Capítulo 13

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Determinados a estudar aquele caso nos mínimos detalhes, Márcia a Eric se organizaram pra passar o resto daquela semana juntos. Não ia ser nada simples, mas eles sabiam que era o melhor a ser feito.

Quarta-feira, por volta das 18 horas. Apartamento da Márcia.

- O que a gente já sabe? Vou escrever tudo. - a detetive abre seu notebook. - Tudo começou com a morte do Manaus, certo?

- Na verdade, tudo começou com a morte da Gabriela. Eu sei que pode ser só uma coincidência, mas as coisas parecem estar interligadas.

- Um incêndio começa, sem nenhum motivo aparente, na Floresta do Cedro, perto da Vila Toré. Tanto a floresta, quanto a vila estão na área que a construtora quer usar. Quem morre no incêndio? Uma pessoa que lutava contra a construtora, a Gabriela. Depois disso?

- O boto! O boto cor-de-rosa na praia do Flamengo. Eu fiquei com ele no meu carro, pra levar pro IML, mas quando chegou a noite ele virou um homem...

- Manaus! - os dois dizem juntos.

- Então eu levei o corpo pra Floresta do Cedro. - continuou Eric. - Não sei o porquê, mas minha intuição disse que era pra lá que eu tinha que ir. Eu deixei ele lá e fiz a denúncia anônima.

Eric anda de um lado para o outro no pequeno apartamento enquanto Márcia faz o relatório detalhado.

- Quando fomos ver o corpo, ele tinha sumido. - disse Márcia. - Interrogamos a Inês, que disse que Manaus era como um filho, ela deixou de ser uma suspeita, mas foi ela quem pegou o corpo.

- Isso. E o que ela fez com ele? O corpo ainda tá no Cafofo?

- Eu não sei. Depois disso foi o Tutu, morto por asfixia, mas sem nenhuma marca. O corpo também some do IML, por culpa da Inês.

- E isso é tudo.

- Quase tudo! Repare que em todos os três casos têm vítimas mortas por asfixia, mas nenhuma tem marcas. Porém, isso passou batido para a investigação porque oficialmente Gabriela e Manaus morreram por causa do fogo, então não tiveram questionamentos.

- Você não acha que foi o incêndio, Márcia?

- E você acha? A gente já sabe que estamos falando de entidades, não é uma pessoa normal que está fazendo isso.

- Mas não é isso que a polícia acha, né?

- Todas as pessoas mortas tinham alguma coisa que as ligava a você. Você é o principal suspeito agora. Gabriela tava com a sua filha numa festa que você não queria ir: Gabrila aparece morta. Seu GPS mostra que você esteve na floresta no dia que encontraram o corpo do Manaus e mais cedo ou mais tarde vão descobrir que você fez a denúncia. E o Tutu, era próximo do Manaus, o que pode ser o suficiente pra essa investigação.

- Cedo ou tarde eu vou ser interrogado.

- Onde você estava antes deles morrerem?

- Na morte da Gabi eu tava em casa, mas as outras eu não sei, eu não lembro.

- Você precisa lembrar, Eric.

Já eram pra lá de quatro da manhã quando os policiais terminaram todo o relatório. Para os dois era visível que aquilo tudo que estava acontecendo, ia além de um assassinato. Uma força mística estava envolvida.

Como levar isso pra delegacia? E ser levado a sério?

- Obrigado, Márcia, por acreditar em mim. Amanhã eu vou conversar com Seu Ciço, na Vila Toré, e depois vou falar com a Camila. Eles tem me ajudado.

- Certo. Amanhã eu vou até a Inês, de novo. Ela precisa ser interrogada.

- Você quer que eu vá? Parece que ela não foi  muito receptiva hoje...

- Tá tudo bem. Eu tô bem pra ir sozinha. Quanto mais rápido descobrirmos mais detalhes, melhor.

Os amigos se despedem e apesar de muito cansados, sentiam uma ansiedade para resolver o caso que parecia ser o único sentimento no mundo.

Quarta-feira, por volta das 20 horas. Cafofo Bar.

- Valeu, Isac, por ter chamado a Camila. - disse Inês. - Bom, como vocês já devem ter percebido, não é um simples alguém que tá matando nosso povo.

- Então quem é? - Camila pergunta impaciente.

- É o Corpo Seco. - disse Isac. - Aquele caçador que o Curupira matou.

- E como ele voltou?

- Quando o Curupira matou o caçador, sua alma estava tão corrompida que nem o Céu, nem o Inferno quis sua alma. Eu fiz um feitiço pra prender o espírito dele na Terra, e agora esse feitiço foi quebrado e o Corpo Seco está livre.

- Olha Inês, eu sei que você acha que o Eric...

- Eu sei que não foi o Eric, Camila. Aliás, ele e a Márcia vão ficar do nosso lado. Você tem um encontro com ele amanhã, preciso que faça ele vir pra cá. Na sexta-feira, às 17 horas.

- Por que?

- Nós precisamos juntar tudo o que pode nos fortalecer. Faça ele vir até aqui, por favor. Isac, você precisa me trazer o Iberê.

- Oh Inês! O cara não quer assunto com a gente...

- Mas ele vai ter que querer, Isac. - interrompeu Camila.

- Sexta-feira, às 17 horas. Todos aqui.

Os três jantam juntos no salão do Cafofo, mas o clima era pesado, carregado de dor, medo, angústia e saudade.

Sabiam que o que enfrentariam num futuro não tão distante era algo muito poderoso.

Mais tarde, na mesma noite, Inês finalmente conseguir chamar Camila pra conversar.

A bruxa sabia que era orgulhosa, mas também sabia que tinha sido dura com sua amiga.

- Camila, podemos conversar?

- Claro!

- Aceita um café?

- Sempre.

- Queria me desculpar. Fui dura demais com você, sei que só queria ajudar. Queria me ajudar, principalmente, e eu te afastei.

- Tá tudo bem, Inês. Claro que fiquei chateada e espero que essas sejam desculpas verdadeiras, mas aceito que esse afastamento faça parte do seu luto. Em alguns meses perdemos duas pessoas incríveis, ninguém tá sabendo lidar. O importante é que agora estamos juntos, prontos pra mais uma batalha.

- Obrigada, Camila.

- Te vejo na sexta?

- Sexta-feira. Traga o policial!

Quando se despedem, o relógio já marcava meia-noite.

Inês tinha seu próprio plano. Queria saber mais, precisava saber mais. E ela sabia exatamente onde procurar.

..........

Oiii! Tudo bem? Espero que estejam gostando do clima mais investigativo, mas prometo que a boiolice volta! Afinal, sábado é dia de encontro Marinês!

Espero postar (pelo menos) mais 2 capítulos essa semana, apoiam esse lacre?

Enfim, espero que estejam curtindo! Não esqueçam que liberado comentar muito e indicar a história pra todes fanfuqueires de plantão!

Beijinhos, tchau!!!

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora