Êxito.

82 10 4
                                    

Faziam dias que Mikasa não aparecia para fazer as refeições na sala de jantar e o ambiente parecia assustadoramente vazio enquanto apenas ele e Eren desfrutavam do jantar. As refeições agora eram solitárias e o silêncio ensurdecedor, era quase como se pudesse ver nas cadeiras vazias as figuras que antes ocupavam aqueles lugares. Grisha, Carla, História. Mikasa seria apenas mais uma.

Armin sentia falta de História, tanta que chegava a doer, e por várias vezes pensou seriamente em quebrar a promessa que havia feito a Eren e ir visita-la. A moça que morava com sua irmã disse em uma carta que ela estava se adaptando bem e somente isso foi o suficiente para que sentisse vontade de seguir em frente.

— No que está pensando? — Eren tinha o prato intocado e bebia determinado uma taça de vinho — Está mais quieto que o habitual.

Desviou o olhar e pensou em como o outro reagiria se admitisse pensar nas pessoas a quem Eren assassinou. Se seus pais estivessem vivos, o que diriam do homem que seu filho se tornou?

— Em História — Admitiu em voz alta.

A expressão no rosto do outro se fechou. O sorriso leve no rosto de Eren sendo substituído por uma carranca de ódio.

— Como assim? — Franziu o cenho — Ela está viva. Não é suficiente?

— Sim — O loiro tomou um gole do próprio vinho, tentando disfarçar o gosto amargo na própria boca — Mas gostaria de vê-la.

Eren ergueu uma das sobrancelhas e o encarou. Armin era mesmo estranho e vivia com meias palavras. Sabia que o que ele realmente queria era perguntar se podia vê-la.

— Pode ir visita-la se quiser — Disse antes que pudesse conter as palavras — Mas seja discreto.

— Sério? — Armin explodiu em alegria, os olhos antes opacos agora cheios de animosidade.

Eren poderia negar. Ele podia gritar com Armin e depois fazê-lo pedir perdão por ousar pensar em quebrar a promessa que havia feito, mas a expressão do outro era tão feliz que não foi capaz de acabar com ela.

— Sim — Disse simplesmente e voltou a atenção novamente para a comida, desviando o olhar embaraçado do outro.

— Obrigado — Armin sentiu que seu coração se enchia de alegria novamente, aquela solidão aos poucos começando a se dissipar.

* * *

Armin estava voltando para seus aposentos quando vozes altas vindas do quarto da princesa o chamaram a atenção. Estava desconfiando de Mikasa, ela andava muito reclusa e quieta nos últimos dias e a cena que viu no corredor não colaborou em nada para que suas desconfianças cessassem.

— Não toque! — Armin reconheceu a voz da criada responsável pelos cuidados da princesa — Pode te matar.

Arqueou as sobrancelhas e percebeu que não havia nenhum guarda cuidando da porta que estava entreaberta. Se aproximou devagar, temendo fazer barulho, e percebeu que dentro do quarto uma conversa se desenrolava.

— Não vou tocar — Mikasa garantiu — Será que posso morrer somente por encostar? Parece inofensiva.

Armin arregalou os olhos. Eles não podiam estar falando da lâmina, não é? Se aproximou mais da porta, tentando identificar o que a voz sussurrada da outra dizia.

— Não fique gritando — A moça ralhou — Podemos ser ouvidos e se encontrarem essa lâmina estaremos todos mortos! — Ouviu passos se aproximando e Armin viu quando ela fechou a porta, tornando impossível que ouvisse o restante da conversa.

Escudo De Fogo. Onde histórias criam vida. Descubra agora