhados. A diferença estava na quantia de medalhas que seu peito carregava.

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