"Tudo acontece por um motivo"
Essas palavras martelavam na sua cabeça sem parar. Definitivamente esse pensamento o acalmou, mas ainda assim não resolveu nada.
Fechou os olhos e respirou fundo. Como se fosse um filme, foi repassando todos os detalhes daquela história mentalmente. Foi aí que mais uma peça do quebra-cabeça parecia ter encaixado!
Ele não podia estar com o Corpo Seco.
Então quem estava?
Mais tarde, naquele mesmo dia, estavam todos prontos pra aquele encontro. Isac, Camila e Eric se encontram e caminhavam tensos, num silêncio extremo, pelas ruas de Santa Teresa, em direção ao bar.
- Eu não sei se estou pronto pra isso...
- Ninguém está, Isac. - disse Camila. - Ninguém, ser vivo nenhum do mundo, está à espera de um grande desastre em sua vida, ninguém nunca está pronto para encarar as suas batalhas. Mas as encaramos mesmo assim, isso é que é estar vivo! Seguir seguindo, sempre.
Os três chegam no bar e se surpreendem ao encontrarem Inês e Márcia rindo juntas, sentadas no bar como se não houvesse problemas!
- Márcia, já está aqui? - pergunta Eric. - Chegou cedo!
- Ela não chegou cedo, vocês que estão atrasados! - responde Inês.
Os três se encaram sérios, a bruxa só podia estar tirando com a cara deles! Estavam só cinco minutos "atrasados". Márcia solta um riso baixo, mas ela tentava se conter.
- Vocês estão parecendo os três patetas se olhando! - disse Márcia. - Eu cheguei mais cedo porque queria falar umas coisas com a Inês, só isso. Queria organizar umas ideias antes de conversamos todos juntos.
- Sei bem as ideias que vocês queriam acertar...
- Isac! - Camila o repreende. - Você não toma juízo mesmo!
- Então, - Inês começa. - queria começar me desculpando. Com todos vocês.
- Inês, - Camila suspira - Você sabe...
- É sério, Camila. - a bruxa interrompe. - Vocês não mereceram o jeito que foram tratados por mim. Nenhum de vocês.
- Apreciamos isso, Inês, mas garanto que ninguém tá guardando ressentimento. - diz o policial.
- O Eric tem razão, Inês. - diz Márcia, com um tom carinhoso.
- A gente aprecia seu comportamento, Inês. Você sempre foi uma ótima amiga e protetora. Fico feliz que tenha reconhecido seus erros, mas saiba que ninguém aqui tá com o ego ferido. - acrescenta Isac.
- Ótimo. Então, vamos terminar com isso logo. O que precisamos para acabar com o Corpo Seco?
Depois de muitas horas em reunião, eles tinham todo um esquema desenhado em giz em duas ou três mesas do bar. O incêndio, as mortes, tudo! Tudo se encaixava na história!
O Corpo Seco que acabar com todos ali, um por um, e ter sua vingança completa.
Apenas uma peça não se encaixava: de quem a entidade estaria se aproveitando?
As primeiras suspeitas foram de que ele estaria usando o policial, mas com sua identidade descoberta ficou mais do que claro que o Corpo Seco queria acabar com Eric tanto quanto qualquer outra entidade metida nessa história.
- Alguém quer mais café? - perguntou Márcia se servindo do resto de café da terceira garrafa térmica.
- Não é possível, cara. Quem é esse filho da puta?
- Não sei, Isac. - disse Camila. - Mas não vamos descobrir isso hoje.
- Camila tem razão. - completou Inês. - Estamos aqui há horas, estamos cansados. O melhor a se fazer é cada um ir pra sua casa, relaxar e amanhã vemos o que há de novo.
Todos concordam com suas dores nas costas e enxaquecas. No dia seguinte pensariam mais, mas naquele momento precisavam de um bom banho e cama.
Aos poucos, os amigos foram se despedindo até que só sobraram Márcia, Inês e o Cafofo... de novo.
- Obrigada pela ajuda com as coisas, Márcia, não precisava.
- Imagina, não foi nada!
Márcia fica encarando Inês por alguns segundos, mas a bruxa se adianta.
- Pode perguntar, Márcia. Eu não mordo.
- É... desculpa. - ela diz corada. - É sobre a Luna.
- Sim?
- Ela tem tido pesadelos, todas as noites, desde que sua mãe morreu. Você poderia...
- Eu não curo pesadelos, Márcia. Eu só os controlo.
- Eu sei, mas...
- Eu posso tentar.
- Obrigada, Inês! Ela é um doce de menina e o Eric e a avó já tentaram de tudo...
- Tudo bem, Márcia. Posso tentar controlar um pesadelo dela, talvez isso mude o rumo das coisas. Só não prometo nada.
- Eu sei que você vai conseguir. Não precisa ser tão modesta. - as duas riem. - Mais uma coisa...
- Pode falar.
- Nós nos encontraremos amanhã, certo? Estou contando os dias para sábado desde que me convidou. - a policial confessa e não da espaço para reposta. - Passo aqui na hora do almoço, tudo bem?
- Perfeito. Te espero.
As duas se despedem e Inês leva Márcia até a porta. Quando a mais nova está saindo, a outra chama sua atenção.
- Márcia!
- Sim?
- Um ritual do sono, para ajudar a menina. Prepara o ambiente com um luz baixa, ela pode tomar um chá de camomila com erva-cidreira ou valeriana e também ascender um incenso de lavanda ou camomila, de preferência natural.
- Obrigada, Inês. - a policial se aproxima da outra mulher e fica encarando seus lábios. - Você é incrível.
- Não é nada...
Ao ouvir sua voz, Márcia desperta do transe se despedindo e indo em direção ao mercadinho para comprar as coisas que Inês tinha falado para ajudar Luna.
Sábado seria um grande dia.
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Nosso Amor Não é Lenda
FanficDurante a investigação da morte de Gabriela, Márcia se vê vulnerável quando Inês, uma mulher misteriosa, descobre um dos seus maiores segredos. Entretanto, algo naquela mulher misteriosa despertava o interesse de Márcia e pela primeira vez em muitos...