01. Oh, céus. Você traumatizou ele

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— Céus, Kenma, sai desse sofá. Você vai acabar mofando.

Kenma olhou para Oikawa, fazendo careta. Voltando a prestar atenção na TV.

— Onde foi que eu errei na educação dele? — Oikawa suspirou.

— Na parte em que você só aparece uma vez por mês, e não participou da educação dele — Sugawara riu — Você o convenceu a largar o celular, já é um começo.

— É sempre assim? — pergunta Oikawa. Ele sentou nos banquinhos do balcão da cozinha, tendo uma visão perfeita de Sugawara cozinhando.

— Assim como?

— O Kenma acordando tarde e indo direto para a sala ver TV — disse ele. — Sobre o Shouyou e o Tobio também, eles ficam lá no quarto. A última vez que fui da uma olhada eles estavam dormindo.

— Isso é porque é final de semana — explica Sugawara. — Geralmente eles são mais ativos. Acordam cedo, vão pra escola, têm aula de reforço comigo. Depois do almoço, dependendo do comportamento, eu deixo eles brincarem com o vizinho, o irmão do Bokuto. Eles gastam toda a energia deles durante a semana. Sabe como o domingo é nosso dia de preguiça? Sábado é o deles.

Oikawa anuiu, olhando por cima do ombro vendo Kenma gritar com a TV coisas como: "Não responde a Paola, ela sabe mais que você!" Sugawara riu.

— Ele aparentemente ficou viciado em masterchef, culpe o Akaashi. É uma atividade deles.

— Sinto que perdi tanta coisa — Oikawa resmungou, ele cruzou os braços sobre a bancada, descansando a cabeça ali. - O Shouyou costumava ficar todo feliz ao me ver, hoje ele só quis saber de presentes. O Kenma nem mesmo ficou animado com a ideia de eu está em casa, e ele era tão apegado a mim.

— Bem, ele cresceu e percebeu que você não era tão legal assim.

— Isso foi rude, você não deveria estar me animando?

— Tá, desculpa. Mas não é bem uma mentira, o Kenma era apegado a você porque o Tobio e o Shouyou eram muito pequenos para brincar com ele. Você era o tio das brincadeiras dele. — Sugawara disse. — Aí você começou a passar mais tempo no trabalho, os meninos cresceram o suficiente para brincar com ele... sinceramente, não tenho como te defender. Você é muito ausente.

— Mas a culpa não é minha! — exclamou Oikawa, levantando a cabeça. Ele bateu com as mãos no balcão, da mesma forma que Shouyou faria ao implorar por sorvete depois da janta. — Sabe quanto custa esse apartamento? Alguém tem que pagar por ele.

— Você fala como se o Akaashi e eu fôssemos vagabundos. — Sugawara apontou para ele uma concha fumegante, Oikawa se inclinou para trás, temendo ter sua cara queimada. — A gente também dá duro. Você olhou para a cara do Akaashi? Ele não dorme há dias! Tenho que apelar pra violência para fazê-lo tirar nem que seja uma soneca. Mesmo assim ele tem tempo para ficar com as crianças.

— Isso é fácil, ele trabalha em casa. — resmunga Oikawa. Sugawara suspirou, ele largou a concha.

— Olha, não tô dizendo que é sua culpa, mas são as consequências das tuas escolhas. Ou você é um pai e um tio presente ou é um ídolo adorado por todo o país.

— Por que não posso ter os dois?

— Você sabe o porquê.

— Não, eu não sei. Não deveria concluir esse argumento e me dizer o porquê?

— Bom, eu também não sei! Descubra sozinho.

Oikawa bufou, pulando do banquinho e se jogando no sofá ao lado de Kenma. O garoto o olhou, com uma cara que dizia: "Quem de nós dois têm sete anos de verdade?" Oikawa prestou atenção no programa que passava na TV.

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