Aquela reunião estava durando mais do que o previsto e eu tentava a todo custo prestar a atenção no que diziam. Não era fácil, considerando que eu estava constantemente me perdendo em meus próprios pensamentos. Cocei os olhos na esperança de que isso fosse mantê-los abertos enquanto a chatice daquela reunião... perdurava cansativamente.
— Não, não vamos abrir os portões para que qualquer um possa visitar. Mesmo agora, a prevenção é a melhor alternativa. — Tsunade afirmou debatendo contra os conselheiros.
Respirei fundo. Os conselheiros estavam certos de que abrir os portões de Konoha seria o melhor para recuperar a economia da vila, entretanto, o novo Hokage tinha os olhos cansados e a mesma expressão de tédio costumeiro. Tudo nele indicava que não estava nada confiante com aquela decisão.
— Já disse que iremos manter os portões fechados até segunda ordem, vão entrar e sair apenas pessoas autorizadas. — O Hokage respondeu indiferente, eu tomei outro gole de ar tentando não desmaiar de cansaço enquanto ele parecia mais do que certo em melhorar a vila da maneira que estava fazendo.
O clima da sala de reuniões estava tão pesado quanto as rochas do monumento. Meus bocejos começaram a fazer mais barulho que o normal e estava difícil segurá-los. A conversa não parecia ter uma pauta discutível para o Hokage e por mais que os conselheiros achassem que estavam fazendo o melhor, eu sabia, dentro de mim — mesmo com todo o sono que me consumia —, que o Rokudaime estava certo.
Ele então suspirou, tão alto que conseguiu chamar a atenção apenas para si. Eu estava tão imersa na lentidão que assustei com o barulho, e rezando para não ter sido notada naquela vergonha, procurei qualquer indício de que chamei mais atenção para mim mesma do que deveria. Ou eu provavelmente acabaria tendo muitos problemas por causa disso.
— Rokudaime, seja prudente. Abrir os portões dará acesso ao aumento da produção e exportação dos nossos produtos.
O ex-Shinobi e atual Hokage respirou fundo e jogou as costas no encosto de sua cadeira, era comum para ele ter que debater suas escolhas, mas dessa vez, os conselheiros estavam irredutíveis.
— Koharu, veja bem. Está aqui apenas para aconselhar, esteja ciente de que não pode interferir nas escolhas do Hokage. — Tsunade não fazia questão de demonstrar qualquer tipo de paciência, mas Kakashi pareceu agradecer secretamente pela sua interrupção olhando-a de soslaio.
— Princesa Senju, nós estamos pensando no melhor para a vila. Não nos trate como tolos enfeites.
A Senju bateu com força o punho na mesa e o súbito barulho me fez gritar. Eu sequer havia percebido que tinha cochilado naquela maldita posição como uma idosa cansada demais até mesmo para viver. Os olhos de todos naquela mesa se voltaram para mim, meu corpo pareceu congelar enquanto sentia o julgamento de cada um me consumir.
Me bater mentalmente não seria suficiente para acalmar o pânico e a vergonha que me dominava.
— Eu... sinto muito. — Murmurei como uma idiota para aquelas pessoas tão importantes na grande mesa.
Abaixei a cabeça na tentativa de não precisar ver mais os olhares em minha direção e graças a Kami meu cabelo fez o papel de dificultar ainda mais a visão da mesa. Ainda assim, eu podia ver os olhares de cada um permanecer fixos em mim. Então, tudo o que eu consegui fazer, foi apertar os papeis que eu segurava contra o peito, me sentindo cada vez mais insignificante ao lado de Shizune e Shikamaru.
— Muito bem. — Kakashi se pôs de pé e curvou levemente o corpo pegando os papéis que estavam em sua frente. — Já sabemos o que irá acontecer e como não há acordo, espero o relatório de quem está entrando e saindo da aldeia até que tudo esteja estabilizado. — Pelo seu tom de voz, ele parecia não aguentar mais toda aquela discussão sem fim.

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Ume - A Paixão de Kakashi
Fanfiction"Não foi premeditado, mas aconteceu e ele se tornou tudo para mim." 🥇Rokudaime