01. Boa sorte tentando zuar meu nome

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Sugawara empurrava o carrinho do supermercado. Em sua mente, uma música infantil sobre um pica pau e uma passarinha não parava de repetir. Ele acabou soltando uma parte da letra em voz alta, e dentro do carrinho, Shouyou e Tobio acabaram ouvindo e começaram a cantar junto com ele.

— O galo se apaixonou perdidamente — Shouyou agora cantava uma nova música, balançando a cabeça de um lado para o outro, seguindo a melodia.

— Por uma pata que nadava na lagoa — Tobio o acompanhou, um pouco mais contido, quase desinteressado, enquanto tomava seu leite de caixinha. Os dois começaram um dueto.

— Esse galo que era muito inteligente.

— Junto a lua, pra pata ele cantava.

— Mas o pato logo ficou ciumento, e entrou pelo curral das galinhas.

— E disse, esse pato me pagarás. E com todas as galinhas sozinho ele ficou.

— E o galo aprendeu a nadar — os dois  cantaram ao mesmo tempo. Sugawara, que não tinha mais gosto musical próprio, os acompanhou —, e a pata a cacaria!

Shouyou começou a fazer sons de patos, seguindo a canção. Enquanto Tobio ria, como sempre fazia naquela parte da música. Os dois garotos começaram outra rodada de cantigas infantis. As pessoas ao redor nem se preocuparam em olhar para eles, parecia ser uma cena comum de domingo pela manhã.

Depois de comprar tudo que precisavam, Sugawara seguiu para a fila de prioridade. Shouyou e Tobio o ajudaram as compras no caixa e a empacotar.

— Papi, eu quero pagar! — exclamou Shouyou.

— Eu também quero! — pediu Tobio. Sugawara suspirou, enquanto a jovem no caixa riu da cena.

— Vamos fazer assim, você entrega essa nota a moça e você entrega essa. — Sugawara deu o dinheiro a Shouyou e a outra parte a Tobio. — Assim os dois pagam.

Os dois ergueram a mão com o dinheiro, não sem antes competirem para ver qual dos dois alcançava mais alto. Shouyou precisou ficar da ponta dos pés, mas conseguiu cumprir sua missão.

Eles voltaram para dentro do carrinho e Sugawara os empurrou até a saída. Ele não usou o estacionamento, foram compras rápidas, e ele não queria deixar o carro em uma vaga muito longe. Daria muito trabalho. Então ele estacionou o carro no fim da rua.

Os garotos desceram do carrinho, carregando as sacolas.

— Papi, olha! — Shouyou apontou na direção em que o carro deles estava parado. — Tem um cara tentando levar o nosso carro.

— Ele é um policial, imbecil, não pode roubar.

— Papai! Tobio me chamou de imbecil, de novo!

Tobio se encolheu, temendo levar bronca por ter usado uma palavra feia. Mas Sugawara estava mais ocupado tentando enxergar o policial de longe.

— Ai credo — exclamou ao perceber que se tratava do seu policial, Sawamura Daichi. Sugawara olhou na janela do carro ao lado. Seu cabelo estava OK, sua pele estava OK, roupa OK. Ele havia acordado mais bonito naquele dia, parece que o universo estava lhe preparando para ele aquele reencontro.

Ele não podia estragar aquela oportunidade. Então respirou fundo e tentou agir naturalmente. Pegou na mão dos garotos, levando-os até o carro.

Daichi notou sua aproximação. Ele cruzou os braços, encostado no carro. Os divertidamentes de Sugawara estavam enlouquecendo. Aquele homem ficava maravilhoso de uniforme, deveria ser considerado um crime.

— Nos encontramos de novo, hm? — Daichi disse, e Sugawara tentou não transparecer o quanto estava pulando internamente por Daichi ter se lembrado dele.

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