Nova vida

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P.O.V. Eric.

Solara não tem nenhuma memória de sua vida anterior. A parte boa é que ela não se lembra das coisas terríveis que Jason lhe fez, a ruim é que ela não se lembra de mim ou da pessoa que está tentando nos matar. E para uma garota que não se lembra de quase nada ela está se saindo bem com a tarefa de ser mãe de gêmeas. Por mais interessante que pareça Solara parece ter claras lembranças de Serafine, de Owen e das meninas.

-Porque ela se lembra de vocês e dos bebês e não faz a menor ideia de quem nós somos?- Perguntou Sookie.

-Porque é como funciona. Não sei o motivo, mas depois que morremos não importa quantas vidas nós tenhamos a primeira coisa da qual nos lembramos é da linhagem. Reconhecemos qualquer membro de nossa linhagem. Mães, pais, filhos, primos. As memórias costumam voltar, mas como ela é uma híbrida...- Explicou Serafine.

Talvez elas não voltem.

-A amnésia pode ser permanente.- Eu disse.

-Exato. Além do mais pode ser o melhor para ela de qualquer maneira.- Comentou a morena de cabelos cacheados.

-Depois que ela morreu, ela voltou a ser virgem?- Perguntei.

-Não!- Respondeu Serafine ofendida. Como se se sentisse ultrajada com a minha pergunta. Mas, eu tenho que perguntar só por desencargo de consciência.

-Isso não tem volta. É uma das duas coisas que uma vez perdidas jamais pode ser recuperadas.- Comentou a minha sogra.

-Duas coisas? E qual é a segunda?- Indaguei.

-Inocência.- Respondeu ela.

P.O.V. Solara.

 Agora estou embaixo do chuveiro tomando banho para lavar a fuligem. Só continuo pensando na situação na qual me encontro. Aquelas pessoas lá embaixo inclusive o vampiro se preocupam comigo, elas me conhecem, sabem quem sou ou quem eu era e eu não sei absolutamente nada sobre elas. Eu posso ser familiar para eles, mas eles são estranhos para mim. É desconfortável, estranho, assustador. 

Fechei a torneira desligando o chuveiro, peguei a toalha branca e fofa que estava pendurada no mancebo, me sequei e me enrolei nela. Sob a pia de mármore do banheiro vi um frasco de vidro decorado cheio de sabonete líquido vermelho com aroma de morango. O cheiro me agradou, acho que gosto de morango. Então, sai do banheiro indo em direção á suíte que era enorme.

Vi a penteadeira de mogno entalhado á mão estilo rococó e achei linda. Sob ela havia um jogo com um espelho, uma escova e um pente com cabos de marfim. Me sentei no banquinho com estofamento vermelho e comecei a passar o pente pelo meu cabelo castanho escuro, desembaraçando as mexas. Estava bastante molhado, a água escorria do meu couro cabeludo até as pontas e pingava no chão. Ensopou o pente. Tirei a toalha do corpo e comecei a secar o cabelo delicadamente. Então fucei nos armários até encontrar um secador de cabelos e uma camisola. Estou tão cansada.

Me vesti primeiro para não ariscar ser pega sem roupa. Dai coloquei o secador na tomada e comecei a secar o cabelo. Quando acabei descobri que meu cabelo tem cachos e ri.

-Rindo da sua própria cara?- Perguntou o vampiro que tinha o triplo do meu tamanho.

-Algo desse tipo.- Respondi.

Ele usava uma camisa e calça social pretas que contrastavam linda e gritantemente com a sua pele que era tão pálida, o cabelo era loiro como palha. E os olhos eram azuis, bem azuis. Não pude evitar a comparação.

-Branca de Neve.- Eu disse.

-Branca de Neve? Você é a Branca de Neve agora?- Perguntou o loiro rindo.

-Não! Sou Solara disso eu tenho certeza. É só que vendo você... tão pálido como essa roupa preta, os olhos azuis, pensei na Branca de Neve. Talvez ela fosse uma vampira como você e ninguém soubesse. Alguém a viu, conviveu com ela e contou a história. E os Grimm escreveram como se fosse uma fábula.- Esclareci.

P.O.V. Eric.

Foi a minha vez de rir.

-O que? Não acha que seja possível?- Perguntou ela cruzando os braços.

-Não é disso que estou rindo. Você ainda é você. - Comentei.

Afinal só a Solara Stackhouse conseguiria pensar uma coisa dessas num momento como este. É bom saber que algumas coisas não mudam. A mente dela ainda funciona do mesmo jeito maluco que funcionava antes dela morrer. Sempre pensando as coisas mais inusitadas, formulando as teorias mais criativas e malucas, analisando profundamente até os eventos mais tolos.

-Está linda nesta camisola sabia?- Eu disse sedutoramente.

Ela sorriu e ficou com as bochechas coradas. 

Ouvi-a respirar fundo e perguntar: -Nós estávamos... juntos antes...

-De você morrer?- Completei a pergunta soando claramente desconfortável com a palavra morrer.

-É.- Disse ela.

-Eu fui o seu primeiro.- Comentei acariciando o cabelo dela.

-Você é o pai dos meus bebês?! - Perguntou chocada.

-Não. Não! Você botou ovos na sua vida anterior da anterior e quando virou mulher biologicamente falando, rastreou a sua prole e chocou os ovos até eles eclodirem.- Expliquei.

Então, vi um lampejo de tristeza atravessar o seu olhar.

-Amara.- Disse se referindo ao bebê que morreu.

-É, sinto muito pela sua filha.- Eu disse abraçando ela.

-Então, estávamos juntos?- Perguntou ainda confusa.

-Não. Não sei exatamente o que éramos, mas éramos.- Esclareci.

-Ah! Isso não é bom. Não gosto de coisas mal definidas.- Respondeu enquanto se deitava na enorme cama king size puxando as cobertas.

-Vai dormir? - Questionei.

-Vou. Estou tão cansada.- Ela soava cansada.

-Se importa se eu dormir com você?- Perguntei.

Incapaz de responder ela simplesmente acenou negativamente com a cabeça. Acho que com tudo o que aconteceu Solara deve estar realmente exausta e parece incapaz de pensar com coerência.


A Sobrinha da SookieOnde histórias criam vida. Descubra agora