Capítulo 11

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Inês não sairia da mente de Márcia aquela noite. E, ironicamente, a Cuca teria sua mente tomada por Márcia.

Na manhã seguinte, Márcia acorda desanimada e sem pressa vai para a delegacia. Lá ela começa seu trabalho enquanto espera por Eric.

O seu parceiro, ou ex-parceiro, passa com raiva pelos companheiros em direção a sala do Ivo, com um papel na mão.

- Que merda é essa? Você tá me afastando?

Márcia prestava atenção da sua mesa e Ivo parecia decidido a ignorar Eric.

- Ivo, eu preciso continuar essa investigação.

- Você precisa ir embora. Isso, sim.

- Por favor, Ivo. Por favor, não faz isso comigo cara.

- Um homem morreu e você era a única pessoa no local do crime. A gente precisa investigar. - Ivo olha pra Eric bem sério. - Para os policiais você apresenta um risco. Para os outros e pra você mesmo.

- Eu sou inocente!

- Fala isso no seu interrogatório.

Com raiva Eric deixa seu distintivo e sua arma na mesa do seu superior e vai andando até Márcia que parecia concentrada no seu trabalho.

- Márcia, eu preciso da sua ajuda.

- Se eu fosse você, eu ia embora daqui.

- Embora por quê? Eu não matei ele.

Márcia olha nos olhos de Eric e bufa, parecia uma piada de muito mal gosto.

- Eu não matei ele, Márcia! Você também não tá acreditando em mim? É is...

- Como você quer que eu acredite em você? - ela o interrompe.

- Por que você tá falando assim?

- Você mentiu pra mim. Você disse que a Luna tava doente!

- A Luna tá doente...

- E o boto? Eu sei que você não levou ele na legista.

- Eu levei...

Mais uma vez Márcia interrompe seu amigo. Ela não queria explicações. Queria a verdade.

- O que você fez na segunda feira a noite?

- E-eu tava em casa.

- Não me enrola, Eric. Eu falei com a Dona Januária. Ela me me disse que você tem chegado tarde em casa. No outro dia chegou todo sujo de manhã.

- E-eu não me lembro...

- Ah você também não lembra que foi na floresta do Cedro uma noite antes do corpo do Manaus ser encontrado? - Márcia pega uns papéis da sua mesa e mostra pra Eric. - Tá aqui o rastreamento do GPS do seu carro. Fala, Eric, o que tá acontecendo?

- Você tá me investigando?

- Eu quero a verdade!

Eric para e engole seco, não tinha mais saída. Era hora dele abrir o jogo e aceitar que talvez fosse ser chamado de louco, mas era isso ou, talvez, ser preso.

- Você não vai acreditar em mim.

- Isso quem decide sou eu. Fala, Eric.

- É difícil de explicar...

- Tenta.

- Sabe aquelas lendas que a gente escuta quando é criança? - ela assente. - Pois é, elas existem. Aquele boto, de noite, virou homem, o Manaus. E o Tutu virou um porco-do-mato na minha frente.

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora