Extra 12: Koushi e Shouyou

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Quando Shouyou completou idade o suficiente para passar uma noite fora no acampamento dos escoteiros, Sugawara percebeu que ele já estava pronto para visitar sua mãe e compreender o que de fato aconteceu com ela.

Teve o apoio de Akaashi e Oikawa, ele sabia que o ruivo era uma criança esperta, afinal, ele mesmo havia criado e educado. Então, no décimo aniversário de Shouyou, ele o levou para visitar o túmulo de Ashiya.

Durante todo o caminho, Shouyou lhe fazia perguntas, que eram prontamente respondidas. Sugawara sempre manteve a memória de sua irmã viva, então para o garoto, ela não era uma estranha.

— Depois que deixarmos as flores, vamos voltar para a casa da vovó e comer bolo. Tava com um cheiro tão bom, eu tô ansioso — Shouyou exclamou, saltitante — A gente deveria ter trazido um pouco para a mamãe.

— Se você comer pensando nela tenho certeza de que ela vai receber um pedaço — respondeu Sugawara, afagando o cabelo do filho.

— Vou comer bastante, então!

Sugawara riu, tomando sua mão para que caminhassem um pouco mais rápido. O cronograma para aquele dia era longo, eles ainda precisavam ajudar Aizawa com a faxina de fim de ano e voltar para casa antes das seis da tarde, a tempo de assistir a primeira apresentação de Kenma.

Eles reverenciaram Ashiya, deixando as flores sobre sua lápide.

— Já faz um tempo, irmã — sussurrou Suga, dançando os dedos sobre o nome desenhado sobre a pedra. — Estamos bem, o Shouyou não cresceu muito, mas é um menino saudável.

— Papi! — Shouyou, se sentindo ofendido, o interrompeu. — Eu cresci alguns centímetros, mamãe. Não sou tão grande quanto o Tobio, mas vou chegar lá — murmurou a última parte, fazendo biquinho.

— Não conte com nossa genética para isso — Sugawara riu.

Shouyou contou à mãe sobre a escola, como a quinta série era mais complicada que a quarta, mas ele estava com medo de chegar na sétima, por conta das histórias que Kenma contava.

Enquanto o ouvia falar, Sugawara o olhava, encantado. Em seu coração, o desejo de que sua irmã estivesse orgulhosa dele, contente pelo trabalho bem feito que seu irmãozinho teve ao criar sua herança.

Na hora da despedida, Shouyou acenou para o túmulo, prometendo que a veria novamente no ano seguinte, assim como no próximo e todos os outros.

O tempo estava bom, a brisa fresca passava por eles, bagunçando seus cabelos e levando o boné de Shouyou para longe. O garoto soltou uma exclamação, correndo atrás de seu boné. Que, por sorte, foi pego antes de cair no chão.

Shouyou se inclinou, agradecendo o homem com uma pequena reverência, pegando seu boné de volta. Sugawara dois passos atrás, atônito ao ver a cena à sua frente.

Os dedos que tocaram no boné colorido eram longos e elegantes, com seus nós calejados, suas articulações pareciam doloridas, mesmo assim, não pareciam incomodar. Em um dia chuvoso, talvez. Ele sorria diante do agradecimento ingênuo do garotinho ruivo, tocando seu cabelo ao dizer que não era grande coisa, aconteceu apenas de estar de passagem na hora certa.

— Papi, vamos? — Assustou-se com o chamado do filho. Piscou, seus olhos voltando a ter foco, se encontrando com os do homem à sua frente.

Algo pareceu se iluminar e Sugawara percebeu o momento que a agnição chegou aos seus sentidos. Ele olhou surpreso para o garoto, voltando no mesmo tom para Sugawara, que assentiu ao confirmar sua dúvida.

O Homem comprimiu os lábios, deixando uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha. Shouyou, não entendendo o que estava acontecendo, intercalava seu olhar entre o pai e o homem à sua frente que não parava de chorar. Ele estendeu a mão para apertar a de Suga.

— Papi?

— Tudo bem, querido. — Sorriu ao confortar o filho. — Esse é o... ele era um amigo da sua mãe.

— Um amigo?

— Isso — o homem se agachou para ficar da sua altura, entendendo sua mão, um comprimento —, meu nome é Tamaki, qual o seu?

— Shouyou — ele pegou a palma do outro, balançando como via os adultos fazendo. — Você também veio ver a mamãe?

— Sim, eu venho visitar ela todos os anos — respondeu Tamaki.

— Ah — soltou o ruivo, analisando sua nova informação, sorrindo ao dizer: — vamos vir juntos da próxima vez, então!

Ambos adultos se olharam ao mesmo tempo, espantados com a fala repentina do garoto. Tamaki foi o primeiro a reagir.

— Bem, se seu pai permitir, eu adoraria encontrá-lo novamente.

— Podemos, né, papi? A mamãe ia gostar.

Sugawara sorriu para o filho, acariciando seu cabelo. No entanto, a resposta foi direcionada a Tamaki.

— Sim, ela iria, sim. 

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