Capítulo 12

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- Você não é uma aberração.

Inês entrega o celular pra Márcia e caminha até o lado de Tutu.

Márcia levanta e parece querer dizer alguma coisa, mas as palavras não saem.

As duas se olham por alguns instantes até que Márcia vira as costas e sai apressada do Cafofo.

Assim que entrou no seu carro ligou pra Eric.

- Fala Márcia.

- Oi, Eric. Pode encontrar comigo no meu apartamento?

- Posso sim. Que horas?

- O mais rápido possível. Eu chego em casa em uns 10 minutos.

- Beleza.

Chegando em seu apartamento a policial logo avista seu colega. Não estava muito tarde, ainda ia escurecer.

- Eric!

- Oi Márcia, aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem? - ele disse apressado.

- Vamos subir. Vou passar um café e te conto tudo.

- Vamos, Márcia, pra que todo esse suspense.

- Dá pra você esperar a gente subir alguns lances de escada? Não quero que ninguém mais escute.

- É sobre a investigação? Eu ainda não acredito que vocês estão me investigando! Como você pode pensar que eu ma...

- Eu sei que não foi você quem matou o Manaus. - ela interrompe abrindo a porta de seu apartamento. - Entra, você já e de casa, né?

Inês, de seu cafofinho, olhava pra Tutu e se permitia viajar dentro de suas próprias memórias.

Parecia que tinha se transportado pra floresta escura, fria e solitária. Era quase como se pudesse sentir de novo aquela dor que mistura felicidade e medo: seu primeiro filho estava nascendo.

Mas tudo pode mudar num piscar de olhos, não é? Tudo mudou.

Claro que lembrou de quando Tutu era mesmo apenas um menininho. Como um garoto pequeno e magricelo virou aquele homenzarrão?

Pensou na conversa que teve com Ciço.

- Ah Ciço... eu mesma me abandonei tanto tempo. Quem pode se aproximar desse jeito? - disse em voz alta, mesmo estando sozinha.

Inês sabia que precisava se permitir, e tinha pensado que poderia ter uma experiência diferente com Márcia... antes de quebrar a casa e gritar com ela sem mais nem menos.

Será que conseguiria voltar atrás?

Inês escolhe guardar esses pensamentos e focar no que é mais urgente: Corpo Seco.

- Ah Tutu... como vai ser sem você aqui?

No apartamento, Márcia tinha feito um café é conversava com Eric.

- Desculpa por ter te acusado daquela maneira. Você mentiu pra mim, eu tava com raiva e com todos os fatos... você realmente é o principal suspeito.

- Mas Márcia...

- Deixa eu terminar. Agora eu entendo as suas mentiras e sei que tudo o que você fez foi pra proteger alguém.

- E o que te fez mudar de ideia?

- A morte do Tutu deixou tudo mais estranho. Morreu por asfixia, mas sem nenhum sinal de estrangulamento? E você? Marcas de arranhões de algum animal que ninguém sabe qual é. - ela suspira. - Eu fui até o IML...

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora