Prólogo
Ankhesenamun caminhou apreensiva até a imensa janela dos aposentos reais, seus olhos estreitos e firmes, tentavam esconder a ânsia e o medo que a consumia há dias. O faraó, seu esposo e irmão, lutava contra uma infecção grave e por mais perseverante que o jovem rei pudesse ser, a cada dia, o sunu trazia menos esperança para seu estado.
A rainha curvou-se sobre a janela, forçando o corpo o máximo que podia para que pudesse sentir um pouco da luz e calor que Aton emanava do céu. Sob sua proteção, a segurança e o amor que um dia experimentou nos campos floridos de Amarna, sua cidade natal, pareciam irradiar-se dentro dela, nem que fosse por poucos instantes,
Tebas era completamente diferente do sonho dourado de seu pai Akhenaton e sua mãe Nefertiti, nunca sentiu-se realmente em casa e agora em vias de perder seu amado rei, qualquer resquício de aconchego deveria ser apreciado ao máximo. Isso lhe daria forças para prosseguir, cuidar de seu marido dia após dia, e noite após noite, pois não ousava deixá-lo sozinho, dito que assim como no reinado de seu pai, as conspirações seguiam entre mãos poderosas e corredores do palácio. O protegeria, o manteria a salvo e enquanto a vida soprasse em seu coração manteria a esperança de que os deuses o colocariam em pé novamente.
Ouviu um gemido alto e voltou-se novamente a cama de campismo onde o rei repousava, outrora usada em suas noites fora do palácio, agora servia muito melhor ao seu estado do que o enorme leito folheado a ouro e ornamentado de lápis lazuli no centro do quarto.
— Sinto sede — o rapaz abatido murmurou esboçando um leve sorriso ao ver a esposa com um jarro de cerveja fresca.
— Beba — disse ao depositar um pequeno gole em seus lábios a bebida que também era um elixir contra infecções — O sunu disse que você está progredindo muito e em breve estará em pé novamente — disse a mulher tentando acreditar nas próprias palavras.
— Você não devia mentir para seu rei — murmurou o jovem com um leve sorriso — meu tempo nesse mundo está acabando. Em breve, embarcarei na barca sagrada com Anúbis em direção ao mundo dos mortos e você terá que...
— Não ouse repetir isso, Tutancâmon. Eu lhe proíbo de me deixar só, não permitirei que isso aconteça.
— Nada podemos contra a vontade dos deuses, minha amada...
— Cale-se e guarde suas forças para a sua recuperação. — Interrompeu a morena de corpo delgado — Os deuses não permitiram que nossa dinastia termine dessa forma, nosso reinado será longo e nosso nome lembrado através da história. Esse era o desejo de nosso pai.
— Nós mesmos enterramos os desejos de nosso pai junto com Amarna, outra dinastia se acenderá e você deve fazer parte dela — disse Tut, com dificuldade ao acariciar carinhosamente o rosto da esposa. — Deve coroar um novo rei, Ay é a melhor escolha.
— Queres que me case com aquela ratazana sedenta por poder?
— Não quero, mas ... Ele terá o que quer e não precisará temê-lo e ainda será a Rainha, é o mais inteligente. Se agir de outo modo, ele vai matá-la cedo ou tarde, é a mulher mais inteligente que eu conheço, sabe que esta é a realidade. Talvez, todos esses anos, só estejamos lutando contra a vontade dos Deuses.
— Se essa for a vontade dos deuses, eu farei com que os deuses se curvem a nós, assim como nosso pai fez no passado, eu lhe prometo irmão. — Disse a bela, sentindo a lágrima quente escorrer-lhe o rosto.
Os dias se seguiram em luto, nem o perfume da rosas dos deserto alegravam Ankhesenamun, o funeral feito às pressas pelo vizir lhe impedia de agir com calma. Um novo rei deveria ascender e Tutancâmon partiu sem deixar nenhumas semente. Suas crianças, que ocupavam a tumba que estava sendo construída para ele, seriam transportadas e sepultadas junto ao pai, numa tumba menor que ela julgava indigna de um faraó e sua família, mas o poder estava esvaindo-se de suas mãos junto com o tempo. Não aceitaria o destino que Ay e Horemheb traçavam para ela,decidiu que usaria tudo que estivesse ao seu favor. Entre os lamentos que rodeavam o sarcófago dourado no carro de bois durante o cortejo, ela esgueirou-se de sua carruagem com um véu simples sobre a cabeça, deixando sua fiel ama em seu lugar e seguiu pelas vielas da confusa tebas até o Templo de Tauret. Subjugado pelos grandes sacerdotes, o pequeno templo abrigava secretamente aqueles que um dia foram os pilares do sonho de Akhenaton de tornar o Egito uma terra de um único Deus, o disco solar, aquele que trazia a luz e a Vida. E com essa promessa, Ankhesenamon encarou a grande sacerdotisa de Aton oferecendo a ela um vaso canópico com o coração de seu amado Tutancâmon.
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Boa tarde Faraônicos!!!!
Eu estava morrendo de saudades e vocês?
Sem delongas, eu espero que tenham gostado do nosso novo prólogo, nesse ano tive a chance de trabalhar um pouco mais nessa historia e estou ficando muito feliz com os resultados.Aos novos leitores, SEJAM BEM VINDOS AO UNIVERSO DE UM FARAÓ EM MINHA VIDA, pra quem já leu, convido a reler pois apesar de seguirmos a mesma essência, tem muita coisa nova na nossa aventura ao lado dos nossos amados Tut, Sam, Clay e Cris! E peço desculpas por esses hiatos gigantescos, mas né não é fácil ressuscitar uma múmia e mantê-la viva requer muito trabalho e inspiração! Espero que aproveitem bastante e divirtam-Se! Não esqueçam de comentar eu quero saber o que estão achando e isso me ajuda bastante a me manter focada. Boa leitura e Beijos da tia Iset!
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Um Faraó em Minha Vida - EM ANDAMENTO
HumorNos seus últimos anos no colégio, Samantha pensava ter superado todo o tormento dio colegial. Tudo que ela menos esperava era acabar acidentalmente reanimando a múmia de um faraó. Agora, ela e seus amigos precisam embarcar na hilariante missão de c...