Nosso Amor Não é Lenda

Capítulo 5

Márcia se trocou e pegou o carro e foi até o Cafofo Bar, ela precisava ver a Inês.

Quando chegou no Cafofo Bar se surpreendeu com a quantidade de gente que estava ali, e começou a reparar em alguns detalhes que não tinha dado tanta atenção antes.

A porta de entrada do bar era de um vermelho bem vivo que dava para um mini hall de entrada sem muitas decorações, uma porta branca levava os visitantes até um corredor nem tão comprido, mas estreito.

Esse corredor já contava com as paredes num tom de vermelho bem fechado que tomava conta de todo bar e a cada passo dado era possível observar alguns quadros, um desenho em aquarela de uma sereia deitada na rocha chamou a atenção de Márcia.

As mesas de madeira escura estavam todas ocupadas, então decidiu se sentar no bar, que era feito com a mesma madeira assim como os armários que guardavam os copos e as taças e as mais variadas bebidas.

- Uma caipirinha, por favor. - Márcia pediu para o barman e procurou por Inês.

A encontrou conversando com uma mulher preta perto do palco que supôs que fosse Camila. Quando a cantora solta a primeira nota, Inês encontra o olhar de Márcia e sorri inesperadamente.

- De novo por aqui? Posso ajudar em alguma coisa? Descobriu algo sobre o caso de Manaus?  - pela primeira vez desde que as duas se encontram, Inês parecia nervosa com alguma coisa.

E de fato estava. Dessa vez era diferente porque a bruxa não estava esperando aquela visita.

- Oi Inês. Infelizmente nada novo sobre o caso do Manaus, mas você pode me ajudar sim. Tá muito ocupada agora?

- Na verdade sim, mas se você quiser esperar o bar fechar... o movimento sempre diminui depois do show.

- Ah claro! Eu posso esperar...

Inês voltou a trabalhar montando os drinks e conversando com alguns visitantes e Márcia observada cada movimento enquanto ouvia atenta as canções que Camila cantava, sua voz era impecável.

O show acabou e como dito antes o movimento foi diminuindo. Inês apareceu de repente ao lado de Márcia.

- Eu posso falar agora. O que você quer?

- Ah! Eu queria conversar com você sobre algumas coisas que aconteceram hoje na delegacia. Quero deixar claro que isso não é um interrogatório, eu só queria algumas respostas.

- Ah claro... - aquilo definitivamente pegou Inês de surpresa. Porém mais do que o que a Márcia queria, a reação de Inês foi ainda mais surpreendente. - O Cafofo tá mais vazio que antes, mas ainda tem algum movimento. Você prefere ir pra um lugar mais vazio?

- Tipo onde?

- Não sei! A gente pode ir até o Aterro do Flamengo.

- Tudo bem, pode ser melhor mesmo.

Inês pega uma bolsa e avisa Tutu e Camila que eles estão no comando. Na porta da rua Márcia pega sua chave do carro e Inês a olha sério.

- Achei que era uma policial.

- Que?

- Eu vi você tomando os três copos de caipirinha...

- Eu tô bem pra dirigir.

- É claro que está. - Inês pega a chave da mão da Márcia. - Amanhã é sábado, você pode vir aqui qualquer hora buscar seu carro.

- Tá bom. Vamos andando então?

- Sim.

As duas foram caminhando juntas em silêncio, mas não era um silêncio constrangedor ou desconfortável, elas estavam apenas ali, na noite, na rua da Glória sentindo aquela brisa gelada.