01. Você deve quinze reais ao pote de palavrões

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Eram cinco da manhã quando Sugawara acordou, ou melhor foi forçado a acordar. A campainha não parava de tocar. No mesmo momento em que ele abriu sua porta com força, Oikawa e Akaashi fizeram a mesma coisa em seus quartos.

— Quem diabos poderia ser? — pergunta Akaashi, soltando um longo bocejo. Aquela havia sido uma das raras noites em que ele dormiu suas oito horas de sono. Havia entregado seu manuscrito a tempo, ele comemorou aquilo indo se deitar cedo.

— Deve ser seu namoradinho, só ele usa a campainha — disse Oikawa.

— Nem, o Koutarou tá na casa da mãe dele — respondeu Akaashi. Ele nem se preocupava mais em negar que estava rolando algo entre ele e Bokuto. Para a infelicidade de Akaashi, ainda não estava acontecendo nada.

A campainha voltou a tocar, agora no mesmo ritmo do telefone de Sugawara. Akaashi e Oikawa olharam para ele, as sobrancelhas arqueadas.

— Então a culpa é sua? — disse Oikawa.

— Cala a boca — disse, pegando seu celular. Os olhos se arregalando assim que leu a identificação de chamada. — Puta merda!

— Pode colocar sua moeda no potinho de palavrões — Akaashi estendeu a mão, Sugawara estapeou sua não, correndo até a porta. Ele colocaria trocados no potinho dos palavrões depois, já que provavelmente soltaria muitos mais. Oikawa e Akaashi se olharam, dando de ombros. Seguindo Sugawara.

Sugawara abriu a porta com tudo, e os dois puderam ver a razão do desespero do amigo.

— Mãe? — exclamou Sugawara, deixando a senhora entrar no apartamento. — O que faz aqui? E a essa hora?

A mãe de Sugawara, Aizawa, adentrou no apartamento olhando-o de cabo a cabo. Como se procurassem problemas na casa. Como sempre fazia com tudo.

Oikawa fez careta, pronto para bater boca. Ele defenderia sua casa com unhas e dentes. Tinha três coisas na sua vida que ele adorava se gabar: Tobio, seu charme, e seu apartamento.

Não era bem um apartamento de luxo, ele podia pagar por um, claro, mas Sugawara e Akaashi odiaram a ideia. Então eles optaram por algo simples, e aconchegante. Era um complexo com quatro quartos, cozinha americana, com ligação a sala de estar e um banheiro grande o bastante para aguentar três crianças fazendo algazarra na hora do banho.

As cores tinham sua personalidade. A cozinha era vermelha e branca, com os azulejos com pequenos desenhos de panelas e colheres de madeira. Sugawara quem a decorou, aquela era a sua parte preferida da casa. A sala era toda em cinza e preto, obra de Akaashi.

Oikawa se divertiu decorando o quarto dos meninos. Gastou todo o dinheiro do seu último álbum daquela reforma, mas valeu muito a pena. Mesmo sendo um quarto para três, tinha a personalidade de todos os garotos. O beliche triplo no canto do quarto, ao lado da janela que tinha a melhor vista. No teto, as estrelinhas que brilham no escuro, para espantar os pesadelos, como Shouyou gostava de dizer. Cada um tinha sua estante e a preenchiam como que queriam. Na de Kenma, jogos e suas coleções de histórias em quadrinhos, Shouyou a encheu com seus ursinhos de pelúcia. Tobio era o mais aleatório com sua decoração, desde sua fazenda de insetos até sua coleção de CDs de seu pai.   

Oikawa adorava cada pedacinho do seu lar. E ter Aizawa olhando ao redor, com cara de nojo, estava estragando seu dia.

— Kei-chan, me segura, eu vou cometer um crime de ódio — disse ele.

— Mas aí quem vai me segurar? — respondeu Akaashi. Foi quando Oikawa percebeu que eles estavam na mesma linha.

Aizawa era inconveniente o suficiente para receber o ódio de Akaashi, aquele quem pediu desculpas ao cara da bicicleta que o atropelou na semana passada. Era preciso ser uma pessoa horrível para fazer Akaashi desbloquear a habilidade de sentir ódio.

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