Capítulo 11

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O homem de cabelos castanhos avermelhados entrou no quarto e encontrou a amada parada na frente do espelho encarando os cabelos recém cortados, ele notou os olhos desfocados e sabia que os pensamentos dela estavam longe dali, o que estava sendo be...

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O homem de cabelos castanhos avermelhados entrou no quarto e encontrou a amada parada na frente do espelho encarando os cabelos recém cortados, ele notou os olhos desfocados e sabia que os pensamentos dela estavam longe dali, o que estava sendo bem comum nos últimos dias, mas ele não deu muita importância, ela tinha alma de poeta, por isso era comum vê-la divagando assim.

— O que quer por seus pensamentos? - Ele perguntou, abraçando ela por trás.

— Acho que me arrependi. - Ela respondeu, brincando com um fio de cabelo.

— De ter cortado o cabelo? - Ele perguntou analisando os cabelos, agora, cacheados.

— Sim, as pessoas ficam me olhando estranho na rua e agora eu não posso nem mais usar o cabelo pra esconder essas marcas. - Ela respondeu, soltando o fio.

O homem conseguiu notar o tom amargo em sua voz, quando ela mencionou as marcas, que iam dos ombros até o meio das costas, ele sabia o quanto isso a incomodava, era uma das coisas que ela mais detestava em si mesma.

— Posso pedir um favor, Melissa? - Ele perguntou, encarando os olhos dela atrás do reflexo.

— Pode. - Melissa respondeu.

— Se olha no espelho, o que você vê? - Ele questionou.

— Os nossos reflexos, Leonardo. - Melissa disse, sem entender o que ele queria com aquilo.

—E sabe o que eu vejo? Uma mulher forte, corajosa, que sempre fala o que pensa e que chutou os países baixos de um cara que te chamou de gostosa na rua. - Leonardo disse e fez ela dar um leve sorriso. - O que eu quero dizer, é que você é bem mais do que essas manchas em você.

Ele se sentiu um pouco mais leve ao ver o sorriso dela, as borrachinhas coloridas do aparelho dela se destacavam em sua boca.

— Como você faz isso? - Ela perguntou, se soltando do abraço.

— Eu só disse como eu vejo você. - Leonardo respondeu sorrindo.

— Fofo, mas isso não vai livrar você de lavar a louça. - Melissa disse, saindo da frente do espelho e caminhando até a porta do quarto.

Eu lavei a louça ontem, nem vem. - Leonardo disse.

Nenhum dos dois gostava de lavar a louça e decidir quem lavaria a mesma a noite já havia virado até motivo de aposta ente eles.

— O último a chegar na cozinha lava a louça então. - Melissa disse e saiu correndo.

Ele nem pensou muito, apenas saiu correndo atrás dela, sabia que não tinha chances de ganhar dela, ainda mais quando ela saiu correndo bem na frente, era roubo? Era, mas ele não se importava.

Talvez eles tivessem aproveitado melhor aqueles momentos entre eles, se soubessem que no dia seguinte tudo mudaria, que eles, aos poucos, se tornariam tão distantes e tão frios quanto a neve.

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Atualmente

Na residência dos Garcia, todos encarava Melanie em busca de respostas, ela com toda certeza sabia bem mais do que falava.

— Olha, tem muita gente que fala sobre acontecimentos estranhos envolvendo os Garcia, eu sempre achei bobagem, mas depois de ter falado com a Melissa algumas vezes,
notei que talvez coisas estejam acontecendo e ninguém notou. - Melanie disse.

— Em outras palavras, você andou fuçando a vida alheia. - James, irmão mais velho de Leonardo e Melanie, loiro dos olhos azuis, disse.

— Isso também, a verdade é que eu estava presente no dia em que aquilo aconteceu e eu vi o que vocês tentam esconder de todos, Bruna e Melissa não são normais como nós, elas tem dons incríveis, mas não sabem lidar com eles. - Melanie disse.

— Talvez você esteja certa. - Daphne disse.

— E talvez isso tudo tenha acontecido, pelo simples fato delas tentarem esconder o que aconteceu, Bruna conseguiu lidar e esconder, mas a Melissa não, eu falo por experiência, tudo o que aquelas duas precisam é a mesma coisa que o meu irmão também precisa, alguém que os escute. - Melanie falou.

— Por isso Melissa escondeu o relacionamento por tanto tempo, ela achou alguém que a escutasse, ao invés de apenas fingir. - Luiza disse.

— Exatamente, e eu acho que a Bruna estava no mesmo caminho. - Melanie disse e olhou disfarçadamente para James.

O policial que ainda estava presente, analisava a situação, ele sabia que a herdeira dos Valença havia quebrado pelo menos umas duas leis federais ali, mas ela nem parecia ligar.

— Oficial, o que faremos agora? - Sabrina perguntou.

— O mais certo agora é começar as buscas pelos três e torcer para que eles apareçam, mas devo avisar que as chances deles estarem vivos são muito pequenas. - O policial disse.

— Como o senhor pode ter tanta certeza assim, se nem começou as buscas ainda? - Orlando perguntou.

— Os estragos na cidade foram enormes e não existe sinal deles em lugar nenhum, mesmo que eles tenham saído da cidade no momento da evacuação, eles já deviam ter retornado. - O policial explicou.

— Eu espero que o senhor esteja errado. - Eduardo disse.

O policial se despediu das famílias e saiu.

A casa ficou totalmente em silêncio, ninguém sabia o que dizer, todos estavam presos em seus pensamentos, preocupados com os três desaparecidos, será que eles estavam realmente vivos? O que havia acontecido com eles?
Nenhum deles queria pensar negativo, mas com tudo o que aconteceu, era difícil, muitos estavam feridos por conta dos grandes buracos que se abriram na cidade e dos climas malucos, eles podiam estar entre esses feridos, mas também podia não estar, o que era ruim e desesperador, alguém podia ter se aproveitado daquele momento pra sequestrar os três.

Se todos ali soubessem que ficaram desesperados em busca de respostas ou pistas do paradeiro deles, talvez cada uma das famílias teria aproveitado melhor o tempo com os três desaparecidos.
James e Melanie teriam visitado o irmão mais vezes, Daphne e Antônio teriam feito mais reuniões sem sentido com as caçulas, Sabrina e Eduardo teriam ligado de vídeo mais vezes e Luiza e Orlando teriam abraçado mais as filhas.

Talvez o tempo pudesse ter alertado cada um ali, dado pelo menos um sinal de que tudo aquilo aconteceria, mas não o tempo agiu de forma silenciosa como sempre.
 

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