04. Corre, Kenma. Corre!

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— O que é isso? — Sugawara riu.

Chegando na sala, sua primeira visão não foi a TV ligada em mais um episódio de Patrulha Canina, e sim no corpo estirado no chão. Akaashi estava esparramado no carpete, enquanto Shouyou andava sobre suas costas, um tipo estranho de massagem. Soltava gemidos de dor sempre que o garoto pisava em um músculo dolorido.

— O colchão do Koutarou é horrível, eu acordo todo quebrado — resmungou ele, suspirando ao sentir Shouyou pisar em seu cóccix dolorido. — Eu quero minha cama de volta.

— Ainda falta uns vinte dias pro Iwaizumi retirar o gesso, vai aguentar até lá?

Akaashi gemeu, enterrando o rosto na almofada.

— Por que você e o Bokuto não compram um colchão novo? — sugeriu Sugawara. Akaashi ergueu o rosto, olhando para ele. Shouyou começou a pisar em seus ombros.

— Eu não sei se tô pronto pra um compromisso tão grande assim — ele ponderou.

— Pra que esse drama todo? É só um colchão.

— Não é só um colchão. É tipo comprar um fogão novo, você vai querer cozinhar nele todo dia, o tempo inteiro. Não tem gás que aguente.

— Você fala como se fosse algo ruim.

— Se você fizer bolo todo dia seu forno vai estragar.

— Eu posso comer bolo também? — Shouyou perguntou, pisando bem no meio de suas costas, onde mais estava dolorido.

— Pode é ir tomar banho e se aprontar pra escola — respondeu Sugawara. A contra gosto, o garotinho saiu de cima de Akaashi, batendo pé em direção ao banheiro. Odiava quando lhe era negado sobremesas.

Akaashi levantou do chão com certa dificuldade, gemendo ao espreguiçar o corpo.

— Eu tô igual macaxeira cozinhando.

— Macaxeira?

— Todo lascado.

— Compra um colchão novo.

— Eu não vou comprar um colchão com o Koutarou. — Akaashi revirou os olhos, se jogando no sofá. Pegou o controle remoto, mudando o canal da TV. — Ah! — exclamou, lembrando-se de algo. — Hoje a Naomi vai passar na escola pra buscar o Kenma.

— Dia com a titia?

— Ela vai levar ele às aulas de teatro.

— Kenma? Fazendo teatro?

— Não me pergunte. Ele colocou na cabeça que teatro era uma coisa legal que ele precisava fazer.

— Não deixe o Tooru saber disso. Ele vai surtar.

— O que o Tooru não pode saber? — Oikawa apareceu na sala, com toda sua graciosidade matinal.

— O Iwaizumi tá te traindo — respondeu Akaashi.

Oikawa olhou para trás, franzindo as sobrancelhas para Iwaizumi.

— Mas já?

— Eu mal tenho tempo pra coçar minhas coisas, acha mesmo que eu ia arrumar tempo pra te trair?

— Papi, a gente tá pronto! — Shouyou passou correndo por eles, com Tobio logo atrás, na mesma velocidade. Kenma vinha com seus pequenos passos de tartaruga mais distante, bocejando. No entanto, ao ver o pai, ele se animou. Como se o sono acumulado nunca tivesse existido.

— Pai, o senhor já falou com a tia Nao? Vou começar as aulas de teatro hoje, né?

Akaashi bateu a mão na testa.

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