Capítulo 18

323 36 16
                                    

"Tudo acontece por um motivo"

Essas palavras martelavam na sua cabeça sem parar. Definitivamente esse pensamento o acalmou, mas ainda assim não resolveu nada.

Fechou os olhos e respirou fundo. Como se fosse um filme, foi repassando todos os detalhes daquela história mentalmente. Foi aí que mais uma peça do quebra-cabeça parecia ter encaixado!

Ele não podia estar com o Corpo Seco.

Então quem estava?

Mais tarde, naquele mesmo dia, estavam todos prontos pra aquele encontro. Isac, Camila e Eric se encontram e caminhavam tensos, num silêncio extremo, pelas ruas de Santa Teresa, em direção ao bar.

- Eu não sei se estou pronto pra isso...

- Ninguém está, Isac. - disse Camila. - Ninguém, ser vivo nenhum do mundo, está à espera de um grande desastre em sua vida, ninguém nunca está pronto para encarar as suas batalhas. Mas as encaramos mesmo assim, isso é que é estar vivo! Seguir seguindo, sempre.

Os três chegam no bar e se surpreendem ao encontrarem Inês e Márcia rindo juntas, sentadas no bar como se não houvesse problemas!

- Márcia, já está aqui? - pergunta Eric. - Chegou cedo!

- Ela não chegou cedo, vocês que estão atrasados! - responde Inês.

Os três se encaram sérios, a bruxa só podia estar tirando com a cara deles! Estavam só cinco minutos "atrasados". Márcia solta um riso baixo, mas ela tentava se conter.

- Vocês estão parecendo os três patetas se olhando! - disse Márcia. - Eu cheguei mais cedo porque queria falar umas coisas com a Inês, só isso. Queria organizar umas ideias antes de conversamos todos juntos.

- Sei bem as ideias que vocês queriam acertar...

- Isac! - Camila o repreende. - Você não toma juízo mesmo!

- Então, - Inês começa. - queria começar me desculpando. Com todos vocês.

- Inês, - Camila suspira - Você sabe...

- É sério, Camila. - a bruxa interrompe. - Vocês não mereceram o jeito que foram tratados por mim. Nenhum de vocês.

- Apreciamos isso, Inês, mas garanto que ninguém tá guardando ressentimento. - diz o policial.

- O Eric tem razão, Inês. - diz Márcia, com um tom carinhoso.

- A gente aprecia seu comportamento, Inês. Você sempre foi uma ótima amiga e protetora. Fico feliz que tenha reconhecido seus erros, mas saiba que ninguém aqui tá com o ego ferido. - acrescenta Isac.

- Ótimo. Então, vamos terminar com isso logo. O que precisamos para acabar com o Corpo Seco?

Depois de muitas horas em reunião, eles tinham todo um esquema desenhado em giz em duas ou três mesas do bar. O incêndio, as mortes, tudo! Tudo se encaixava na história!

O Corpo Seco que acabar com todos ali, um por um, e ter sua vingança completa.

Apenas uma peça não se encaixava: de quem a entidade estaria se aproveitando?

As primeiras suspeitas foram de que ele estaria usando o policial, mas com sua identidade descoberta ficou mais do que claro que o Corpo Seco queria acabar com Eric tanto quanto qualquer outra entidade metida nessa história.

- Alguém quer mais café? - perguntou Márcia se servindo do resto de café da terceira garrafa térmica.

- Não é possível, cara. Quem é esse filho da puta?

- Não sei, Isac. - disse Camila. - Mas não vamos descobrir isso hoje.

- Camila tem razão. - completou Inês. - Estamos aqui há horas, estamos cansados. O melhor a se fazer é cada um ir pra sua casa, relaxar e amanhã vemos o que há de novo.

Todos concordam com suas dores nas costas e enxaquecas. No dia seguinte pensariam mais, mas naquele momento precisavam de um bom banho e cama.

Aos poucos, os amigos foram se despedindo até que só sobraram Márcia, Inês e o Cafofo... de novo.

- Obrigada pela ajuda com as coisas, Márcia, não precisava.

- Imagina, não foi nada!

Márcia fica encarando Inês por alguns segundos, mas a bruxa se adianta.

- Pode perguntar, Márcia. Eu não mordo.

- É... desculpa. - ela diz corada. - É sobre a Luna.

- Sim?

- Ela tem tido pesadelos, todas as noites, desde que sua mãe morreu. Você poderia...

- Eu não curo pesadelos, Márcia. Eu só os controlo.

- Eu sei, mas...

- Eu posso tentar.

- Obrigada, Inês! Ela é um doce de menina e o Eric e a avó já tentaram de tudo...

- Tudo bem, Márcia. Posso tentar controlar um pesadelo dela, talvez isso mude o rumo das coisas. Só não prometo nada.

- Eu sei que você vai conseguir. Não precisa ser tão modesta. - as duas riem. - Mais uma coisa...

- Pode falar.

- Nós nos encontraremos amanhã, certo? Estou contando os dias para sábado desde que me convidou. - a policial confessa e não da espaço para reposta. - Passo aqui na hora do almoço, tudo bem?

- Perfeito. Te espero.

As duas se despedem e Inês leva Márcia até a porta. Quando a mais nova está saindo, a outra chama sua atenção.

- Márcia!

- Sim?

- Um ritual do sono, para ajudar a menina. Prepara o ambiente com um luz baixa, ela pode tomar um chá de camomila com erva-cidreira ou valeriana e também ascender um incenso de lavanda ou camomila, de preferência natural.

- Obrigada, Inês. - a policial se aproxima da outra mulher e fica encarando seus lábios. - Você é incrível.

- Não é nada...

Ao ouvir sua voz, Márcia desperta do transe se despedindo e indo em direção ao mercadinho para comprar as coisas que Inês tinha falado para ajudar Luna.

Sábado seria um grande dia.

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora