4 semanas depois
EMILY
-Sete semanas...Como estão indo?- Kara fala enquanto coloca o gel.
-Desesperados?- olho para Matthew e ele ri.- Por que eu estou, nunca vi tantos partos na vida...
-É, realmente isso assusta muitas mamães.- ela começa a procurar.- E o papai?
-Nunca pensei que escolher um nome seria tão difícil.- Matthew fala alisando minha coxa em um gesto involuntário.
-Ah, sempre é.- Kara fica olhando para o ultrassom.- Tem um top 3?
-Michael.- falo logo e Matthew me encara.
-Eu queria Thomas, podíamos chamar ele de Tommy.- Matthew explica.
-Muito normal.- balanço a cabeça.
-Os dois são ótimos.- Kara sorri.- Fora o nome...peso, tamanho, posição... Está tudo ótimo.
-Ótimo.- respiro aliviada.
-Já começou a pegar mais leve?- ela olha para mim.
-Não, e eu vou falar mesmo...- Matthew olha para mim quando eu o encaro.- Ela está indo para o trabalho, ontem chegou carregando várias bolsas...
-Emily.- Kara olha para mim.- Você tem que ter mais cuidado. Bebês são resistentes, mas você não pode forçar.
-Eu sei...
-A partir desse mês pode pedir a licença, dou um atestado dizendo que devido ao seu histórico, é melhor ficar em casa.- ela começa a escrever algo em um papel.
-É tão chato ficar sozinha.- eu sento e Matthew me ajuda.
-Trabalha com o que, Matthew?- Kara pergunta.
-Eu jogo vôlei em um time profissional.- ele explica.
-Ah, eu acho que já vi você!- Kara sorri.- Meu marido e filho mais velho adoram seus jogos.
-Obrigado.- Matthew adora quando encontra um fã.
-Estão muito bem essa temporada.- ela me dá o atestado.- E você. Não se esforce muito.
-Sim, senhora.- desço da cadeira e Matthew pega minha bolsa.
-Vejo vocês próxima semana.- ela relembra.
No terceiro trimestre as consultas são de semana em semana, estava com trinta semanas e dois dias e não conseguia esperar mais.
Mas já tinha aguentado até o sétimo mês, mais dois meses não eram nada, então eu não ia morrer se esperasse mais esses dois meses.
Coloco o casaco e saímos da sala, Matthew tem treino logo e eu vou ter que voltar para casa e ficar sozinha, não sei nem o que vou fazer.
-Tem comida na geladeira e eu lavei algumas roupas do bebê.- ele explica.- Então você pode se entreter dobrando e assistindo TV.
-Você pensa em tudo.- sorrio.
-Claro.- ele beija minha testa.- Volto assim que terminar e podemos jogar.
-Podemos jogar batalha naval?- levanto as sobrancelhas animada.
-Podemos jogar tudo que quiser.- ele se aproxima.- Tchau, gata.- ele beija meus lábios levemente.- Tchau, cara.
Ele toca minha barriga e sorrio enquanto ele se afasta, pego as chaves e vou até o carro, entro com cuidado e tenho que me ajeitar estrategicamente.
Começo a dirigir e meu celular começa a tocar, procuro na bolsa e vejo que é Josh, atendo e coloco no viva voz, logo deixo o celular no banco.
"-Oi.- eu presto atenção nas ruas.
-Oi, queria saber se você quer jantar amanhã.- ele limpa a garganta.
-Você e eu?- franzo as sobrancelhas.
-É...
-Quem mais, Josh?- pergunto séria.
-Papai e mamãe queriam conversar...
-Não.- balanço a cabeça.- Os dois me tiram a paciência, vou me irritar e então vou ter o bebê no restaurante e prematuro, você quer isso, Josh, quer?
-Claro que não!- ele se defende.- Mas eles queriam conversar, acho que querem se desculpar.
-Isso por que você é ingênuo.- viro uma esquina.- Eles não se desculpam. Já viu algo assim quando éramos crianças?
-Não...
-Então pronto. Não vou ir jantar pra me estressar, já basta todos esses hormônios da gravidez.- tenho certeza de que vou começar a chorar.
-Por favor, não fique com raiva.- ele pede.- Eu acho que eles querem dizer algo...- vou começar a falar.- Se não for por eles... faça isso por mim.
-Josh...- comprimo os lábios.- Se algo acontecer...
-Eu pago uma sobremesa a mais para você.- ele me convence.
-Ok.- murmuro.- Mas se der merda...
-Eu amo você, sabe disso?- ele parece animado.- Pego você as seis.
-Ok."
Não ia acreditar que meus pais queriam se desculpar, eles eram orgulhosos demais para isso e eu sabia que eles nunca tinham feito isso.
Mas Josh ainda acreditavam que eles podiam se desculpar, eles nem mesmo quiseram ver Alice, nunca chegaram a conhecê-la.
Odiava falar para Josh, mas eles não queriam ter netos agora, eles queria uma coisa e queriam exatamente na ordem.
Faculdade de arquitetura. Trabalhar na empresa. Ter sucesso e subir de cargo. Aí sim casar. E aí bem depois, ter filhos.
Estávamos fazendo tudo errado, e acho que eles não perdoariam a gente por que fizemos tudo errado, eles iam falar o que sempre esperaram da gente.
Estaciono o carro e chego no elevador com cuidado e espero ele chegar, procuro as chaves no bolso e assim que o elevador abre alguém esbarra comigo.
-Ai, desculpa.- ela toca meu ombro.- Você está bem?
-Sim, estou, não foi...- levanto a cabeça para encará-la.
-Graças a Deus, não quero machucar uma grávida.- ela sorri fraco.
-Você...
-Ah, Jane.- ela estende a mão.- Você mora aqui?
-Moro.- limpo a garganta e toco discretamente na barriga.
-Então você deve conhecer um Matthew Anderson.- ela sorri.- Preciso falar com ele.
-Eu conheço.- assinto calmamente.
-Ótimo, pode me dizer em que andar ele mora?- ela morde o lábio.
-Posso.- olho para o menino que está no colo dela.
-Ah, esse é o Jack.- ela sorri balançando ele.- Dá oi pra moça, querido.
Ele dá um tchauzinho e eu tento sorrir, tento não reparar que os olhos desse menino são da mesma cor que os olhos de Matthew.
-Oi, Jack.- meu peito está doendo tanto que eu não...
-Já sabe o sexo?- ela fala entrando no elevador comigo.
-Menino.- minha voz sai rouca quando aperto no vinte.
-Legal, e você é vizinha do Matthew?- ela acaricia as costas de Jack.
-Quase isso.- olho para o visor.
Não pode ser, isso não pode estar acontecendo, juro por Deus que isso não pode estar acontecendo, não comigo.
Toco minha barriga e apoio meu corpo no elevador, não pode estar acontecendo, simplesmente não pode, não tem como, não pode....
Oficialmente, eu acho que vou ter um ataque. É bom já deixar o celular preparado para ligar para a ambulância, por que sinceramente....eu vou surtar.
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A Irmãzinha Do Meu Melhor Amigo - PARTE 2
RomanceA segunda parte do livro vai mostrar como Emily Drews lidou com tudo que aconteceu no final do primeiro livro. Já passou um ano desde o acidente e ela ainda não superou tudo que aconteceu naqueles dias. Mas tudo isso não vai chegar nem perto do que...