Repercussões

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P.O.V. Eric.

Desde que a minha mulher matou Aleera no baile as coisas se complicaram. Como não há mais Mestres, não há mais Autoridade uma horda de vampiros furiosos se pôs atrás de nós, delas em busca de vingança. Eu teria matado Aleera com minhas próprias mãos, mas Solara foi mais rápida. E agora estamos fugindo, escondidos numa propriedade no campo que minha mulher cercou de feitiços protetores.

-Mãe, isso significa que eu não vou mais na escola?- Perguntou Hope.

-Por enquanto não. Eu sei que sente falta das suas amiguinhas e tudo o que eu queria era que você pudesse ir para a escola, ter uma vida. Mas, também quero que esteja segura.- Afirmou Solara com doçura.

Eu morreria se algo de mal acontecesse com a minha filha. Prefiro a morte verdadeira a isso.

-Vamos brincar de esconde-esconde?- Indagou minha mulher para minha filha.

-Sim. Vamos.- Ela concordou imediatamente.

-Vamos papai! Vem brincar com a gente!- Hope me incentivou.

-Quem vai se esconder primeiro?- Perguntei.

-Eu! Eu!- Falou Hope pulando e levantando a mão.

-Muito bem. Vou contar a até dez.- Comuniquei.

-Espere. Só... não passe da barreira, sim?- Instruiu Solara.

-Tudo bem mamãe. Pode começar.- Disse Hope.

Então comecei a contar até dez bem devagar. E quando eu sabia que ela já tinha se escondido eu fui atrás.

-Saia, saia de onde quer que você esteja.- Eu cantarolei.

Ouvi a risada dela. Ouvi ela tapar a boca. Fechei meus olhos e respirei fundo usando meu olfato e minha audição para encontrá-la. Corri á toda velocidade por entre as árvores e a encontrei escondida atrás de um carvalho.

-Peguei você!- Falei pegando-a no colo e girando-a. Ouvindo ela rir.

-Você é ótima em esconde-esconde. - Eu a elogiei.

Nós brincamos mais umas duas, três vezes até Solara interferir.

-Ei, vocês dois! Que tal um lanche? A vó Serafine está vindo.- Disse Solara.

-E a tia Nora?- Perguntou Hope.

-E a tia Nora também.- Respondeu a mãe.

Eu podia ouvir o som vindo de dentro da casa, era uma música. Enya, Caribbean Blue.

-Eu vou fazer limonada.- Afirmou Sol.

-Mãe?- Disse Hope.

-Sim querida?- Indagou Sol.

-Posso brincar no jardim?- Perguntou Hope com uma vozinha baixa.

-Pode. - Respondeu minha esposa.

Hope sentou na mesinha de madeira azul com cadeirinha que combinava e começou a pintar, então ela puxou uma folha em branco e estendeu pra mim. Ter que sentar numa cadeirinha de madeira feita para uma criança não é lá muito confortável, mas vendo o sorriso no rostinho da minha filha vale á pena.

-Pai, você se lembra da sua mãe?- Perguntou Hope.

-Sim. Eu me lembro.- Afirmei.

-E como ela era?- Questionou minha filha olhando para mim com seus olhinhos azuis cheios de doçura e curiosidade.

-Ela era linda com longos cabelos loiros, olhos azuis. Era uma Rainha bondosa, sábia, uma mãe amorosa e uma dama do Escudo. Uma Valquíria. O nome dela era Astrid.- Informei. Sorri me lembrando da minha mãe.

-Acha que ela ia gostar de mim?- Indagou Hope.

-É claro que iria. Ela adoraria ter uma neta a quem ensinar a cantar, a tocar harpa, aposto que ela adoraria pentear esse seu lindo cabelo cor de fogo.- Eu disse.

-E o vovô, como ele era?- Perguntou a baixinha.

-Era um bravo guerreiro, venceu muitas batalhas, tinha muitos tesouros. Era forte, um Rei sábio, um pai devotado. Um bom marido. O nome dele era Ulfrik.- Contei.

Hope deu risada. E comentou: -Esse é um nome esquisito.

É estranho me lembrar dos meus pais, acho que eu esqueci o tanto de memórias boas que eu tenho deles. E contando histórias sobre a minha infância para Hope eu me lembrei de como a minha mãe gostava de cantar, de como a voz dela era linda. De como meu pai me ensinou a empunhar uma espada, a manusear um machado, a fazer um arco, a atirar com ele. Então Solara trouxe limonada para Hope beber e sangue pra mim.

-Ei, papai, o vovô e a vovó ficariam orgulhosos de você. Sei disso.- Afirmou Hope.

É, ela leu a minha mente. Literalmente.

-E tem razão, a vovó era linda. Mas, o vovô? Precisava cortar o cabelo e fazer a barba.- Ela falou com nojo.

Eu ri. Ri muito. Os Vikings valorizavam as barbas, eram símbolo de masculinidade.

-Ele parecia o Merlin.- Disse Hope.

É claro, o mago da história do Rei Arthur.

Estávamos tomando lanche quando de repente um caminhão atravessa a barreira protetora. Eu imediatamente tomo Hope nos braços e corro para dentro da casa. Quem seria capaz de atravessar a barreira?



A Sobrinha da SookieOnde histórias criam vida. Descubra agora