Capítulo 21

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Muitas dúvidas surgiram. Inês estava sem fôlego, a beira de um ataque de ansiedade. Olhou para Luna, que parecia dormir serena, e determinou que daria um jeito naquela situação. Gostando ou não ela estava se importando com aquelas pessoas, porque Márcia se importava com elas.

Tranformou-se em borboleta e voou para o Cafofo. Chegou e abriu uma garrafa de cachaça envelhecida mineira: era hora de pensar.

Sábado de manhã - Casa da Márcia
9:00 horas

O despertador toca com um barulho alto e muito irritante, mas, diferente do usual, Márcia acorda leve e disposta.

Levantou, passou seu café e sentou no sofá para assistir alguma coisa. Passou por quase todos canais da televisão e passeou pelos programas da Netflix por mais um tempo, mas nada parecia tão interessante quanto o que estava esperando: seu encontro com Inês.

Começou a se arrumar cedo e, apesar de ter pensado muito em qual roupa iria usar, vestiu o de sempre: uma calça jeans, mas de boca larga, e uma blusa branca larguinha e um pouco decotada.

Entrou no seu carro e partiu para seu encontro.

.......................

Bateu na porta diversas vezes, mas ninguém atendia. Será que Inês tinha simplesmente esquecido daquele dia?

- Inês! Inês! - Mais batidas violentas na porta vermelho-sangue do bar.

- Opa! Bom dia, moça. - Disse uma voz desconhecida e Márcia se virou.

- Oi, bom dia. Tudo bem?

- A moça tá procurando a Dona Inês, né? Acho que ela não tá aí não... Eu vi a Dona saindo ontem a noite e não parece que voltou não...

- Ah sim. Obrigada. Vou esperar um pouco aqui então...

O senhor acenou com a cabeça e acendeu um cigarro para sair andando pela Rua Joaquim Silva. Já Márcia permaneceu na porta do Cafofo. Deveria continuar berrando e esmurrando a porta? Só esperar? Arrombar e sair entrando?

Depois de mais ou menos trinta minutos chamando Inês com calma e esperando repostas, decidiu que iria embora. Claramente a bruxa não a queria aqui. Assim que entrou no seu carro, foi acometida por um arrepio e um suor frio na espinha que a paralisaram por um momento. Inês não a ignoraria dessa forma! Ignoraria? Claro que não. Se ela estiver em perigo? Se acontecesse alguma coisa com ela, Márcia nunca se perdoaria.

Saiu do carro determinada e arrombou a porta da frente, poderia pagar pelo conserto depois.

- Inês! - Chamou adentrando a casa. - Inês, estou entrando.

Andou com cautela até o bar só para encontrar uma Inês encolhida, cabeça sobre os braços sobre o balcão do bar. Ela não parecia nada bem... duas garrafas de cachaça vazias do seu lado, vidros estilhaçados pelo salão, cadeiras e mesas viradas e caídas... Estava um caos ali.

- Inês? - Márcia toca seu ombro de leve. - Inês?

A morena desperta devagar, mas não tem forças pra fazer nenhum movimento, apenas vira a cabeça pra Márcia e sente o mundo girando.

- O que aconteceu, Inês? - Ela ainda não fala nada, mas seus olhos se enchem d'água. - Tudo bem, tá tudo bem agora. Vem cá... - A policial abraça a outra mulher com calma, tentando passar alguma segurança no meio daquele caos.

As duas se abraçam por um tempo até que Inês tenta levantar, mas quase cai devido a tontura.

- O que você precisa, Inês? O que está sentindo?

- O Corpo Seco está na Luna.

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⏰ Última atualização: Jan 23 ⏰

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