Início do fim.

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  Eren estava sentado à mesa lendo alguns relatórios quando Armin entrou em sua sala. O loiro usava uma blusa de linho branco e tinha as mangas erguidas até o cotovelo.

—— Precisei resolver um problema —— Disse ajeitando a vestimenta enquanto Eren não desgrudava os olhos de seus braços descobertos —— Desculpe por minha falta de formalidade.

O moreno apenas fez um gesto com a mão e indicou que ele se sentasse. 

—— Foi até a feiticeira? —— Eren foi direto ao assunto.

—— Ainda não —— O loiro admitiu —— Vou hoje mesmo.

O rei sorriu e se jogou para trás, as mãos apoiadas em sua cabeça e as pernas preguiçosamente cruzadas. 

—— Perfeito —— Declarou —— Precisa que eu e o acompanhe?

Armin negou com a cabeça e começou ir em direção a saída, apressado. Desamassou o tecido da camisa com as mãos e ia virando as costas quando a voz de Eren o surpreendeu.

—— Obrigado —— Parecia quase frágil e Armin teve medo de se virar e encontrar os olhos verdes cheios de pesar —— Por estar sempre ao meu lado.

—— Sabe que não poderia ser de outra forma —— O loiro respondeu e continuou em direção a porta, seu coração o traindo e batendo tão forte que ele temeu que pudesse ser ouvido —— Volto logo.

Armin saiu dali com a intenção de cumprir sua missão o mais rápido possível. Pediu para que alguns soldados o acompanhassem e cavalgou em direção à casa da feiticeira. Precisaria apenas pegar o que combinaram e logo retornaria para casa. 

Chegaram alguns minutos depois e Armin não gostou nenhum pouco do que viu. A casa estava totalmente vazia. Procuraram nos quartos, na cozinha, em todo o jardim e até mesmo nas redondezas. A desgraçada tinha fugido.

Armin cerrou os punhos e mandou que Reiner procurasse por toda a vila, tinham ordens para invadir quaisquer casa e estabelecimentos, queriam a maldita feiticeira que ousou enganar seu rei.

Esperou algumas horas e antes que a noite caísse seus soldados voltaram arrastando a figura patética da mulher acorrentada. Ela tinha os cabelos ruivos cobertos por um lenço e não usava maquiagem alguma, além das roupas simples. Estava claro que havia tentado se esconder.

—— Fale —— Ordenou quando os joelhos da megera tocaram o chão —— Onde está a lâmina que o rei solicitou? —— Pôs a espada em seu pescoço e ela fechou os olhos, assustada.

—— Não a tenho mais —— Petra confessou em um fio de voz —— A perdi.

—— Não minta —— Armin apertou mais a espada contra seu pescoço, um filete de sangue escorrendo sobre seus seios —— Diga ou vou matá-la.

Petra negou com a cabeça, ficando totalmente em silêncio. 

—— Erwin —— Armin mandou e o capitão dos soldados apareceu a sua frente —— Sabe o que fazer —— Disse indicando a mulher que tinha uma aparência muito frágil —— Só pare quando ela disser tudo o que quisermos.

Deu as costas e saiu para fora da casa, não gostaria de presenciar aquele tipo de coisa. Os gritos de Petra podiam ser ouvidos e por um segundo pensou que fosse realmente melhor que não houvessem vizinhos para testemunhar tamanha brutalidade.

—— Ela não vai falar —— Bertholdt saiu de dentro da cabana limpando as mãos que estavam sujas de sangue em um lenço —— Acho melhor levá-la ao castelo.

Armin pensou por alguns instantes. Petra não diria onde havia escondido a lâmina, mas Hange certamente o ajudaria com isso. Levar a mulher para Eren não era uma opção, ele ficaria mais furioso ainda e não queria estressa-lo. A ideia de que Eren fosse responsável pela morte direta de mais alguma pessoa o aterrorizava, odiava saber que as mãos que tanto amava estariam sempre cobertas de sangue fresco.

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